Depois de crescer um pouco menos do que o planejado em 2020, a fintech Monkey Exchange espera bater o recorde de volume de operações de crédito e de receitas em 2021.
“Queremos chegar a um volume entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões. Somente mantendo o ritmo das duas primeiras semanas do ano, atingiríamos R$ 14 bi; mas com o lançamento da plataforma de cartões em fevereiro, o começo das operações no Chile e Colômbia dentro de dois meses e a conquista de novos clientes, acredito que vamos crescer muito nesse ano”, diz o CEO Gustavo Muller. As receitas devem chegar a R$ 25 milhões.
A Monkey é uma fintech especializada em antecipação de recebíveis. Criada em 2016, dois anos depois enxergou oportunidades além de prestar serviços financeiros para a cadeia de fornecedores de grandes empresas: “Passamos a tratar os clientes como parceiros e ampliamos o leque de serviços, passando a atuar também em controle de processos, leilão reverso e plataformas white label – entre elas, a Mais Valor, da Petrobras, e a My Supplier, da Fiat Chrysler”, diz o CEO.
Além dessas, a Monkey atende mais de 55 grandes empresas, incluindo Gerdau, Saint-Gobain, GRSA, CNPC e Usiminas. Recentemente, anunciou parceria com a Aperam, maior produtora de aços planos especiais da América Latina, e com a InterCement Brasil, uma das líderes na produção de cimento no país. Agora, a fintech quer conquistar empresas de médio porte para alavancar o crescimento.
“Fazemos a intermediação entre as três pontas – a empresa, seus fornecedores e o sistema financeiro – utilizando uma estrutura digital e sem burocracia para antecipação de recebíveis”, explica Muller. Funciona como um hub financeiro para apoiar a rede de fornecedores dos clientes.
Money is key
Muller explica que o nome Monkey, que significa macaco em inglês, foi escolhido porque o animal é inteligente e divertido, mas também por soar parecido com a expressão “money is key”- dinheiro é solução, em inglês.
Faz sentido.
Muller vem de uma carreira de mais de 25 anos no mercado financeiro. Começou no Bradesco onde, entre outros negócios, criou a área de fundos de recebíveis para cadeias produtivas, no começo dos anos 2000. “Nunca me conformei com o fato desse instrumento não decolar no país. É uma alternativa segura e com custos muito mais baixos, principalmente para pequenas e médias empresas que não tem acesso amplo ao crédito bancário tradicional”, diz. “Os fornecedores das empresas que são conectadas à Monkey recebem à vista a prestação que iriam receber a prazo, a uma taxa 30% menor do que um empréstimo convencional”, afirma.
Por meio da plataforma da Monkey, a operação é 100% digital; os clientes têm total controle e podem escolher quais recebíveis querem antecipar”, explica o CEO, acrescentando que atua com 22 bancos e instituições financeiras.
A opção pela parceria com bancos, segundo Muller, foi motivada pela ética: “Tive que decidir entre ser o dinheiro ou a tecnologia, para não gerar conflito de interesse. Se eu empresto o dinheiro, vou querer spread; nesse caso, como vou brigar por custos mais baixos para o meu cliente?”, diz, acrescentando que essa escolha acabou fomentando a confiança das empresas.
América Latina
Em outubro, a Monkey contratou Darwin Enrique Sotomayor para liderar a expansão da fintech nos demais países da América Latina – apenas o Brasil continua com o sócio Bernardo Vale. Sotomayor é chileno, e a expansão deve começar exatamente por aquele país, dentro de dois meses. Segundo Muller, Colômbia deve começar ao mesmo tempo, e México no segundo semestre.
“Pena que não será viável entrar na Argentina agora, devido à situação econômica e juros estratosféricos”, diz. A Monkey optou por uma estratégia diferente, e vai começar atendendo apenas os clientes que ja atendem aqui e que tem presença nos três países: “Já são dez grandes empresas”, revelou.