RECEBÍVEIS

Na registradora Cerc, demissões, pressões e controvérsias

Segundo fontes ouvidas pelo Finsiders Brasil, há uma pressão de investidores por resultados; empresa diz que demissões foram resultado da avaliação anual de performance dos colaboradores

Imagem: Canva
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Candidata a unicórnio, a registradora de recebíveis Cerc promoveu demissões neste mês. Oficialmente, a empresa fala no desligamento de 26 funcionários, o equivalente a 10% do seu quadro. Assim, passou a contar com 240 pessoas. No entanto, segundo duas fontes ouvidas por Finsiders Brasil, os cortes podem ter atingido mais gente — cerca de 40 profissionais.

Em resposta ao portal, a Cerc atribuiu os desligamentos ao seu processo de avaliação de desempenho anual [leia nota na íntegra ao final do texto]. Apesar disso, duas fontes alegam que não foram demissões apenas por má performance. Há uma pressão de investidores por resultados, assim como alguns projetos vêm sendo descontinuados, entre eles, o de tokenização. 

O adiamento ou a prorrogação de regulações do Banco Central (BC) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), cita uma das fontes, também impactaram o lançamento de novos serviços ligados aos mercados de duplicatas escriturais e fundos de investimento. 

Por ter capital fechado, a Cerc não divulga balanço.

Uma fonte da empresa nega qualquer problema de caixa e garante que a companhia está capitalizada. E não só isso: a registradora estaria avançando em deals de M&A e pretende consolidar o mercado, apurou o Finsiders Brasil

Além disso, diz essa fonte, a Cerc pretende substituir os que foram desligados. Há vagas em aberto, inclusive para C-level, e segundo a fonte o head count de 2024 vai aumentar. Ou seja, vão contratar mais profissionais do que os que saíram recentemente. “Nesses processos é natural que algumas pessoas discordem da avaliação que tiveram”, diz a fonte. Em 2023, cerca de 15 pessoas foram desligadas na mesma época, após a avaliação.

Contexto

Fundada em 2015, a Cerc já recebeu mais de R$ 680 milhões em rodadas de investimento, de acordo com dados do Crunchbase. A maior delas foi a penúltima captação, de R$ 550 milhões, anunciada em outubro de 2022. Liderada pelo Mubadala Capital, braço de investimentos do fundo soberano de Abu Dhabi, a captação foi dividida em duas tranches – a primeira de R$ 350 milhões e os R$ 200 milhões restantes sujeitos a cumprimento de metas. Na ocasião, a Cerc foi avaliada em R$ 1,6 bilhão (pre-money), segundo informou o site Brazil Journal.

Além disso, no ano passado, o fundo Endeavor Catalyst IV aportou U$ 2 milhões na empresa. Na base de investidores estão, ainda, Valor Capital Group, Parallax Ventures, 2TM (que controla o Mercado Bitcoin), G2D Investments, entre outros. 

Leia a nota oficial da Cerc: 

“A CERC informa que fez o desligamento de 26 pessoas, o equivalente a 10% do seu quadro de funcionários, como consequência do seu processo de avaliação de desempenho anual. Essa é uma prática recorrente da empresa, que constantemente está reavaliando o seu desempenho e focando em ações efetivas para tornar realidade a nossa missão de melhorar o mercado de crédito para empresas.”