O saldo das operações de crédito do sistema financeiro nacional atingiu R$ 4 trilhões em 2020, com expansão de 15,5%, segundo o Banco Central (BC). Como sabemos, o mercado de crédito é concentrado nos cinco maiores bancos do país, que abocanharam 83,7% das operações em 2019, conforme o BC. Muito longe de incomodar os bancões, as fintechs que atuam no segmento vêm ganhando força. É o que mostra a edição deste mês do Inside Fintech Report, feito pelo Distrito Dataminer, braço de inteligência de mercado da empresa de inovação aberta Distrito. O levantamento foi antecipado com exclusividade à Finsiders.
Segundo o estudo, o Brasil tem 142 fintechs de crédito, número que representa 14,4% de todo o ecossistema de fintechs, hoje com 988 empresas (falta pouco para 1.000, hein?). Esses negócios se dividem nas seguintes categorias: oferta direta (52 empresas), marketplace (44), antecipação de recebíveis (24), P2P (16) e consórcios (6). Dá para notar uma evolução acelerada no surgimento de startups com soluções de crédito a partir de 2018, quando o Banco Central publicou as resoluções 4.656 e 4.657.
“Do total das startups de crédito mapeadas no país, 33% foram fundadas após a lei ser homologada. Isso pode ser visto como um dos indicadores da relevância dos avanços regulatórios para o fomento do mercado de inovação brasileiro”, comenta Tiago Ávila, líder do Distrito Dataminer.
Ainda que o número de empresas no segmento tenha crescido, o volume originado de crédito ainda é pequeno. Estima-se que a quantia concedida em 2020 tenha sido na ordem de R$ 10 bilhões, mais do que o triplo do montante liberado em 2019, segundo reportagem do UOL, citando números apurados com Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) e Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD).
Mas uma coisa é certa: os negócios na área continuam atraindo investidores. No último ano, as startups de crédito atraíram US$ 352,4 milhões em investimentos, por meio de 21 rodadas. Este volume foi 13% maior do que o registrado em 2019, que somou US$ 312,2 milhões, num total de 29 aportes. Em janeiro, a fintech de crédito consignado bxblue levantou cerca de US$ 7 milhões em uma Série A, liderada pela Igah Ventures (antiga e.Bricks), com participação da Iporanga Ventures, FJ Labs e Funders Club.
No ecossistema de fintechs como um todo, foram 12 aportes em janeiro, que somaram R$ 2,3 bilhões, conforme números apurados pela Finsiders na base de dados da plataforma Sling Hub. A cifra é puxada, claro, pela mega captação de US$ 400 milhões (cerca de R$ 2,2 bilhões) feita pelo Nubank em sua Série G. Nas operações de fusões e aquisições do setor, o destaque foi a compra da Bcredi pela Creditas por valor não revelado.
“Ao longo do ano devemos notar mais M&As se concretizando conforme grandes corporações entendam a necessidade de evoluir e se modernizar para competir com as fintechs, cada vez mais completas”, comenta Ávila. “Outros compradores devem ser as próprias fintechs, que enxergam em outras startups um caminho mais rápido para aumentar o portfólio de produtos ou melhorar a eficiência das operações.”
Especialização
O report do Distrito aponta, ainda, a especialização das fintechs de crédito em um setor ou público, com soluções para o agronegócio (como a TerraMagna ou a Traive), indústria (Weel e Cacau Crédito), saúde (Medicinae Solutions), MEIs (Baduk) e público de baixa renda (SuperSim e Jeitto).
Ainda no report, o Distrito destaca cinco “futuros gigantes no crédito”: Weel (investida do banco BV); a55 (investida do Mouro Capital, ex-Santander InnoVentures); Pontte (que captou com um fundo soberano asiático); Quasar Flash (investida do Valor Capital Group) e Rebel (que tem no captable Monashees e XP, por exemplo).
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