Criada por quatro jovens, Bux quer descomplicar finanças para crianças e adolescentes

A Bux aposta em um aplicativo que combina conta digital com funcionalidades para ajudar a guardar dinheiro

O que você estava fazendo aos 16 ou 17 anos? Quatro jovens estavam idealizando um aplicativo para ajudar crianças e adolescentes a gerenciar melhor seus gastos e poupanças, uma dor que eles mesmos tiveram em um passado nada distante. Agora, cerca de dois anos depois, a ideia está saindo do papel, com o lançamento oficial da Bux.

A fintech aposta em um app que combina conta digital com funcionalidades para ajudar a guardar dinheiro, como definição de “missões” e criação de “cofrinhos virtuais”. A startup se define como o futuro dos cartões de crédito para jovens. A proposta é dar autonomia para crianças e adolescentes, mas também com a gestão feita pelos pais.

“A ideia é equilibrar e dar benefício para as duas partes. Queremos dar controle para os pais, assim como o senso de independência para as crianças”, explica ao Finsiders Henrique Waksman, acompanhado dos outros três fundadores — Gabriel Hamoui, Gabriel Noya e Ricardo Kovesi —, todos estudantes de economia, exceto Noya, que cursa engenharia elétrica e ciência da computação.

O público-alvo da Bux são crianças e adolescentes de 7 a 17 anos, mas a ideia é investir principalmente na aquisição de usuários com idades entre 10 e 15 anos, comenta Gabriel Hamoui.

De largada, além das features de educação financeira, a fintech oferece uma conta digital e um cartão pré-pago com função crédito bandeira Elo. Para usar os serviços, é preciso pagar uma mensalidade de R$ 9,90. “Esse modelo se provou verdadeiro em outros mercados”, justifica Henrique, quando questionado sobre o motivo de cobrar pela solução — algo que, inclusive, pode dificultar o aumento da base de usuários. “Preferimos crescer a um ritmo mais lento, com mais solidez, do que de forma desenfreada”, argumenta.

Na operacionalização da infraestrutura tecnológica e bancária, a Bux conta com alguns parceiros. Além da bandeira Elo, a fintech utiliza as soluções de banking as a service (BaaS) do FitBank. Já para o processo de antifraude e KYC (sigla em inglês para ‘conheça seu cliente’), a empresa usa os serviços da startup de identidade digital CAF.

Depois de rodar um MVP com cerca de 50 crianças, a Bux — que chegou a se chamar Educard — agora está, definitivamente, ligando os motores. Mas sem pisar no acelerador. Organicamente, a startup reúne uma lista de espera com mais de 350 pessoas e se prepara para, em 2023, estruturar uma campanha de marketing “mais robusta”, como definem seus fundadores. “Já estamos falando com alguns influenciadores”, conta Henrique, sem abrir detalhes. Outro plano é avançar em uma estratégia B2B, que ainda está sendo desenhada.

Para dar o pontapé inicial, a fintech levantou uma primeira rodada de R$ 500 mil com ‘family and friends’ e investidores-anjos, incluindo nomes como Ricardo Radomysler — um dos fundadores da Allied — e os empresários Jaques Lerner e Marcela Furlan. Nenhum deles possui experiência no setor financeiro.

Desafio

Além do óbvio desafio de montar (e escalar) um negócio sem experiência prévia, o quarteto de estudantes à frente da Bux enfrentará um mercado mais competitivo, com diversas fintechs de olho no público jovem. E não é à toa. Conforme dados do IBGE, o Brasil tem 51 milhões de pessoas entre 10 e 24 anos, o equivalente a 24% da população total no país.

A NG.Cash, por exemplo, se posiciona como a carteira da nova geração, já tem mais de 1 milhão de usuários e captou US$ 10 milhões em agosto. Outro player é a Z1, que há pouco mais de um ano também recebeu um cheque de US$ 10 milhões. Já a mexicana Mozper desembarcou no Brasil em janeiro deste ano e aposta em um modelo de assinatura.

Nomes como Nubank, Next, C6 Bank, Inter, Mercado Pago e, mais recentemente, Itaú Unibanco, também vêm desenvolvendo soluções financeiras para as novas gerações de consumidores. Em agosto, o Banco do Brasil (BB) foi outro que demonstrou interesse pelo segmento ao assinar um cheque de R$ 5 milhões para a Yours Bank. Lá fora, fintechs como Current, GoHenry, Greenlight, Step, entre outras, também apostam nesse público.

“No nosso caso, queremos ter um foco educativo, ser um hub de educação financeira. Acreditamos muito no nosso produto, com viés de simplicidade, design ‘clean’”, defende Ricardo Kovesi, cofundador da Bux. “De qualquer forma, é um mercado em que o vencedor não leva tudo, e tem espaço para muita gente.”

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