No apagar das luzes de 2024, a PagBrasil, especializada em processamento de pagamentos digitais, recebeu o sinal verde do Banco Central (BC) para operar como uma Instituição de Pagamento (IP) regulada. A autorização é para ser emissor de moeda eletrônica, ou seja, aquela que permite gerenciar contas de pagamento pré-pagas. Com a licença, que conseguiu em cerca de seis meses, a fintech prevê colocar na rua novos produtos e funcionalidades, tendo como base as infraestrutura do Pix e do Open Finance.
Segundo Alex Hoffmann e Ralf Germer, cofundadores e CEOs da PagBrasil, a atuação como IP regulada abre diversas oportunidades. A fintech planeja, por exemplo, oferecer saque via Pix em caixas eletrônicos e comércios no exterior, nos mesmos moldes do Pix Saque que existe no Brasil. “O produto está pronto, agora existe um trabalho de evolução das conversas com parceiros”, diz Ralf. “É uma demanda que temos em alguns países, como no México, onde grande parte das transações ainda é em dinheiro.”
Desde 2023, a PagBrasil vem fechando acordos em outros países para disponibilizar o pagamento por Pix em comércios locais para turistas brasileiros. A transação ocorre por meio da leitura de QR Code no celular ou tablet do lojista, que funciona como uma “maquininha”. O câmbio para a moeda local ocorre no momento da compra. O recebedor, porém, não se beneficia do sistema de pagamento instantâneo, e recebe de acordo com o contrato que tem com a adquirente.
Pix na gringa
Atualmente, o “Pix Internacional” da fintech está disponível em estabelecimentos físicos tanto de nações vizinhas ao Brasil, como Argentina, Chile, Uruguai e Peru, quanto de outros países que costumam atrair viajantes brasileiros, por exemplo, Estados Unidos, México, Portugal e Espanha. “No primeiro trimestre, vamos anunciar os maiores acordos em termos de Pix Internacional, mas ainda não podemos falar por questão de contrato”, afirma Ralf. Os fundadores da PagBrasil já declararam ter planos de expansão da solução para a Ásia. “Sim, envolve ir para mais continentes, mas também para outros países vizinhos.”
A fintech espera, ainda, evoluir essa solução para que ela aceite os pagamentos via Pix por aproximação, além do atual QR Code. Ralf explica que a PagBrasil não tem relação direta com o consumidor final, mas sim atua como provedora de tecnologia. “Nossa infra se integra com as plataformas de bancos, carteiras digitais e adquirentes”, diz.
São parcerias como essas que possibilitam aos turistas estrangeiros pagarem com Pix em sua viagem ao Brasil. Batizado de Pix Roaming, o recurso foi lançado pela PagBrasil em junho do ano passado e também roda por meio da leitura de QR Code. A conversão de reais para a moeda do consumidor (dólar ou euro) ocorre instantaneamente. “Embarcamos uma área Pix no aplicativo do banco estrangeiro”, conta Alex.
Para e-commerces
Em novembro de 2024, a PagBrasil lançou o pagamento por Pix para e-commerces, usando o serviço de Iniciação de Transação de Pagamento (ITP), que tira de cena o Pix “copia e cola”. Segundo Alex, a solução está em piloto e evoluirá quando for implementada a Jornada Sem Redirecionamento (JSR) no Open Finance. O BC prevê o lançamento oficial da nova jornada no final de fevereiro – os testes começaram em novembro último.
A PagBrasil também vê potencial para o Pix Automático, com foco em cobranças recorrentes. A modalidade será lançada pelo BC em junho deste ano. Desde 2020, a fintech possui uma solução de gestão de assinaturas, o PagStream. “Temos uma base grande de pagadores que passará a receber o QR Code para migrar para o Pix Automático”, diz Alex. “O Pix Automático vai dar um boom nos planos de assinatura. Para o lojista, será mais barato e eficiente; para o consumidor, mais fácil e simples”, complementa Ralf.
Outra estratégia da PagBrasil é avançar nos pagamentos por carteiras digitais de big techs. Em 2024, a empresa passou a se integrar com Google Pay e Apple Pay. “Já tínhamos a Samsung Pay”, diz Ralf. Na visão do empreendedor, essas wallets são “subutilizadas” no Brasil, quando comparamos com outros países. Em compensação, por aqui o celular domina como canal para compras online. “Vamos continuar investindo nessa área”, afirma o CEO.
Fundada em 2011, a PagBrasil opera como uma subadquirente e está conectada com os principais bancos e adquirentes (credenciadoras) do mercado. “Vamos continuar usando parceiros de adquirencia, não queremos virar um banco”, reforça Alex.
Do arquivo Finsiders Brasil:
PagBrasil ‘exporta’ Pix para países vizinhos e busca crescer no mercado de recorrência
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