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Após entrada em serviços financeiros “verdes”, 2W Ecobank vê lucro atingir recorde de R$ 142,8 milhões em 12 meses

Em março, a empresa de energia renovável 2W decidiu incorporar oficialmente a oferta de serviços financeiros “verdes” a seus clientes, lançando a nova marca 2W Ecobank. Pouco tempo depois, a decisão já rende frutos: o lucro líquido do segundo trimestre, quando anualizado, atingiu o recorde de R$ 142,8 milhões.

O piloto da entrada da empresa no mercado de finanças começou no ano passado, quando contratou o Banking as a Service (BaaS) do Itaú.

A intenção da 2W com a criação de uma fintech é, como a de tantas outras empresas de diversos outros setores, lucrar mais com sua base de de clientes. Hoje, são cerca de 770 pequenas e médias empresas (comércios e fábricas menores) que gastam, em média, R$ 30 mil por mês de conta de energia vendida no mercado livre pela 2W.

As parcelas dos empréstimos oferecidos pela 2W vêm integradas nas faturas de energia dos clientes. “O ciclo de vida do nosso cliente (LTV) é de sete anos, e a taxa de inadimplência, menos de 1%”, diz Felipe Barreiros, head de Produtos, Inovação e Novos negócios da 2W Ecobank.

O produto financeiro mais inovador da empresa é o Ecocash, uma espécie de antecipação de recebíveis às avessas. Ao entrar para o mercado livre de energia, os clientes da 2W economizam com a conta. O Ecocash é a antecipação de parte desse desconto a partir do mês seguinte à contratação.

Inovação e estratégia

A convite de João Bezerra Leite, investidor anjo e um dos conselheiros da 2W Ecobank, Barreiros e seus colegas Douglas Dornel Cardoso, head de fintech, Danilo Lima, diretor de Vendas e Marketing  e Thiago Roberto Cavalieri, head de TI, detalharam a nova estratégia de crescimento da empresa durante uma entrevista concedida a Fintechs Brasil na sede da 2W Ecobank.

E a estratégia é fortemente baseada em inovação.

A sala Rio Grande do Sul na sede da 2W Ecobank em SP, de onde saem as inovações do time

O funil de inovação tem atualmente mais de 20 produtos em fase de descoberta, oito em fase de testes e seis na fase de implantação no negócio. Uma das novidades em desenvolvimento no front financeiro da 2W é a oferta de financiamento de frota de veículos elétricos.

Além de ampliar sua oferta para os públicos atendidos atualmente, a 2W Ecobank também quer se aproximar de microempresas e pessoas físicas por meio de produtos financeiros, visando o longo prazo.

A partir de 2028 será possível vender energia limpa no mercado livre (área de atuação da 2W) a consumidores finais – o que significa nada mais, nada menos do que 84 milhões de novos clientes em potencial. Por enquanto, o mercado livre é acessível às 200 mil empresas consumidoras de energia em alta tensão. Outros 90 milhões que usam baixa tensão começam a ter acesso a partir do ano que vem.

Crédito Verde

A conta digital – com rendimento de 100% CDI para empresas e pessoas físicas – é gratuita, assim como o Pix para empresas. Através da conta é possível contratar empréstimos, pagar boletos, administrar os operadores e incluir sócios (nas contas PJ).

Já o Crédito Verde – Ecocred – é um empréstimo para capital de giro com taxas mais baixas do que os empréstimos convencionais, e que podem ser decrescentes de acordo com o desempenho sustentável da empresa.

Segundo a 2W Ecobank, o empréstimo possibilita aos clientes ter um fluxo de caixa mais estável. “Ao colocar em prática as estratégias ESG, o cliente fortalece a sua reputação e contribui para um futuro mais sustentável. A 2W Ecobank faz a análise, o diagnóstico e o planejamento da jornada”.

2W, 3 frentes

A 2W Ecobank se autodefine como uma plataforma de negócios que oferece serviços em três frentes: energia, sustentabilidade e financeiro “de forma integrada”.

Segundo informações do site, clientes que migraram para o mercado livre de energia com a 2W podem acompanhar consumo de energia, telemetria, pagar a fatura de energia pela plataforma, acompanhar economia em relação ao mercado cativo e também adquirir produtos relacionados à sustentabilidade, como totem de carregamento para veículo elétrico, jornada ESG, inventário de carbono, entre outros. Ainda dentro da mesma plataforma será possível ter acesso à conta digital em que transações financeiras estarão habilitadas como Pix, Ted, etc.

“A 2W Ecobank tem a missão de democratizar o acesso à sustentabilidade”, diz a empresa, e seus clientes “não estão somente adquirindo vantagens financeiras como créditos e contas de energia mais baratas, eles estão contribuindo para a construção de um futuro melhor.”

Ratings ESG

A entrada da empresa de comercialização na seara de geração de energia também já gerou frutos.

No dia 20/10, a divisão Sustainable Fitch, da agência americana de classificação de risco de crédito, atribuiu Rating de ESG de Entidade ‘2’ e score de entidade ’77’ à 2W Ecobank.

“As classificações refletem o bom perfil ESG da companhia e a integração dos aspectos ESG a suas atividades de negócios, estratégia e gestão”, disse a Fitch. O relatório de Rating ESG de Entidade da 2W, que detalha a análise, pode ser acessado aqui.

Desde 2023, a companhia gera energia em parque eólico próprio, o Complexo Eólico Anemus, localizado no Nordeste e com capacidade de 138,6MW. Outro parque eólico, o Projeto Eólico Kairós, com capacidade de 112,5MW, está em construção e deve entrar em operação até o primeiro trimestre de 2024.

Outros investimentos estão em andamento para expandir a oferta da 2W de energia solar e eólica em 1,4 GW. Em 2022, a companhia gerou receita de R$ 1,44 bilhão e comercializou 6,332GWh de energia elétrica.

O score ESG ’77’ da 2W é alto em comparação ao de pares nacionais e internacionais classificados – atualmente, é o quinto maior rating entre as companhias de energia avaliadas globalmente.

O resultado está entre os 15 melhores scores da cobertura global de ratings de ESG da Fitch, o que reflete o positivo impacto ambiental das atividades de negócio da 2W.

“Toda a eletricidade comercializada para pequenas e médias empresas (PMEs) provém de fontes limpas, principalmente solar e eólica, e devido aos benefícios socioambientais associados às PMEs para acesso a eletricidade de fontes renováveis”, diz o relatório.

IPO: agora vai?

Em 19/9, a 2W Ecobank divulgou fato relevante ao mercado informando que havia contratado o Itaú BBA, o BTG Pactual (e/ou suas afiliadas) e o Banco Santander Brasil para avaliarem a viabilidade de potencial oferta pública inicial de distribuição de ações ordinárias (IPO) de emissão da companhia. Um mês depois, a empresa anunciou a entrada de André Berenguer como o novo vice-presidente de Finanças e diretor de Relações com Investidores.

A intenção de abrir o capital foi manifestada pela empresa a primeira vez em 2020, quando ainda se chamava 2W Energia. Com a pandemia, os planos foram adiados, e retomados somente agora.

“A efetiva realização da potencial oferta está sob análise não havendo, nesta data, definição sobre seus termos e condições, incluindo o volume efetivo a ser captado, o preço por ação ou o cronograma para a sua implementação… Portanto, nesta data, não está sendo realizada qualquer oferta pública de distribuição de ações e/ou de quaisquer outros valores mobiliários de emissão da companhia em qualquer jurisdição”, diz o fato relevante.