A Divibank, fintech de crédito para campanhas de marketing digital, acaba de fechar um aporte de US$ 3,6 milhões (cerca de R$ 20 milhões), em rodada liderada pelo fundo Better Tomorrow Ventures (BTV), fundo de VC americano especializado em fintechs early-stage. O valuation não foi divulgado.
O round teve participação do Village Global, fundo que tem entre os investidores Bill Gates, Jeff Bezos e Mark Zuckerberg. O aporte contou, ainda, com o follow-on da Maya Capital, fundo de VC criado por Lara Lemann, filha de Jorge Paulo, e Monica Saggioro — , que já fez investimentos em startups como a healthtech Alice, a HRTech EmCasa e as fintechs Belvo e TerraMagna.
Completam a lista de investidores: Clocktower Ventures, Magma Partners, Gilgamesh Ventures, Rally Cap Ventures, Alumni Ventures Group, além dos anjos Sebastian Mejia (fundador e presidente da Rappi), Tayo Oviosu (fundador e CEO da Paga, que participou via Kairos Angels), Karim Atiyeh (fundador e CTO da Ramp), e Josh Abramowitz e Daniel Simon (fundadores da Bread).
É o segundo cheque na recente trajetória da Divibank, que já tinha recebido um seed money da Maya Capital, em março de 2020. Em entrevista exclusiva ao Finsiders em novembro último — uma das primeiras concedidas pela empresa a um veículo jornalístico –, o founder Jaime Taboada revelou que estava em conversas para captar uma nova rodada. Um plano que agora se concretiza.
A Divibank foi fundada no início da pandemia por Taboada — um engenheiro de computação colombiano, que trabalhou no investment banking do Goldman Sachs até 2019, quando se tornou empreendedor residente da Maya Capital — e pela brasileira Rebecca Fischer, uma profissional experiente em marketing digital, com passagens por empresas como Kenshoo, Blinks e ADLPartner.
O aporte de agora vai permitir à startup acelerar a criação de novos produtos, ampliar a equipe e também ajudará no desenvolvimento de um software para os clientes fazerem a gestão das campanhas de marketing digital, via APIs com Facebook e Google. A empresa também está trabalhando em outros produtos financeiros, tendo como alvos os segmentos de e-commerce e SaaS na América Latina, com oferta de financiamento de estoque e securitização de receita recorrente.
“A captação agora é para reforçar o time, crescer o time de growth, marketing e vendas, e também investir mais em tecnologia”, explica Taboada, ao Finsiders.
A equipe, hoje com oito funcionários, deve alcançar entre 24 e 30 pessoas nos próximos 12 meses. No ano passado, por exemplo, a fintech trouxe Eric Prando, ex-head de risco e crédito da Nexoos, para assumir o posto de head de crédito. “Precisamos ter mais dados, e aí também vai fazer sentido trazer mais pessoas para a área de dados”, exemplifica o founder.
A Divibank trabalha com um modelo de ‘revenue sharing’, em que recebe uma porcentagem da receita futura como forma de pagamento. Isso permite que os empreendedores não assumam dívidas caras como cheque especial ou cartão, ou ainda tenham diluição no equity. “Pegamos faturamento histórico, DRE, entre outros documentos. Pedimos acesso às contas digitais das redes sociais. Olhamos se já teve investimentos, se gera receita”, explica Taboada.
Hoje, a fintech financia campanhas nas principais redes sociais e na plataforma de publicidade digital Criteo. Mas a empresa não restringe o crédito a quem usa só esses canais, segundo o empreendedor. “Estamos abertos a todo o tipo de canal”, diz. O crédito é direcionado, ou seja, precisa ser usado para veiculação de mídia. Como um serviço complementar, e opcional, a startup oferece consultoria em marketing digital. Até porque é importante para o modelo que os clientes estejam com resultados positivos nas campanhas.
O foco da plataforma são PMEs de diversos setores, principalmente e-commerces, e empresas da nova economia. A Divibank já atendeu também fintechs, startups de educação (edtechs), além de insurtechs e agências, assim como empresas do setor de automóveis e serviços para a terceira idade. Além de negócios já digitais, um perfil bastante comum é a PME off-line que precisou entrar no digital, seja por causa da pandemia, seja por uma estratégia natural de crescimento do business.
Funding
Desde o início da operação, a fintech já recebeu mais de R$ 83 milhões em solicitações de crédito. O empreendedor não abre o montante originado, mas a quantia financiado e o número de clientes naturalmente têm crescido a taxas gigantes, dada a base zero. Nos últimos seis meses, o volume desembolsado cresceu 7x, e a carteira ganhou 50 novos clientes.
Por enquanto, as operações de crédito são feitas com capital próprio, mas a fintech está avançando em uma captação de dívida. Além disso, também avalia estruturar uma debênture ou um FIDC para suportar o funding. “Ainda não podemos abrir, mas estamos falando com vários fundos de fora e do Brasil. E também temos explorado as alternativas de securitização”, diz Taboada.
O custo efetivo total dos empréstimos varia de 1,75% a 4,32% ao mês, com prazo de pagamento de 3 a 24 meses. A fintech hoje opera como correspondente bancário da Socinal.
“Estamos trabalhando com a Belvopara podermos nos conectar com contas bancárias dos clientes, e também com a TAG, registradora da Stone, para tomar como garantia os recebíveis de cartão. Queremos estar integrados a todos os dados do cliente, com consentimento, claro. Esperamos desenvolver APIs para pegar informações de outras plataformas, como contabilidade on-line.”
Mercado
A Divibank não é a única a apostar no financiamento com foco em campanhas de marketing digital. No segundo semestre de 2020, a a55 — fintech de crédito para empresas com receita recorrente — lançou uma solução de crédito para empresas que precisam financiar ações de marketing digital. A ideia é implantar esse produto também no México no segundo semestre deste ano, país onde a fintech está acelerando sua expansão, conforme noticiou o Finsiders.
Leia o que os investidores disseram sobre o deal com a Divibank:
“A pandemia apenas acelerou as coisas. Muitas empresas estão começando on-line, muitas estão migrando do off-line para o on-line, e as startups reconheceram que o venture capital não é a única alternativa que têm para expandir seus negócios. A Divibank atende as necessidades de todos esses clientes”, disse em comunicado Jake Gibson, sócio-fundador da Better Tomorrow Ventures.
“Estamos próximos da Divibank desde o início, pois o Jaime era um EiR (Empreendedor Residente) na Maya. Nós vimos os dois [Jaime e Rebecca) navegarem pelo início das operações, em março de 2020, logo no início da pandemia. Eles são uma dupla formidável, construindo uma equipe e organização de classe mundial em um mercado em rápida expansão”, comentou em comunicado Lara Lemann, cofundadora e sócia da Maya Capital, que liderou o investimento do fundo na rodada de seed.
“A Divibank foi nosso primeiro investimento seed na América Latina feito com nosso primeiro fundo focado na região. Ficamos impressionados com o que eles realizaram em apenas 12 meses. Eles conseguiram desenvolver um negócio de empréstimo com uma estrutura enxuta enquanto testavam várias estratégias de crescimento ao longo do caminho”, disse Adriana Saman, da Clocktower Ventures.