A regulamentação de recebíveis de cartão, que entrou em vigor em junho do ano passado, vem abrindo oportunidades para diversas fintechs, como Marvin, Spike (da Monkey Exchange), TruePay, BLU, Trademaster, entre outros nomes.
Criada há dois anos, a PayHop está se juntando a essa lista, e traz no time fundador Eduardo Rossi (ex-Supplier, Citi e Itaú) e Arthur Fontana, o Tuca (ex-Logbank, do Grupo Stefanini, e Yupee, do Grupo Nexxera).
Com sete meses de operação, o negócio chega oficialmente ao mercado agora com o anúncio de um seed money de R$ 11,5 milhões, em uma rodada liderada pela Experian Ventures, braço de Venture Capital da Serasa Experian, que tem no portfólio a também brasileira Traive, de crédito para o agronegócio.
O aporte na PayHop teve a participação, ainda, da Domo Invest e do single family office Citrino Gestão. Foi o primeiro cheque institucional recebido pela fintech, que já tinha levantado recursos (de valor não revelado) com investidores-anjos.
A startup desenvolveu uma plataforma digital que une num só lugar fornecedores (indústrias ou distribuidores) e varejistas de pequeno e médio porte, de diversos setores.
Por meio dessa solução, os lojistas podem acessar mais crédito e prazo junto aos fornecedores, dando os recebíveis de cartão como garantia. Já para as indústrias, o uso dos recebíveis permite que elas vendam mais com menor risco de crédito.
“Funciona como um serviço de ‘garantia as a service’ para os fornecedores. E para os varejistas, é uma proposta de BNPL [‘buy now, pay later’] usando os recebíveis para se alavancar”, explica Eduardo Rossi, cofundador e CEO da PayHop, ao Finsiders.
Planos
Com o cheque que acaba de receber, a PayHop vai aumentar a equipe, especialmente de tecnologia e produtos, chegando a cerca de 40 pessoas até o fim deste ano.
O dinheiro será voltado, ainda, para a aceleração comercial, seja reforçando a própria força de vendas, seja para o desenvolvimento de parcerias. “Agora entramos numa fase de divulgação maior, contratação de time, esforço comercial maior”, afirma Eduardo.
Sobre números, o empreendedor é econômico nos detalhes. Para este ano, diz que a meta é multiplicar por 10x o número de clientes, atingindo uma base de 200 fornecedores. Eduardo evita falar sobre os contratos já fechados, os segmentos de atuação e a expectativa sobre volume transacionado para este primeiro ano de operação.
Além do recurso financeiro, a PayHop já dá seus primeiros passos com um parceiro forte, a Serasa Experian. Trata-se de mais um investimento importante num mercado que não faz parte do core business da companhia. Em outubro do ano passado, vale lembrar, a empresa comprou a fintech PagueVeloz como estratégia para avançar no B2C.
“Estamos olhando para um mercado muito ineficiente. Uma coisa que é bastante comentada é que o ‘banco’ do varejista é o fornecedor. A Payhop viabiliza que essa operação seja mais estruturada, usando os recebíveis como garantia de maneira mais eficaz”, diz Tiago Ladeia, líder do programa de Corporate Venture Capital (CVC) da Experian na América Latina, ao Finsiders.
Mercado
Os empreendedores sabem, assim como seus concorrentes, o tamanho da oportunidade. O mercado de cartões movimentou R$ 2,65 trilhões em 2021, uma alta de 33,1% ante o ano anterior, conforme dados divulgados na semana passada pela Abecs, associação do setor. Mais de 60% desse volume transacionado vêm dos cartões de crédito.
Além da PayHop, outras fintechs buscam abocanhar uma fatia do mercado. Entre elas, está a Marvin, que tem entre os investidores a Mauá Capital, de Luiz Fernando Figueiredo; Canary e o investidor-anjo Eduardo Gouveia, ex-CEO de Cielo, Alelo, Livelo e Multiplus. A fintech acabou de trazer o ex-CTO da Anheuser-Busch InBev, Gustavo Pimenta, como senior advisor e partner, conforme você leu em primeira mão no Finsiders.
A Monkey Exchange, marketplace de recebíveis, lançou o Spike no ano passado. Trata-se de uma plataforma para negociação de recebíveis de cartão de crédito. Já a Trademaster lançou em dezembro último um produto de recebíveis de cartão, como o Finsiders noticiou com exclusividade.
Além delas, a lista de fintechs com soluções no segmento inclui players como TruePay, BLU, entre outras.
“Estamos falando de um mercado que é muito grande. Entendemos que não é um mercado ‘winner takes all’. Tem, sim, competição, mas dentro de toda essa demanda que existe para gerar crédito adicional entre fornecedores e varejistas, vamos conseguir nos diferenciar bastante bem”, defende Eduardo.
O plano é levar a oferta dos recebíveis como garantia à excelência, complementa Arthur Fontana, cofundador e CTO. “Estamos procurando aprimorar muito a conversa entre fornecedor e varejista, para ter uma oferta mais fluída.”
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