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A combinação entre banking e marketplace, puxada pelo Inter há mais de dois anos, é uma receita que vem sendo utilizada cada vez mais por bancos digitais, mas também por grandes instituições.
Depois de montar um marketplace para clientes pessoas físicas e outro com foco no agronegócio, o Banco do Brasil (BB) está desenvolvendo uma operação dessas para o segmento de empresas (PJ).
A informação foi citada por Daniel Alves Maria, diretor de finanças e relações com investidores (RI) do banco, durante webinar online realizado ontem (9) pela agência de classificação de risco Fitch Ratings.
“Vejo o banco ‘as a service’, entrando em outros ecossistemas, dando soluções de onboarding, KYC, por exemplo. E o banco como plataforma, como marketplace. Já temos no agro, com o Broto, dentro do segmento de PF e estamos desenvolvendo agora para PJ”, contou.
A combinação entre serviços financeiros e não financeiros é uma estratégia que ajuda a aumentar a recorrência do cliente na plataforma e, claro, amplia as vias de monetização e contribui para a diminuição do famigerado CAC (custo de aquisição do cliente).
Para Daniel, o uso do digital pode tanto aumentar a eficiência e a performance do banco, quanto contribuir para a criação de novos modelos de negócios, cujo exemplo citado é o próprio marketplace.
Em vez de montar um banco digital dentro de casa, como o fizeram Itaú com o iti e Bradesco com o Next (que agora opera independente), o BB optou por digitalizar o banco em vez de criar uma estrutura paralela, explica o executivo.
“Esse processo de digitalização já vem sendo feito há um tempo, integrando os canais. Todo esse processo tem nos ajudado em uma série de aspectos”, disse. “Temos quase 80 milhões de clientes, 22 milhões de clientes ativos, que utilizam canais digitais pelo menos uma vez por mês, e 8 milhões de clientes que acessam todos os dias.”
O banco também vem investindo bastante em novas tecnologias, como inteligência artificial (IA). “Temos conseguido assertividade de 93% para IA, e isso reduz custo marginal para atendimento”, explicou. “Também temos investido bastante em analytics, o que nos permite entender o ciclo de vida do cliente e assim oferecer novas soluções para cada perfil.”
Super app
A personalização cada vez maior da oferta tem tudo a ver com a união entre marketplace e serviços bancários. Uma oportunidade e também um baita desafio para um banco — que não se intitula mais como tal — como o Inter, pioneiro na estratégia de marketplace.
“Em 2018, nos víamos como banco digital gratuito e completo. Hoje temos seis verticais: banking, crédito, seguros, marketplace, investimentos e a mais recente, cross-border”, disse Alexandre Riccio, vice-presidente de finanças e tecnologia do Inter, que também participou do evento da Fitch.
Prestes a migrar suas ações da B3 para a Nasdaq, a instituição mineira saiu de 8 mil clientes no início de 2016 para 20 milhões atualmente. “Estamos abrindo 35 mil contas por dia. E agora vamos para os EUA levando uma proposta transacional parecida com a que temos no Brasil.”
E-commerce + fintech
No Mercado Livre, dá para dizer que o caminho foi inverso: a companhia de tecnologia em e-commerce construiu dentro de casa uma fintech, o Mercado Pago, que hoje é um dos principais business do grupo e já representa 44% da receita líquida do Mercado Livre como um todo, conforme os números do primeiro trimestre de 2022.
Com 36 milhões de usuários ativos, o Mercado Pago recebeu, em novembro de 2020, a autorização para atuar como financeira e recentemente começou a operar como iniciador de pagamentos, inclusive levando esse serviço para o e-commerce.
“Temos cerca de R$ 5,5 bilhões em crédito na nossa instituição financeira, e 3,5 milhões de cartões de crédito emitidos”, disse André Estefan Ventura, treasury country do Mercado Livre, no evento. “Transacionamos cerca de R$ 200 bilhões em TPV por ano.”
Para o executivo, a evolução do mercado de fintechs tende a abrir espaço para novos negócios. “Mas não vejo como concorrência direta com o que os bancos oferecem hoje”, disse.
Na avaliação de Pedro Carvalho, diretor-associado para instituições financeiras da Fitch Ratings, os principais desafios para as fintechs envolvem produto, base de captação e custo envolvido nessa captação. “Os bancos já têm produto, canal, base e o custo de captação é mais baixo. Os bancos já têm essas vantagens na largada. É um diferencial que eles têm e fintechs estão percorrendo esse caminho para convergir para isso”, disse no evento.
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