EXCLUSIVO

CashU, de crédito B2B, capta R$ 7,5 milhões e prepara FIDC próprio

Com a rodada 'bridge', revelada em primeira mão pelo Finsiders Brasil, fintech quer escalar o negócio

Thiago Saldanha/CashU - Imagem: Divulgação
Thiago Saldanha/CashU - Imagem: Divulgação

A CashU, fintech com foco em crédito digital B2B, acaba de levantar R$ 7,5 milhões em uma rodada bridge (ponte) liderada pela Bertha Capital, que já estava no captable. O aporte, revelado com exclusividade ao Finsiders Brasil, teve a participação dos também já investidores ABSeed Ventures e Caravela Capital. Acompanharam a captação, ainda, alguns investidores-anjos, cujos nomes não foram revelados. 

Esse é o segundo cheque institucional na história da startup, que soma uma trajetória de quase cinco anos. Em dezembro de 2021, a CashU recebeu R$ 6,1 milhões em uma rodada seed. Agora, a decisão foi por um aporte menor entre os atuais investidores enquanto a empresa persegue o breakeven — previsto para este ano — e pavimenta o caminho para uma Série A. 

“Depois que levantamos o seed, percebemos com o tempo que nossa proposta precisava de ajustes. Em vez de prover tecnologia de inteligência de crédito, precisávamos bancar essas recomendações de crédito”, conta Thiago Saldanha, CEO e cofundador da fintech, em entrevista ao portal. “Conseguimos mostrar para os investidores que o modelo de buy now pay later (BNPL) B2B está com tração relevante.”

Crédito para PMEs

A CashU deixou de ser uma plataforma especializada em modelagem e inteligência de crédito B2B para também assumir o risco. Por meio de inteligência artificial (IA) e dados alternativos, a solução permite a oferta de crédito para pequenas e médias empresas (PMEs) que compram produtos de grandes indústrias e distribuidores. 

Para se diferenciar da concorrência, que inclui nomes como Trademaster e Supplier (da Totvs), a fintech tem como alvo principalmente e-commerces e marketplaces que atuam com venda digital no B2B. O foco está em operações de tíquetes menores, com ênfase em segmentos como food service e materiais de construção. 

“Nosso esforço de digitalização dos canais de venda está na cauda longa. Estamos falando de supermercados de bairro e pequenas padarias, por exemplo”, afirma Thiago. “O crédito digital B2B é um segmento novo, com penetração de apenas 2,5%, ao passo que no B2C é de 15%. A oportunidade é grande, e estamos nos primeiros passos desse mercado.”

FIDC no forno

Nos últimos seis meses, o volume de originação de crédito da CashU vem crescendo 32%, em média, ao mês. No acumulado deste ano, até março, a fintech concedeu R$ 10 milhões em crédito para mais de 500 PMEs, em mais de 2,5 mil transações. A taxa de perda é de 0,5%.

“Conseguimos provar nossa capacidade de originação dentro da cadeia de fornecimento”, afirma Thiago. Agora, o objetivo é escalar as operações, mantendo o que ele chama de “disciplina de execução”. 

Nos próximos meses, diz o CEO, a ideia é atingir R$ 100 milhões mensais em crédito com as 7 indústrias que já são clientes. Para isso, a fintech está na fase final de captação do próprio FIDC, revela Thiago, que ainda não pode abrir detalhes sobre o fundo. 

Em relação às companhias na base, o fundador conta que são indústrias que detêm os maiores marketplaces e e-commerces B2B, especialmente nos segmentos de bebidas, alimentação e produtos de higiene e beleza. Juntas, as 7 empresas atendidas pela CashU têm uma média de 20 mil PMEs para as quais fornecem produtos. 

“O perfil é bem diversificado. Temos clientes que fornecem para 1 mil PMEs, assim como alguns que têm 300 mil em sua cadeia de fornecimento”, diz Natália Alexandria, sócia e chief revenue officer (CRO) da fintech. 

Trajetória

Fundada em outubro de 2019, a CashU nasceu depois que Thiago, advogado de formação, teve perdas de R$ 4 milhões em mercadorias após um incêndio que destruiu o único centro de distribuição da empresa criada pelo irmão e à época liderada por Thiago. Apesar de ter seguro e recebíveis performados, eles não conseguiram crédito na instituição financeira onde mantinham relacionamento.

Leia mais no arquivo do Finsiders Brasil.