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A BRQ Digital Solutions anunciou nos últimos meses dois novos investimentos: Certdox, plataforma que conecta instituições financeiras e fintechs com órgãos de registro de maneira digital; Payface, fintech de pagamentos por reconhecimento facial.
Com os dois aportes, a empresa de tecnologia chegou a um portfólio de dez investidas (três surgiram dentro de casa), sendo cinco fintechs (BBNK, Zenfinance, Payface, iU Pay e Certdox) — as outras duas são Jobecam e Legal Bot. E reservou capital, ainda, para fazer mais três investimentos até o fim do ano.
Leia os principais destaques da entrevista com Antonio Rodrigues, um dos fundadores e vice-presidente da BRQ, responsável pelo Innovation Hub BRQ.
Finsiders: O que o Innovation Hub faz?
Antonio Rodrigues, da BRQ: Criamos esse corporate venture para investir em soluções dentro de casa ou em startups. Nossa tese principal é procurar soluções que gerem sinergias com negócios dos clientes da BRQ. E com potencial de escalabilidade. Nosso principal indicador de sucesso é gerar sinergia. Somos heterogêneo em relação a estágio da empresa. Já investimos na iU Pay em Power Point, como também na BBNK que estava com negócio mais avançado. Em alguns casos, vamos até depois do seed, mas antes da Série A.
Finsiders: E dentro de casa, quais são os negócios?
Rodrigues: Temos três negócios criados dentro de casa, duas fizeram spin-off e ainda estamos com uma terceira incubada. Uma é a Inspectos (que surgiu como Inspeção 360º dentro da BRQ), que tem uma solução baseada em IA de vistoria para seguros de ramos elementares, como automóvel e residencial. Fizemos o spin-off da empresa no ano passado. A empresa nasceu para atender seguradoras, mas também tem atendido bancos, para vistoria de imóveis, e empresas de frota para ajudar na revisão de frotas. Outro negócio é a Workfacilit, que montou um ERP de serviços para fazer automação de processos de negócios. Tanto a Inspectos quanto a Workfacilit foram dois negócios impulsionados pela covid-19.
Finsiders: Qual é a empresa incubada?
Rodrigues: É um produto chamado Tincare, um framework que permite fazer gestão da produtividade em desenvolvimentos ágeis. Hoje já tem clientes experimentando, com expectativa de se, tiver tração, fazermos o spin-off também.
Finsiders: Vocês estão olhando para quais tipos de startups?
Rodrigues: Soluções que tenham potencial de escalabilidade alto, que sejam B2B e tenham sinergia com clientes da BRQ, de bancos e seguradoras a empresas de varejo e indústria. Neste momento, estamos avaliando, por exemplo, uma empresa de logística. Somos bem dinâmicos com relação aos setores. Olhamos os fundadores e o ecossistema onde a empresa está inserida. Em alguns casos, fechamos parceria comercial e tentamos engajar a solução em algum projeto.
Finsiders: Quais investimentos vocês fizeram neste ano?
Rodrigues: Este ano, além da Certdox, fizemos investimento na Payface, de Florianópolis, que criou uma solução de autorização de pagamento no caixa usando reconhecimento facial. Outro investimento foi a Legal Bot, uma solução que usa de big data e IA para buscar novas regulamentações governamentais. Um banco, por exemplo, pode usar essa ferramenta para ver novas regulamentações.
Finsiders: Vão fazer novos investimentos até o fim do ano?
Rodrigues: Reservamos capital no nosso planejamento estratégico para fazer mais três investimentos ainda este ano. Temos um funil ativo, com umas 15 soluções externas sendo avaliadas. Estamos conectados com os principais hubs de inovação, temos espaço no inovaBra habitat, somos próximos do Cubo e do Distrito. Também participamos de alguns grupos de investimento, como Harvard Angels, do qual faço parte como investidor na pessoa física.
Finsiders: Por que investir em fintechs?
Rodrigues: As fintechs têm benefício de não ter passado. Como não têm legado, histórico, conseguem fazer experiências, mudanças rápidas e propor soluções alternativas para o mercado. Tudo que é white-label, por exemplo, acaba chamando nossa atenção porque dá para conectar facilmente na plataforma de serviços da BRQ. Agora vai ter uma mudança grande com o PIX. A iU Pay, que investimos no Power Point, está trabalhando nisso desde o ano passado.
Finsiders: Como a BRQ está posicionada hoje?
Rodrigues: Nos conhecemos na faculdade, Benjamin e eu. Montamos a BRQ em 1993, época em que ainda não tinha startup. Nos últimos cinco anos, começamos a modernizar a companhia. Há três, criamos o corporate venture para investir em soluções SaaS. Somos uma empresa de serviços, inseridos na transformação digital. Temos entre 100 e 200 clientes ativos. Foco é atender grandes empresas. Somos uma companhia listada na bolsa, mas ainda não fizemos nosso IPO.