Mesmo com o juro básico da economia, a Selic, no menor patamar em décadas – e juro real negativo – as fintechs ainda não oferecem crédito com taxas mais baixas do que as disponívies nos bancos.
A constatação é de Cassio Spina, um dos investidores em startups mais conhecidos no país, que fundou em 2011 a Anjos do Brasil – organização sem fins lucrativos dedicada ao fomento de empresas inovadoras.
“A queda de taxas de juros no Brasil é uma quebra de paradigma para o setor financeiro; de um lado, incentiva fusões e aquisições, e investimentos em ativos reai; de outro, aumenta as possibilidades de oferta de produtos e serviços de crédito para os clientes”, disse Spina ao portal Fintechs Brasil.
“Mas ainda não vi fintechs oferecendo empréstimos com taxas compatíveis com a Selic historicamente baixa”, afirma Spina.
Como as fintechs são empresas enxutas, de base tecnológica, menos reguladas, teoricamente tem custos menores do que os bancos. Por isso, teoricamente poderiam emprestar a juros mais baixos, e ainda assim serem lucrativas.
Engenheiro eletrônico formado pela Escola Politécnica da USP, Spina foi empreendedor por 25 anos na área de tecnologia. Atualmente, é consultor em fusões e aquisições (M&A) e corporate venture. O investidor também é conselheiro para inovação de grandes empresas como a Cyrela, dona da fintech CashMe – uma das primeiras no país a se especializar em empréstimos com garantia de imóveis. O serviço da CashMe é totalmente digital, e permite solicitar um refinanciamento de imóvel pelo aplicativo.
Fintechs as a Service
Para Spina, o segmento de bancos digitais já está saturado: “Quem se saiu melhor foi o Nubank, que ‘emulou’ um banco com vantagens: melhor experiência para o unsuário e melhores serviços; outros vieram atrás e hoje já tem bastante gente boa preenchendo esse espaço, até mesmo os bancos tradicionais”, alerta.
“Minha tese agora é de que prover expertise e sistemas integrados com experiência digital inovadora para outros segmentos que querem criar suas próprias empresas de serviços financeiros é o caminho. A fintech entra com os serviços e a empresa com a base de clientes”, acredita. “Com o PIX e o Open Banking, essas empreas não-financeiras vão poder ‘virar bancos’ e, para as fintechs, melhor prestar serviços e ganhar indiretamente do que disputar clientes, pois isso custa caro”.