A Appmax, especializada em soluções de pagamento para e-commerces e negócios digitais, recebeu a autorização do Banco Central (BC) para operar como uma Instituição de Pagamento (IP) regulada. A fintech gaúcha passa a ser emissor de moeda eletrônica, ou seja, pode gerenciar contas de pagamento pré-pagas. Com a licença própria, a empresa espera fisgar novos perfis de clientes. Para 2025, também planeja avançar no uso de Inteligência Artificial (IA) e se integrar a algumas das principais carteiras digitais do mercado.
De acordo com Betina Wecker, co-fundadora e vice-presidente de Novos Negócios da Appmax, a conexão direta com os sistemas do BC elimina intermediários, aumenta eficiência e reduz custos operacionais, especialmente em transações via Pix. Na prática, como IP regulada, a fintech poderá se conectar diretamente ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e ao Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI).
“Ser uma IP nos abre possibilidades de oferecer mais serviços e atender os maiores e-commerces“, diz Betina, em entrevista ao Finsiders Brasil. A Appmax também planeja avançar em novos mercados, por exemplo, marketplaces e franquias. “Teremos condições de abrir conta para vendedores dos marketplaces e franqueados”, explica. Atualmente, a plataforma totaliza mais de 10 mil clientes ativos, incluindo e-commerces, empresas de Software como Serviço (SaaS, na sigla em inglês) e infoprodutores.
Pix
O Pix é peça central na estratégia da Appmax. A fintech será participante direto no sistema de pagamento instantâneo e já vem se preparando para novas funcionalidades como Pix Parcelado (crédito) e Pix Automático (cobranças recorrentes). “A recorrência está crescendo, principalmente nos mercados de saúde e beleza”, afirma Betina.
A Appmax atua como uma subadquirente e continuará dessa forma, segundo a empreendedora. Não há intenção, ao menos não no curto prazo, em ter uma licença de adquirente (credenciadora). “Hoje temos as mesmas possibilidades que as adquirentes”, diz Betina. Ela conta, ainda, que a fintech está se integrando às carteiras digitais do Google e da Apple. “Nosso objetivo é dar a possibilidade de os lojistas venderem mais e os usuários comprarem em poucos cliques.”
A Appmax tem integração com as principais plataformas de e-commerce, como VTEX, Shopify e Nuvemshop. A empresa também permite a conexão por meio de APIs e oferece links de pagamento. API é a sigla em inglês para interface de programação de aplicações.
IA
Nesse sentido, a Appmax lançou em 2024 uma ferramenta de recuperação de carrinho abandonado que utiliza IA e tem integração com o WhatsApp. O sistema analisa as transações com alta probabilidade de conversão e, automaticamente, envia mensagens no WhatsApp do cliente para tentar recuperar a venda. “Em vez de ter um custo alto disparando mensagem para todos os clientes, conseguimos segmentar para que as empresas abordem aquelas pessoas que, de fato, têm perfil de compra.”
Em 2025, a ideia é evoluir a funcionalidade com uso de IA Generativa. “Estamos trabalhando para tornar a conversa mais personalizada. É difícil fazer isso em escala apenas com atendentes humanos”, explica. “Sabemos o que é ter o carrinho abandonado ou perder a venda. Por isso, sempre pensamos em criar soluções para resolver essas dores, como o próprio antifraude.”
Trajetória
Betina e seu irmão, Marcos, fundaram a Appmax em 2018, depois de perceberem o impacto da reprovação de algumas vendas no e-commerce de produtos de saúde e beleza que eles mantinham desde 2015. “Muitas das soluções de pagamento que usávamos barravam os clientes no check-out. Foi quando decidimos montar nossa própria plataforma de pagamentos”, conta a empreendedora.
De lá pra cá, a Appmax já movimentou mais de R$ 8,4 bilhões para e-commerces e negócios digitais em todo o Brasil. A empresa não revela o volume transacionado por ano. “Em 2024, crescemos 400% entre e-commerces“, diz Betina. “Agora como IP, conseguiremos ser mais competitivos no Pix para entrar forte em negócios maiores”, destaca.
Até hoje, a fintech vem operando com recursos próprios dos sócios, no modelo bootstrap. Segundo Betina, a empresa gera caixa e os planos não dependem de um investimento externo. “Mas isso não nos impede de fazer uma captação se tivermos o casamento perfeito”, brinca.