Desde o segundo semestre de 2022, diversas empresas receberam autorizações para atuar como iniciadores de transação de pagamento (ITP). No caso da Belvo, plataforma latinoamericana de APIs de Open Finance, o sinal verde da autoridade monetária veio em setembro do ano passado — você leu primeiro no Finsiders, inclusive. A partir daí, a empresa poderia desenvolver e colocar novos produtos no mercado para melhorar a experiência dos usuários.
Nesta quinta-feira (2), a Belvo apresenta ao mercado seu novo produto, usando a licença de ITP, que faz parte da fase 3 do Open Finance. A proposta é usar os benefícios já disponíveis do Pix — meio instantâneo de pagamentos que já conta com mais de 144,6 milhões de usuários cadastrados –, como custo e velocidade na movimentação de recursos, para reduzir ainda mais a fricção na hora de fechar uma compra num e-commerce ou fazer um investimento, por exemplo.
Na prática, é possível pular etapas como logar em uma das instituições financeiras onde tem conta, copiar o código de barras e fazer a confirmação, antes de retornar ao site da loja, por exemplo. Ao concluir a compra e selecionar o Open Finance como método de pagamento, a escolha do banco é feita direto no site.
Depois, basta confirmar o valor e os dados de pagamento, sendo redirecionado para o banco escolhido pelo cliente. No ambiente da instituição, o usuário confirma os valores e volta para a página do e-commerce, finalizando a operação. Para que todo esse processo ocorra, é necessário fazer uma autenticação do login e senha com a face ID ou impressão digital nos smartphones, como acontece para entrar no internet banking.
Segundo Ana Luiza Martins Castro, líder de estratégia de Open Finance e Payments da Belvo no Brasil, em comparação com Pix ‘copia e cola’, a ferramenta pode aumentar a conversão das lojas online em 20%, reduzindo o número de desistências.
“No Pix ‘copia e cola’, o usuário geralmente passa por 10 a 11 telas (etapas de compra). Na nossa iniciação de pagamentos, isso cai para seis”, diz a executiva, em entrevista exclusiva ao Finsiders. “A beleza da instituição de pagamentos estar no escopo do Open Finance é usar todos os meios disponíveis para iniciar pagamentos”, completa.
A porta-voz da Belvo diz, ainda, que a solução da fintech começou a rodar em janeiro. Por enquanto, um de seus clientes já utiliza a funcionalidade e outros quatro estão em processo de integração. Hoje, quem testa o serviço é a Bipa, plataforma de compra e venda de criptoativos.
Pipeline
Segundo Ana Luiza, a empresa tem apresentado seus produtos conforme o Open Finance avança. “Por mais que a gente crie os nossos produtos, precisamos andar junto com o Banco Central”, diz.
No pipeline da Belvo, está a melhoria para pagamentos para contas business. “Uma empresa que precisa pagar 500 fornecedores não consegue fazer isso de uma vez. Há um nicho para pagamentos entre empresas e grandes lotes nos negócios”, afirma.
Outra solução considerada necessária são pagamentos sem a necessidade de redirecionamento (redirect), permitindo que uma empresa ou fornecedor agende um pagamento de maneira automatizada, sem o débito automático.
Ela diz, também, que a solução recém-lançada para acelerar o Pix pode ser usada em outras três situações no mercado.
Nas requisições nas wallets, para trazer o dinheiro para a carteira digital e depois fazer a conversão do produto; em cobranças, ao enviar os dados para pagamento do Pix pela iniciação, evitando o tempo de espera tradicional para compensação dos boletos; e nas transferências, para movimentar valores entre diferentes bancos de uma única instituição financeira — algo que favorece uma aplicação financeira, por exemplo.
Balanço
A Belvo afirma que não houve “atualizações relevantes” em relação ao número de clientes e instituições desde o ano passado. Até outubro, a carteira tinha 200 empresas, como Mercado Livre, Rappi, Conta Azul e Mobills (do Santander). E conexão com mais de 60 instituições, entre elas os gigantes Banco do Brasil (BB), Bradesco e Itaú, e bancos digitais, como Nubank e Inter.
Em outros mercados, a empresa também vem avançando. Na Colômbia, a empresa tem atuado por meio do PSE, uma rede privada dos bancos, uma vez que não há um modelo como o Open Finance. Já no México, a empresa conseguiu uma IFPE (licença semelhante ao ITP), que abre novas possibilidades no segmento de pagamentos. O atual estágio em solo mexicano é de adequação do fluxo.
Mercado
A lista de ITPs autorizadas pelo Banco Central vem crescendo nos últimos meses, e a tendência é que esse segmento ganhe força à medida que o Pix e o Open Finance evoluam. De acordo com a atualização mais recente da Estrutura de Governança do Open Finance, são 17 instituições aptas a operar o serviço. Na relação estão desde bancões como Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e BTG até fintechs como Celcoin, Efí (antiga Gerencianet), entre outros nomes.
Alguns dos competidores diretos da Belvo também vêm se movimentando na direção dos pagamentos via Open Finance. A Quanto, por exemplo, ficou pronta para operar com iniciação de pagamentos em setembro do ano passado. Já a Klavi aguarda autorização do BC para atuar com essa modalidade.
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