Recém-criada, investida da Maya Capital financia campanhas de marketing digital

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Fintechs de crédito existem aos montes, você e eu sabemos disso. Mas e uma fintech que oferece linha de financiamento específica? É mais raro, sim, mas começam a surgir alguns negócios assim. Basta ver o exemplo da a55, cujo modelo é para empresas com receita recorrente (leia entrevista recente com o cofounder Andre Wetter).

O colombiano Jaime Taboada e a brasileira Rebecca Fischer resolveram apostar também em um nicho. Descobri recentemente a história deles. Engenheiro de computação, Taboada trabalhou em investment banking do Goldman Sachs até o ano passado, quando se tornou empreendedor residente da Maya Capital. Na ocasião, notou que parte do investimento em equity captado por startups acaba indo para campanhas de marketing digital. Pronto, encontrou o nicho.

Jaime Taboada e Rebecca Fischer, fundadores da Divibank (Crédito: Divulgação)

Um amigo apresentou-o para Rebecca, uma profissional experiente em marketing digital, com passagens por empresas como Kenshoo, Blinks e ADLPartner. Juntos, os dois construíram a Divibank, empresa especializada em financiar campanhas de marketing digital. O negócio começou a rodar, de fato, no meio da pandemia.

“Começamos full-time em março. Entre março e junho, estruturamos o negócio. Em junho, desembolsamos o primeiro empréstimo”, conta Taboada, cofundador e CEO da fintech, em uma entrevista exclusiva, uma das primeiras concedidas pela empresa a um veículo jornalístico.

A dupla de empreendedores tem o apoio (e money, de valor não revelado) da Maya Capital, fundo de Venture Capital criado por Lara Lemann, filha de Jorge Paulo, e Monica Saggioro — o VC já fez investimentos em startups como a healthtech Alice, a HRTech EmCasa e a fintech Belvo (que você, como leitor da Finsiders, conhece bem).

O seed money do fundo permitiu à Divibank montar a plataforma e tem sido o funding, neste primeiro momento, das operações de crédito originadas pela startup. A empresa está iniciando conversas para captar uma nova rodada, assim como está analisando estruturar uma operação de securitização, como um FIDC, para acelerar a originação dos empréstimos.

Desde o início, a Divibank recebeu R$ 18 milhões em solicitações de crédito, com tíquetes que já chegaram a R$ 90 mil. O empreendedor não abre o montante originado, mas o volume financiado e o número de clientes naturalmente tem crescido a taxas gigantes, dada a base zero. Entre setembro e outubro, o número de clientes dobrou, por exemplo.

“Estamos bem flexíveis em valores de empréstimos. Mas obviamente estamos limitados porque acabamos de começar, e estamos usando equity para financiar.”

O foco são PMEs de diversos setores, sendo que os primeiros desembolsos foram para financiar campanhas de marketing digital de e-commerces. A fintech já atendeu empresas de educação, automóveis e serviços para a terceira idade. Essa carteira diversificada faz sentido, visto que a startup está tateando qual o seu principal público.

“Tem e-commerce, assim como empresas que estavam off-line e entraram no digital, seja pela pandemia, seja por estratégia natural do negócio.”

Hoje a Divibank financia campanhas nas principais redes sociais (Facebook, Instagram, LinkedIn, YouTube) e na plataforma de publicidade digital Criteo. Mas a empresa não restringe o crédito a quem usa só esses canais, segundo o empreendedor. “Estamos abertos a todo o tipo de canal”, diz. O crédito é direcionado, ou seja, precisa ser usado para veiculação de mídia.

A startup não cobra parcelas fixas, mas sim uma porcentagem fixa da receita futura que o cliente terá com as campanhas de marketing digital. Na prática, é como um modelo de revenue share, explica Taboada. “Pegamos faturamento histórico, DRE, entre outros documentos. Pedimos acesso às contas digitais das redes sociais. Olhamos se já teve investimentos, se gera receita.”

Como um serviço complementar, e opcional, a fintech oferece consultoria em marketing digital. Até porque é importante para o modelo que os clientes estejam com resultados positivos nas campanhas.

“Estamos começando a desenvolver um software para que os empreendedores possam fazer gestão eles mesmos, contas via APIs com Facebook e Google”, conta.

O custo efetivo total dos empréstimos varia de 1,75% a 4,32% ao mês, com prazo de pagamento de 3 a 24 meses. A fintech opera como correspondente bancário da Socinal.

Em outra frente, começou a fazer parcerias com fundos de venture capital e agências de marketing digital para captar novos clientes. “Também estamos, ainda no começo, olhando potenciais parcerias com as próprias big techs.”