Aprovado recentemente como iniciador de transação de pagamento (ITP) no âmbito do Open Finance, o Banco Mercantil do Brasil está lançando seu primeiro caso de uso da modalidade. Em informação antecipada com exclusividade ao Finsiders, a instituição anuncia que começou a oferecer neste mês o serviço de quitação de dívidas, usando o saldo que o cliente possuir em outras instituições financeiras.
A funcionalidade já está disponível para todos os clientes pessoas físicas que têm algum tipo de débito com o banco, como pendências no cartão de crédito ou parcelas atrasadas de empréstimos e financiamentos.
“Fizemos a pergunta para os clientes de quais dores tinham em determinados processos e, a partir dessa análise, entendemos que o processo de quitação de dívidas era complicado”, conta Felipe Boff, diretor de produtos, TI e inovação do Banco Mercantil do Brasil — que tem 5,3 milhões de clientes, sendo 75% com idade superior a 50 anos.
Em vez de precisar emitir um boleto, copiar o código de barras e acessar a conta em outra instituição financeira para fazer o pagamento, agora o cliente endividado faz todo o processo por meio do aplicativo do banco e, ao optar por realizar a operação por meio do Open Finance, consegue quitar as pendências com desconto — o percentual varia, mas tem ficado acima de 10%, segundo o executivo.
“A pessoa pode receber ligação, mensagem WhatsApp, ou push no app, com uma proposta nossa para quitar a dívida. E se escolher o pagamento via Open Finance, encaminhamos para outra instituição onde a pessoa tem conta para o cliente autorizar a transação”, explica Felipe. “Todo processo funciona em um único ambiente, não importa a origem da dívida e dos recursos para pagá-la.”
Na prática, a experiência de quitação da dívida se torna mais simples, fluida e segura, destaca o executivo. Segundo ele, o aumento de segurança é um dos diferenciais porque não abre margem para o cliente receber um boleto de um fraudador, com um código de barras enviesado, por exemplo.
A quitação de dívidas é a primeira funcionalidade que o Mercantil lança a partir da iniciação de pagamentos. O banco está apto a operar esse tipo de serviço desde o fim de setembro, mas os testes, homologações e certificações necessárias já estavam prontos desde maio, conta Felipe. Nesse processo, além de desenvolvimento interno, a instituição utilizou as soluções da fintech Finansystech, que funciona como um ‘enabler’ para o Open Finance.
Open Finance e iniciação de pagamentos
O executivo enxerga evoluções “interessantes” no Open Finance e na iniciação de pagamentos. Entre elas estão pagamento recorrente, parcelamento e concessão de crédito mais adequado ao perfil de cada cliente. “A grande evolução nos próximos seis meses, além de desenvolver tecnologia, é que o Open Finance se torne uma perspectiva real na vida do cliente. Então, os próximos passos são continuar gerando ‘awareness’ sobre o assunto para que o cliente tenha menos medo.”
Os primeiros casos de uso da iniciação de pagamentos começam a aparecer no mercado. Grandes bancos como Itaú Unibanco e Bradesco estão liberando, aos poucos, as transações com Pix usando saldo de outras instituições financeiras. A XP prevê disponibilizar a iniciação de pagamentos aos seus 3,8 milhões de clientes até o fim de novembro.
Entre os varejistas e marketplaces, o Mercado Pago já oferece o cash-in para 100% dos clientes e também vem liberando a funcionalidade da iniciação de pagamentos com Pix no check-out do e-commerce, com expectativa de atingir a totalidade da base em breve. A Fintech Magalu, por sua vez, passou a oferecer o serviço recentemente, iniciando no e-commerce de games Kabum!, que faz parte do grupo.
Atualmente, a lista de iniciadores de pagamento reúne 14 instituições aptas a operar o serviço dentro do Open Finance. Além das companhias citadas, o grupo reúne players como BTG Pactual, Celcoin, Gerencianet, Inter, Sicoob e outros. Sabe-se no mercado que há uma fila grande à espera de autorização do regulador.
Público 50+
Fundado em 1943 no interior de Minas Gerais, o Mercantil é forte no pagamento de benefícios do INSS e no empréstimo consignado, que corresponde a mais da metade dos R$ 10 bilhões da carteira de crédito, conforme os dados do segundo trimestre deste ano.
De olho em um público que tende a crescer nas próximas décadas, o banco passou a dar foco há alguns anos no segmento de pessoas com mais de 50 anos, que atualmente representa 75% da base total de 5,3 milhões de clientes. Esse nicho movimenta mais de R$ 1,8 trilhão por ano no Brasil, o equivalente a 42% do consumo das famílias no país.
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