Open Co terá BNPL para PMEs e está "aberta" ao crédito com garantia

Grupo que inclui as fintechs Geru e BizCapital contrata novo CFO e também pretende avançar no credit as a service (CaaS)

Quase três anos depois e com três operações de M&A na bagagem, a Open Co está se consolidando como a maior fintech de crédito sem garantia para pessoas físicas e pequenas e médias empresas (PMEs). A companhia, fruto da união entre Geru e Rebel em 2021, comprou em dezembro de 2022 a BoletoFlex para avançar em crediário digital (ou ‘buy now pay later’, BNPL) e, em junho deste ano, fez uma fusão com a BizCapital, entrando no segmento de PMEs. 

Agora, com o processo de migração de clientes praticamente concluído, a empresa acaba de reforçar o alto escalão nas áreas de finanças e gestão de marcas. A Open Co também vai lançar o produto de BNPL para PMEs e pretende crescer o negócio de ‘credit as a service’ (CaaS), herdado da BizCapital e da BoletoFlex. A companhia não descarta, ainda, entrar em crédito com garantia. 

As informações são de Sandro Reiss, CEO da Open Co. Segundo ele, a empresa já opera a partir de duas marcas — Geru para PFs e BizCapital com foco em PMEs —, e está terminando neste final de ano a etapa de transferência dos clientes da Rebel e da BoletoFlex. “Não adquirimos clientes novos nas duas marcas há meses”, conta Sandro, que recebeu o Finsiders na nova sede da fintech, inaugurada há cerca de dois meses, no bairro de Pinheiros, na capital paulista. 

Além da mudança de escritório, a empresa acaba de contratar como CFO Afonso Sugiyama (ex-Porto e SmartFit). Já Rafael Pereira (cofundador da Rebel) continua como acionista, mas deixou recentemente o dia a dia da operação, passando o posto de COO para o ex-BizCapital Luis Felipe Sucupira. A Open Co trouxe, ainda, Fernanda Salgado (ex-Neon) para liderar a gestão de marcas nesta nova fase. 

Portfólio

Após as três operações de M&A e com R$ 650 milhões captados desde a fusão Geru+Rebel, o CEO da Open Co descarta novos negócios no curto prazo. “Nosso foco está mais em crescer e dar resultado do que em fazer novas operações de M&A”, diz Sandro. Isso não significa, contudo, que a máquina de aquisições da companhia esteja desligada. “Temos esforço permanente em identificar oportunidades para o roadmap futuro.” 

Com um volume próximo a R$ 6 bilhões em crédito ‘clean’ concedido para pessoas físicas e PMEs, a Open Co aposta em um portfólio com empréstimo pessoal, Pix parcelado e BNPL, por meio da Geru, voltada para PFs. Com a BizCapital, as linhas incluem crédito de curto prazo e capital de giro. “Teremos o BNPL para PMEs”, conta o CEO. 


Atualmente, a Geru disponibiliza esse produto para PFs, sob o nome “parcelado sem cartão”. Funciona como um meio de pagamento de compras, com parcelamento em até 24 vezes, tanto em lojas físicas quanto online. Os parceiros incluem varejistas, e-commerces, assim como prestadores de serviços em segmentos como educação, saúde e outros. Nesse sentido, a ideia é levar essa experiência também para PMEs, diz Sandro, sem abrir mais detalhes. 

De olho no crédito com garantia

O CEO da Open Co enxerga, ainda, uma oportunidade para as fintechs do grupo entrarem em modalidades de empréstimo e financiamento com colateral. Na visão do executivo, o novo marco das garantias abre caminho para isso, sem que a fintech precise ficar responsável pela gestão dessas garantias. “O que não queremos fazer é algo que exige que a empresa vire uma gestora de garantias.”

No mundo dos recebíveis de cartão de crédito, exemplifica ele, já existe um “ambiente melhor” apesar do início turbulento. “Em garantias reais, está melhorando, mas tem cenas dos próximos capítulos com o novo marco. E no consignado, há uma melhora na infraestrutura de operação”, cita o CEO

Segundo Sandro, o crédito com garantia tem espaço no roadmap da Open Co. A questão é quando isso se tornará realidade. “Temos coisas para fazer em 2024, mas não tenho nada a declarar nesse sentido”, diz o CEO, quando questionado se há plano de entrar em crédito com garantia no ano que vem. 

Demanda reprimida

Mesmo com a intenção de avançar nos produtos colateralizados, Sandro destaca que há uma “demanda reprimida muito grande” em crédito sem garantia no Brasil. “As fintechs e os bancos digitais, juntos, representam 9% de todo o mercado de crédito”, diz o executivo, que também é presidente da Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD).

Com um quadro macroeconômico de juros altos e incertezas, o executivo diz que a Open Co não buscou uma expansão da carteira de crédito ao longo de 2023. “Focamos em servir os clientes que já atendemos. Foi uma decisão de gestão de risco”, conta ele. Para o ano que vem, de maneira geral, o CEO vê um ano “bem melhor”, depois de dois anos de retração da oferta. “Não será um céu de brigadeiro, e também não terá uma explosão de crédito no país porque o acúmulo de problemas é muito grande.”

Credit as a service (CaaS) 

Em outra frente, a Open Co também vem crescendo no negócio de credit as a service (CaaS). A fintech operacionaliza todo o ciclo de crédito, incluindo gestão de risco das carteiras até estratégias de relacionamento e de cobrança dos clientes. “Entregamos um processo de crédito do começo ao fim, não apenas a bancarização”, explica Sandro.

De acordo com o CEO, o perfil de clientes é diverso e reúne autarquias, varejistas e até instituições financeiras que não atuam com modalidades de crédito sem garantia. Essa linha de negócio está no início, inclusive, muitos dos projetos estão em fase de testes. “Já temos parceiros super grandes e um pipeline relevante. Estamos numa fase de criar cases”, diz Sandro. Resta saber quais são e como evoluem. 

Leia ainda:

Aarin, techfin do Bradesco, cresce 300% e mira na infra para crédito

Fintechs priorizam crédito com garantia e diversificam funding

A revolução do crédito digital