PartnerBank aposta no 'ERP Banking' para crescer em serviços financeiros para nichos

A fintech da mineira Group Software acaba de receber a licença de IP, vai lançar iniciação de pagamento e planeja acelerar soluções de crédito

A história de Valter Gomes sempre esteve ligada a bancos e tecnologia. Filho de pais que trabalharam e se conheceram no Bradesco, ele fez carreira na área de TI de empresas como First Data, FIS, Indra e Orbitall Payments. Até que, em 2017, decidiu que seria hora de empreender. Foi quando se juntou à Group Software, empresa mineira de desenvolvimento de ERPs, para montar o PartnerBank, uma fintech com foco em gestão de propriedades que agora se prepara para alçar novos voos.

“Sempre brinquei: tenho que ter um banco um dia”, conta o CEO e cofundador da empresa, em conversa exclusiva com o Finsiders. Na prática, o PartnerBank não é exatamente um banco, mas acaba de receber a licença de instituição de pagamento (IP) e tem planos de atuar como Sociedade de Crédito Direto (SCD). Então, dá para dizer que Valter está no caminho para realizar seu “sonho”. 

Brincadeiras à parte, a fintech começou a operar em maio de 2018 e desenvolveu uma solução que integra serviços financeiros a sistemas de gestão empresarial (ERPs). A estratégia é atender segmentos de mercado, como condomínios, shoppings centers, imobiliárias, e pequenas e médias empresas (PMEs). No radar estão, por exemplo, companhias de educação e saúde. 

“Estamos explorando nichos que têm recorrência e vão trazer receita e escala. Não posso ter a estratégia de virar um ‘bancão’, mas também não dá para ficar limitado a uma só piscina”, conta o CEO. Para avançar nesse sentido, o PartnerBank tem feito parcerias com ERPs, além do próprio Group Software. Recentemente, a fintech se conectou a dois softwares com foco em condomínios e um voltado para PMEs. “Estamos com outros oito em negociação. Nossa tese é ERP Banking.”

ITP e Pix Automático nos planos

Ao mesmo tempo em que amplia os acordos com o objetivo de aumentar a base de clientes, a fintech mira na criação de novos produtos e serviços. Vai lançar em breve a versão física do cartão pré-pago bandeira Visa, revela Valter. Hoje, a empresa já disponibiliza um cartão virtual, com uma conta digital que permite emitir boletos, inclusive com QR Code Pix — o “BolePix”. 

No ano que vem, a ideia é também rodar um serviço de iniciação de transação de pagamento (ITP), que Valter enxerga como transformador para o negócio. “Hoje, nossos clientes movimentam R$ 3 bilhões por ano. A ideia é chegar a pelo menos R$ 5 bilhões no ano que vem. É desafiador, mas estamos correndo atrás. E acreditamos que o ITP é o que irá alavancar [esses números]”, prevê o executivo. 


Atualmente, o PartnerBank tem cerca de 12 mil clientes e 750 administradoras condominiais parceiras. A expectativa é chegar a mais de 50 mil clientes em cinco anos. No próprio aquário da Group Software, o potencial de penetração é grande: a empresa tem uma base com mais de 100 mil condomínios e mais de 2 mil administradoras, cita o executivo.

O Pix Automático — com previsão de ser lançado pelo Banco Central em outubro de 2024 — é outra solução que está no topo das prioridades da empresa, segundo o CEO. “Hoje já mandamos todos os boletos que estão no nome do condomínio para dentro do ERP, e num clique já vai para a conta do Partner. O Pix Automático vai acelerar ainda mais esse recurso e deve ajudar a derrubar o grande volume do boleto”, acredita Valter.

Crédito

Por meio de parceiros, a fintech também oferece crédito condominial e antecipação de recebíveis — essa última solução é chamada de “condomínio garantido”. No ano que vem, o plano é acelerar essa modalidade de crédito, que tem como lastro a arrecadação feita pelos condomínios junto aos moradores. “É um produto que não tem risco. O condomínio tem a garantia do imóvel, e geralmente a pessoa paga. O que vai efetivamente para litígio é 0,5%”, afirma o CEO.

Para crescer em crédito, as possibilidades são diversas e estão na mesa neste momento. Um dos caminhos que está em estudo é ir atrás da própria licença de SCD, o que permitiria ao PartnerBank operar crédito com recursos próprios. Além disso, trazer investidores ou estruturar operações via mercado de capitais são alternativas. “Chegamos num ponto em que pode fazer sentido trazer novos recursos, principalmente para crescer com crédito. Pode ser trazer investidor, abrir um FIDC, emitir uma debênture.”

Competição

O mercado de condomínios vem despertando interesse de um grupo de fintechs e bancos digitais. Um dos nomes mais fortes no setor é a Superlógica, que caminha para ser um super app nesse segmento e já opera como SCD. A CondoConta, por sua vez, também quer acelerar a vertical de crédito, assim como alcançar R$ 1 bilhão em movimentações e depósitos no ano que vem. 

A lista de fintechs no ramo condominial inclui, ainda, nomes como WohPag, CondoBlue, Condolivre e outros. 

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