Na esteira de novidades como Pix e Open Finance, os bancos e fintechs cada vez mais utilizam softwares de ponta para desenvolver produtos e avançar em escalabilidade. No entanto, pode ser trabalhoso e caro gerenciar várias tecnologias com soluções distintas ao mesmo tempo. É aí que entra a N5 Now.
Fundada em 2017 pelo argentino Julian Colombo (ex-diretor do Santander), a empresa de software para a indústria financeira está anunciando nesta quarta-feira (13) uma nova rodada de captação para aprofundar a sua presença nos países onde já está ou inaugurar escritórios em novos centros, tendo a América Latina como destaque.
“Há um ano, vimos que era um momento contracíclico, todo mundo estava saindo do venture capital. Nós sempre fomos muito conservadores, pés no chão. E isso fez a empresa ser muito atraente e nos permitiu sermos super seletivos na hora de escolher os parceiros”, afirma o fundador e CEO da N5, em entrevista ao Finsiders.
‘Dream team’
Os valores da rodada e o valuation pós-deal não foram revelados. Mas, segundo o CEO, o problema não era dinheiro. A N5 duplicou as vendas durante o primeiro semestre do ano. Entretanto, o capital ajuda a resolver outra lacuna estrutural: a ausência de apoiadores de peso.
“Quando você vai vender o projeto para um banco, nós sempre ganhávamos na parte técnica, mas a parte corporativa é onde falhávamos”, diz. “Terminamos com o captable dos sonhos.”
No ‘dream team’ dos apoiadores, estão Illuminate Financial, venture capital que tem como limited partners (LPs) J.P. Morgan, Citi, Barclays, BNY Mellon, S&P Global e Jefferies; e Exor Ventures, vertical de investimento de risco da Exor N.V., gestora controlada pela família Agnelli (fundadora da Fiat) com um portfólio de marcas como Ferrari, Stellantis, CNH Industrial, Philips, The Economist e o time de futebol italiano Juventus.
A captação atraiu, ainda, a Madrone Capital Partners, private equity associado à família Walton, sócia-majoritária do Walmart; LTS Investments, do trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira; Arpex Capital, holding de investimentos dos empreendedores André Street e Eduardo Pontes; e Overboost, empresa de venture builder e gestão de fundos.
Integração de softwares
Embora não abra os números da rodada atual, Julian afirma que se trata de um “grande aporte”. Prova disso são as 800 vagas abertas. A ideia nos próximos meses é reforçar o time de tecnologia com contratações em três áreas centrais: de produto, de design da plataforma e na implementação das soluções para os clientes.
Atualmente, a N5 tem uma plataforma que faz a integração nativa de softwares como CRMs, BPMs, de incentivos e multicanais (omnichannel). Uma empresa financeira leva, em média, cerca de 100 dias para ter as soluções funcionando. Como retorno, pode reduzir 14 de cada 100 softwares utilizados e os custos de distribuição em 16%. Em uma frente, a intenção é implementar suas soluções de forma ainda mais acelerada.
Em outra, é aprofundar a complexidade dos serviços, como um módulo de inteligência artificial para empresas. Com 19 módulos na plataforma (como são chamados os conjuntos de soluções), a companhia deseja elevar isso para 25. “Mas mais importante é a profundidade”, avisa o CEO. “Temos IA em casa, mas vamos fazer algo mais parrudo.”
Estratégia
Antes de se aventurar como empreendedor, Julian esteve por quase 20 anos no Santander, entre posições ocupadas no Brasil, México, Chile e Espanha. Ainda que seja 100% home office desde o dia inicial, boa parte dos colaboradores da N5 é formada por argentinos, brasileiros e chilenos. Há, também, alguns venezuelanos e colombianos.
Foi assim que a N5 alcançou 57 clientes, incluindo bancos, companhias de seguros e meios de pagamentos. São players de renome no mercado, como Mastercard, Santander, Credicorp Bank, Zurich, Sudameris, Banco Atlas, N26, Farmers Insurance e BCP.
Dessa forma, a América Latina terá atenção especial no uso dos recursos. Na divisão, despontam Brasil (que deve ficar com 25% do funding), Chile, México, Colômbia, Peru e Panamá, além dos Estados Unidos. Outras duas praças que ainda não foram definidas também devem receber investimentos — a Espanha é uma forte candidata.
“Eu conheço muito o ecossistema, os problemas e as dores da América Latina. Decidimos começar com o que mais conhecíamos. Poucos lugares no mundo são mais interessantes do que o Brasil em termos de inovação financeira. Para nós, são oportunidades de mercado e de talento”, diz o executivo.
A destinação do capital será diferente em cada lugar. Em solo brasileiro, a empresa está construindo um escritório ainda maior, enquanto em locais como o Peru, onde dá os primeiros passos, a companhia deve inaugurar uma sede no próximo mês, por exemplo.
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