A mais de 600 km da Faria Lima, a Qesh já conquistou nomes conhecidos do setor financeiro, como Itaú Unibanco, Banco do Brasil (BB) e Banco Rendimento, com sua plataforma tecnológica que oferece desde core bancário até gerenciamento de risco, passando por KYC (sigla em inglês para “conheça seu cliente”), onboarding, motor de crédito e emissão de cartões de débito e pré-pago.
Sediada em Nova Lima (MG) e autointitulada “coretech”, a empresa aposta em um sistema proprietário de core bancário digital multiplataforma, nativo na nuvem e que utiliza inteligência artificial e machine learning. “Entregamos desde sistemas simples de pagamento com Pix até um banco completo”, diz Cristiano Maschio, CEO e fundador da Qesh, ao Finsiders.
Desde a fundação, em 2018, a Qesh construiu mais de 55 bancos digitais em setores como agronegócio, varejo e jogos online. No portfólio também estão companhias como AWS, D24 (antiga Directa24) e Nuvei. A expectativa é aumentar a carteira de clientes em 280% neste ano, ante 2022. Ao todo, a Qesh soma mais de 2,5 milhões de contas abertas. O volume de transações trimestrais chega a R$ 6,2 bilhões.
Novos voos
A partir de agora, o negócio também deve mudar de patamar. Isso porque há pouco mais de um mês a companhia recebeu autorização do Banco Central (BC) para operar como instituição de pagamento (IP) regulada, nas modalidades de emissor de moeda eletrônica e iniciador de transação de pagamento (ITP).
“Com a licença de IP, o jogo mudou completamente agora. O custo de operação cai enormemente e passamos a ter mais flexibilidade para criar novos produtos.”
Enquanto busca crescer em território brazuca, a Qesh planeja iniciar no ano que vem a expansão para outros países da América Latina. A ideia é carimbar o passaporte em nações como México, Colômbia, Chile e Uruguai, conta o CEO. Conforme ele explica, o objetivo é acompanhar clientes que estão procurando trilhar esse caminho internacional. “Nasceram muitos sites de jogos e apostas online que querem ir para fora.”
Funding
Construída até então com recursos próprios, a Qesh pretende abrir uma rodada de investimentos também em 2024, diz Cristiano, que ainda não tem um valor definido para essa primeira captação. “Estamos no mundo tecnológico com mindset ‘pé no chão’. Damos lucro, geramos caixa, esse caixa tem financiado nosso crescimento”, afirma o empreendedor, citando que o negócio é auditado pela PwC desde o primeiro ano.
Com uma trajetória na indústria de seguros, Cristiano começou a carreira no Bradesco, passou pela MetLife, mas foi na Porto Seguro onde se estabeleceu. Lá ficou por 8 anos e meio até montar a NextOne, plataforma de seguros para o mercado imobiliário. Em 2017, a startup chegou a ser acelerada por um programa da Visa e ali nasceria a Qesh. “Brinco que entramos na aceleração como insurtech e saímos como fintech.”
Concorrência
Com a tendência de “embedded finance” cada vez mais forte, a arena de infraestrutura tecnológica em serviços financeiros tem ficado mais competitiva. A relação de players é grande e vai desde plataformas de banking as a service (BaaS), passando por credit as a service (CaaS) até quem entrega soluções para toda a jornada, no modelo “one-stop-shop”.
“Vamos do ‘core’ até a emissão do Pix”, diz Cristiano. A Qesh não atua, porém, com crédito — ou seja, emitindo CCBs inclusive. “Nesses casos, posso plugar um FIDC, uma SCD, sistema de um banco qualquer. Nossa plataforma funciona como um Lego.”
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