A Jabuti AGI, startup brasileira de Inteligência Artificial (IA) autônoma, está com planos ambiciosos para os próximos anos. Segundo Cecílio Cosac, CEO e fundador, a empresa trabalha para transformar a forma como os clientes interagem com serviços financeiros. E já mira a expansão para novos mercados. “Nossa ideia é tornar o produto totalmente no-code até meados de 2026, permitindo uma adoção em massa”, afirma Cecílio.
Com apenas sete meses de operação, a Jabuti AGI conquistou seu primeiro grande cliente no mercado financeiro, um banco cujo nome ainda não pode ser divulgado por questões contratuais. “Já atendemos 18 mil usuários finais e esperamos atingir 5 milhões ainda este ano”, revela o CEO. Além disso, a startup tem nove propostas em andamento. Dessas, quatro estão em fase final de negociação. Cecílio espera fechar 2025 com faturamento de R$ 18 milhões.
A startup desenvolveu uma plataforma capaz de transformar canais de atendimento, como WhatsApp e e-mail, em agentes conversacionais autônomos hiperpersonalizados. A solução evita “alucinações” (respostas erradas) dos modelos de linguagem, utiliza memória contextual para criar relacionamentos de longo prazo com o usuário e oferece ações proativas. “Imagina um assistente que lembra das suas preferências e te avisa quando você verifica o limite do cartão pela terceira vez na semana, perguntando se quer aumentá-lo”, explica.
IA “responsável”
Segundo Cecílio, a arquitetura inclui uma camada de Responsible AI — que valida tecnicamente cada resposta e garante segurança jurídica e operacional, protegendo
instituições contra falhas de compliance, risco reputacional ou vieses automatizados.
A plataforma, considerada low-code atualmente, caminha para se tornar no-code plug-in, o que vai reduzir a necessidade de ajustes técnicos nas integrações com APIs de clientes. API é a sigla em inglês para Interface de Programação de Aplicativos.
A Jabuti nasceu do desejo de Cecílio de unir experiência em hardware e transformação digital a soluções de IA. Ex-superintendente do Itaú, ele deixou o banco em 2020 para empreender. Após um projeto inicial voltado a pessoas com síndrome de Down e autismo, Cecílio e sua equipe perceberam o potencial de aplicar o aprendizado ao setor financeiro.
Os sócios Marcelo Vilela, Thales Araújo e Gabriel Belon trazem experiência em infraestrutura de cloud, engenharia e machine learning. Além deles, a Jabuti conta com conselheiros de peso como João Bezerra Leite (ex-Itaú) e Fernando Teles (ex-Visa).
O CEO vislumbra uma Jabuti inserida também no mundo físico, com dispositivos embarcados para aplicações domésticas e industriais. “Imagina chegar em casa e ter um assistente que verifica se o cachorro foi alimentado ou se há janelas abertas. Acredito que o relacionamento digital que estamos criando pode extrapolar para esses cenários”, projeta.
Enquanto isso, a startup mantém os pés no chão. “Sou mais camelo do que unicórnio. Nosso foco é construir uma base sólida para depois pensar em expansão global”, conclui o CEO.