Em julho do ano passado, a FinanZero, marketplace de empréstimos online, anunciava uma rodada de US$ 4,1 milhões (cerca de R$ 22 milhões) para ‘growth’, mais especificamente, para investir em tecnologia e dados. Era o quinto round desde a fundação da empresa, em 2016. À época, já havia um olhar para a lucratividade.
Menos de um ano depois, a fintech anuncia agora um novo aporte de US$ 1,5 milhão (em torno de R$ 7,5 milhões) junto a três family offices suecos que estavam no captable (os nomes são mantidos em sigilo), para novamente buscar crescimento.
Não é que o cenário mudou. Como a maioria das startups em 2023, o ‘breakeven’ continua sendo uma necessidade. Mas o cheque neste momento estava previsto ainda no primeiro trimestre do ano passado.
“Na verdade, essa era uma meta. Em fevereiro e março, a ideia era captar US$ 6 milhões com o conselho e os nossos acionistas. Mas o mercado começou a complicar muito naquele momento — e ainda está complicado”, reconhece Olle Widén, CEO e cofundador da FinanZero, ao Finsiders. “Fechamos no início de março, e começou a crise com SVB (Silicon Valley Bank). Para nós, foi um pouco de sorte voltar agora.”
Ao ‘fechar a diferença’ que faltava, a empresa chega a US$ 5,6 milhões (por volta de R$ 29,5 milhões) recebidos do ano passado para cá. No total, já são US$ 28,5 milhões injetados no caixa, de fundos como Webrock Ventures, VEF, Dunross & CO e Atlant Founder.
A empresa não revela o valuation, mas o CEO afirma que o negócio manteve o mesmo valor de mercado do último aporte. “Era uma meta pessoal minha, como cofundador, e do management. Estamos muito felizes”, diz.
Estratégia
No momento, a ideia é avançar em termos de crescimento e abocanhar uma fatia maior de market share. Em paralelo, a queima no caixa vem diminuindo, diz Olle. “E isso nos dá uma gordura. Como cofounder, foi interessante mostrar que dá para continuar a crescer.”
Prova disso é que, dos US$ 5,6 milhões recebidos em menos de 12 meses, 50% está sendo destinado para marketing, com foco na captação de clientes, 30% para novos produtos e, 20%, na expansão do time.
Quando o assunto são as soluções que devem chegar ao mercado em um futuro próximo, somando ao empréstimo pessoal sem garantia – o principal da FinanZero – o CEO faz uma ponderação.
“Quando fundamos a empresa, a mentalidade era ter o melhor produto, ter algo mais sustentável. Mas não estava no digital. O mercado mudou muito nos últimos sete anos”, diz.
Dessa forma, a FinanZero pretende diversificar as fontes de receita. No segundo trimestre, a meta é ter 45% da fonte de renda de produtos com garantia, atendendo a uma prioridade dos parceiros em meio aos juros mais altos no Brasil e no mundo. “Faz sentido para os dois lados (empresa e consumidores).”
Crescimento
Até aqui, a Finanzero já intermediou cerca de R$ 1,25 bilhão na tomada de crédito, com um crescimento expressivo nos últimos anos. Em 2021, foram R$ 430 milhões, e, em 2022, outros R$ 441 milhões. Para o ano atual, a expansão deve ter maior impacto na base de comparação anual. A meta da fintech em 2023 é intermediar R$ 530 milhões em empréstimos.
No histórico, são 40 milhões de requisições para a tomada de recursos. Só neste ano, a previsão é ter mais 10 milhões de aplicações para empréstimos até dezembro, ou seja, 25% do resultado conquistado até agora. Para avançar, a startup tem 72 parceiros, como Santander, Itaú, Credhome, Banco Inter, BV e Banco Pan, entre outros. E quer chegar a 80.
Outro passo importante no pipeline de expansão é que além de acrescentar novas empresas no cardápio de ofertas, a FinanZero soma 35 das 72 empresas integradas a API. Com o crescimento, o objetivo é ter até 50 dos parceiros integrados até o fim do ano.
Na prática, esse processo acelera o atendimento aos pedidos feitos pelos clientes. Em 2019, um pedido demorava até três meses, contra os 10 a 15 dias de tempo de espera atualmente. “Acho que a meta é ter um processo mais digital. E o passo agora é ter inteligência artificial, para criar uma plataforma mais escalável. Isso melhora o atendimento e o processo para oferecer crédito”, finaliza o executivo.
Mercado
No modelo de marketplace de crédito, a FinanZero obviamente não está sozinha. No setor, há players como a Focus Financeira e Bom Pra Crédito, que formalizaram uma fusão no início do ano passado.
Outra que está na disputa é a EasyCrédito, marketplace de crédito pessoal que foi adquirida pelo FitBank em maio de 2022. Além da Foregon, que de portal de informações sobre produtos e serviços financeiros, avançou para uma estratégia de marketplace.
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