Investimento em fintechs vive melhor momento dos últimos anos

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Segundo estimativa do Inside Fintech Report, do Distrito Dataminer, braço de inteligência de dados do Distrito, a tendência é que o número de M&As envolvendo fintechs cresça mais de 50% em 2021 em relação ao ano passado. Gustavo Araújo, cofundador e CEO da empresa, acredita que o mercado de venture capital “está passando por um renascimento”.

Para ele, a tecnologia tem liderado essa recuperação econômica. “A gente já teve mais de US$ 4 bilhões investidos em startups brasileiras e o ano passado inteiro foram US$ 3,5 bilhões. O ano de 2021 está destoando do histórico dos últimos 10 anos. Estamos vivendo um momento de transformação digital”, disse durante o Fintech View.

Junto com este movimento, está o Open Banking, que se prepara para a sua segunda fase em julho. De acordo com Araújo, o novo sistema representa uma segunda fase de abertura do mercado que começou por volta de 2013. “Se não fosse o Banco Central, a gente não teria essa tempestade perfeita. Agora, a gente passa a ter muito mais infraestrutura para um mercado ainda mais aberto, no qual as fintechs e os bancos vão ter que trabalhar cada vez mais em microsserviços.”

Victor Xavier, gerente de aceleração de negócios da Endeavor Brasil, também considera que o mercado de fintechs esteja aquecido. “O sucesso que a gente está vendo de fintechs brasileiras atrai todo tipo de investidor. Quanto mais fundos e players estiverem aqui para ajudar os empreendedores, a gente vai contribuir para um ecossistema mais forte”. Ele também chamou a atenção para o mercado de seguros que, segundo ele, pode trazer um unicórnio em breve. “A gente vê o mercado de investimentos e de cripto como duas grandes tendências também”.

A Ybirá, veículo de aceleração de startups para o mercado de capitais, disse que a companhia está olhando para outras startups além das fintechs. Adalberto Leidenfrost, investidor e presidente do conselho da empresa, aposta bastante em termos de investimentos nos próximos anos.

“A gente olha o valor da empresa, qual o growth e como a gente pode trazer isso para o mercado de uma forma estruturada e que traga valor para as operações que a gente está vendo. Vemos muito potencial de trazer o mercado de capitais para essas empresas”. 

Esse segmento, de acordo com ele, ainda é muito pequeno no Brasil. “Se falar em valor, aí não tem como comparar com mercados mais evoluídos. Eu vejo um espaço muito grande para a gente conseguir trazer esse mercado para as empresas terem mais funding. Isso cria um ecossistema muito interessante.”

Investimentos em alta

As fintechs continuam na mira dos investidores. Nos quatro primeiros meses de 2021, elas captaram US$ 731 milhões em 45 aportes — apenas em abril, foram US$ 123 milhões em 12 deals. Os números também compõem o relatório Inside Fintech Report, do Distrito.

Houve uma redução em volume de investimento nos dois últimos meses, após um janeiro e fevereiro muito fortes. Ainda assim, foram ao menos US$ 50 milhões aportados em março e abril. O total investido no primeiro quadrimestre de 2021 representa seis vezes o do mesmo período de 2020.

Neste mês, a MeuTudo, fintech de crédito consignado, anunciou um acordo de investimento com a Goldman Sachs para a originação de empréstimos para aposentados e pensionistas do INSS. De início, R$ 300 milhões devem ser aplicados mediante subscrição de cotas subordinadas de FIDCs, valor que pode chegar até R$2,1 bilhões à medida em que novos fundos sejam constituídos.

Em abril, a Warren levantou uma Série C de R$ 300 milhões, captado com um pool liderado pelo GIC, fundo soberano de Cingapura e investidor de Nubank, Sankhya Hotmart e VR Benefícios. O round foi acompanhado pelos fundos Ribbit Capital (que investe em Nubank e Cora), Kaszek (investidor de Belvo, Creditas e Guiabolso) e Chromo Invest – todos investidores desde a Série A –, além de QED Investors, Meli Fund e Quartz, que haviam entrado na Série B.

Por falar em investidor da Cora, a fintech fundada por Igor Senra e Leonardo Mendes também anunciou em abril sua Série A de US$ 26,7 milhões (mais de R$ 150 milhões) liderada pelo fundo americano Ribbit Capital (investidor de Nubank, Brex e Guiabolso, entre outros) — que já investia na Cora. O round foi acompanhado por Kaszek Ventures, também já presente no captable da startup. Juntaram-se a eles dois novos nomes fortes em venture capital: QED Investors e Greenoaks Capital. 

No fim de março, o FitBank, provedor de infraestrutura de pagamentos, levantou uma rodada de R$ 30 milhões — R$ 10 milhões aportados pela CSU, especializada em soluções tecnológicas para meios de pagamento, customer experience e fidelização e incentivo de clientes. O round contou também com a participação dos atuais acionistas, que assinaram um cheque de R$ 20 milhões. O valuation foi de R$ 280 milhões. Com o aporte, a CSU se juntou ao J.P. Morgan no captable, que comprou uma fatia minoritária no negócio no ano passado.

Também no terceiro mês do ano, a Acqio recebeu um cheque de US$ 8,6 milhões da XP Asset. Já em fevereiro, o destaque foi a Série C da Recarga Pay, que levantou US$ 70 milhões (R$ 385 milhões), em uma rodada liderada pela IDC Ventures e pela Fuel Venture Capital, com participação dos fundos ATW, LUN Partners e o corporate venture da Experian. Foi o terceiro round feito pela fintech, criada em 2009 pelo empreendedor argentino Rodrigo Teijeiro. 

Ainda segundo o relatório, os late-stages concentram a maioria do investimento em fintechs. Esse quadro se explica pela escala dos desafios a que estão expostas as empresas mais maduras, e também pelo próprio perfil dos investidores, que tendem a aportar valores altos nessas fases do empreendimento, já que o retorno financeiro é mais provável. O Nubank sozinho lidera a lista de maiores aportes no setor, em rodadas Series F e G que chegaram a US$ 400 milhões.

Ainda segundo o documento, foram 14 fusões e aquisições (M&A) feitas até o final de abril — mais da metade do total em 2020. Os compradores são em sua maioria diferentes, com apenas a Boa Vista e a Locaweb adquirindo duas fintechs até o momento. Outra empresa que adquiriu mais de uma fintech, porém uma em 2020 e outra neste mês, foi a Via, que comprou o banQi e a Celer, respectivamente. Em outro material divulgado recentemente, o Distrito estimou que os M&As devem crescer mais de 50% este ano em relação a 2020.

Muitas operações não têm valores revelados, mas um dos maiores deals do ano até agora foi a compra da Konduto pela Boa Vista, no valor de US$ 29,6 milhões — e a Boa Vista está com apetite para mais, conforme noticiou o Finsiders. Outro destaque no ano foi a fusão entre a Rebel e a Geru, dando origem a Open Co, uma das maiores fintechs de crédito do Brasil.

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Giovanni Porfírio é jornalista com cinco anos de carreira, foi editor web no Startupi antes de chegar ao Finsiders. Formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e pós-graduando em Produção e Práticas Jornalísticas na Contemporaneidade na Faculdade Cásper Líbero (FCL), teve passagens, ainda, por RICTV Record Londrina e Folha de Londrina.

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