Denise Ramiro
O Linker, plataforma de soluções financeiras digitais para as pequenas e médias empresas, está preparando a sua entrada no mercado de crédito; antes disso, lança até o final deste mês o PIX para seus clientes, prometendo um preço bem competitivo em relação à concorrência.
A informação foi dada pela co-fundadora e COO do Linker, Ingrid Barth, no Papo de Fintech da última quarta-feira, comandada pelo investidor anjo e líder do pool de fintechs da Bossa Nova Investimentos, João Bezerra Leite. Hoje, o Linker oferece aos seus 25 mil clientes uma conta PJ gratuita que possibilita pagar contas e impostos, realizar transferências, emitir e gerenciar boletos de cobrança, criar link de pagamento, ter cartões no nome da empresa, acessar um portal de benefícios. Com a oferta de crédito, espera atender os clientes nos seus negócios de ponta a ponta. O Linker recebeu seu primeiro aporte de capital no final do ano, de R$ 12 milhões.
A entrada no mercado de crédito sempre esteve no foco do Linker, desde a sua fundação em 2018. Mas a fintech preferiu começar o negócio criando um relacionamento próximo com os clientes para depois oferecer crédito. “Sentimos que grande parte do problema de quem não tem crédito é não ver o crédito como oportunidade e sim como uma dívida, ou seja, algo negativo. Antes de quebrar essa mentalidade, quisemos fomentar nosso relacionamento com o cliente, o que nos ajuda na análise de dados do seu fluxo de caixa”, explica Ingrid.
Outro impulso para a entrada do Linker no mercado de crédito é a regulamentação avançada do Open Banking pelo Banco Central. Barth, que considera o Open Banking como uma possibilidade de democratização do crédito, prevê a multiplicação dos produtos ofertados hoje pelos bancos tradicionais. Segundo ela, existem praticamente cinco perfis de crédito nos grandes bancos. “Ou você se encaixa neles ou fica de fora. Não tem crédito personalizado e você acaba pagando o risco de maus pagadores”, diz Ingrid.
A empreendedora explica que com o Open Banking, ao contrário do atual modelo que só olha para o viés negativo do tomador em consultas na Serasa ou SPC, será possível olhar o lado positivo do crédito e assim ampliar o número de perfis de tomadores.
Meta: presidir o BC
A fundadora da Linker construiu a carreira no mercado financeiro tradicional, passou por bancos de investimentos como Santander e JPMorgan e teve a primeira experiência em fintechs como Head de SMB Strategy do banco digital Neon. Ela conta que quando descobriu o universo dos pequenos empreendedores se encantou com a possibilidade de alavancar negócios de quem realmente movimenta a economia no país. “Quando vi o universo das pequenas e médias empresas, vi a vida como ela é de verdade. A dificuldade desse público com os bancos de uma maneira geral é muito grande, desde o entendimento dos termos, dos produtos em si até o atendimento”, conta.
Além da gestão do Linker, Barth também é atuante nas entidades que representam o universo de startps. É vice-presidente da Associação Brasileira das Startups (ABStartups) e membro do Comitê Nacional de Iniciativas de Apoio a Startups. Ela vê com entusiasmo o papel do Banco Central, cada vez mais focado na sua função principal, a de regulador do mercado. “O regulador não é o agente de inovação, ele tem que cumprir o papel de regular o mercado, cabe a nós como agentes de inovação mostrar para eles o nosso trabalho e as nossas demandas”, avalia. E ela quer fazer esse papel junto ao BC. Ela diz que tem aprendido muito sobre autarquia e o universo regulatório, que acha fascinante. “Quero ser a primeira presidente mulher do BC”, afirma. Mas avisa que esse é um sonho lá pra frente, depois de distribuir muito crédito para os pequenos empreendedores.