Sete de oito fintechs brasileiras registram lucro no primeiro semestre. O resultado consolidado deste grupo melhorou 38% em relação ao mesmo período de 2022. PicPay e Stone saíram do vermelho, enquanto os outros cinco aumentaram os resultados – o caso mais expressivo foi o do Nubank. Dos oito, apenas a Creditas registrou prejuízo novamente, ainda que menor. O consolidado ficou em R$ 3,573 bilhões no primeiro semestre de 2022 e em R$ 4,961 bilhões em 2023.
A evolução foi melhor do que o do ano fechado de 2022, na comparação com 2021 – no último trimestre do ano passado, dos oito apenas quatro eram positivos.
O grupo é apenas dos que têm capital aberto – ou, pelo menos, que têm área de relações com investidores aberta ao público na internet, como a Creditas e o PicPay. Ambos já manifestaram interesse em fazer um IPO há algum tempo, mas ainda não fizeram.
Cash burning
Segundo especialistas, a recuperação das fintechs foi, de um lado, resultado da pressão de investidores e do ambiente menos tolerante com “cash burning” desde meados de 2022; a alta dos juros e a maior seletividade na hora de dar crédito também ajudaram.
A melhora nos resultados não foi generalizada na economia. Segundo a Economatica, considerando dados de 320 empresas que apresentaram seus resultados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), houve uma queda. “No entanto, ao excluirmos Petrobras e Vale, observa-se um aumento marginal no último trimestre em relação a um ano”, diz a consultoria.
Considerando o setor financeiro, a situação é parecida. Juntos, os cinco maiores bancos brasileiros lucraram R$ 54 bilhões no primeiro semestre, praticamente o mesmo que no primeiro semestre do ano passado. Mas, enquanto Banco do Brasil e Itaú registraram aumento, Bradesco e Santander tiveram quedas de 36,7% e 18,5%, respectivamente. A Caixa teve ligeira alta de 3%.
C6: desenquadrado?
Assim como a Creditas, o C6Bank segue no vermelho, enquanto suas principais concorrentes comemoram a chegada à rentabilidade. Os números do segundo trimestre deste ano ainda não estão disponíveis, mas o prejuízo líquido do primeiro trimestre havia aumentado na comparação anual, passando de R$ 228 milhões para R$ 350 milhões.
Segundo o site Brazil Journal, o recente aporte do JP Morgan que aumentou a participação do banco americano no C6 de 40% para 46%, pode ter sido um sinal de que os prejuízos estão consumindo o patrimônio. No segundo trimestre do ano passado, o Índice de Basileia do C6 estava em 21,3%, caiu para 17,3% no terceiro, 14,9% no quarto e 11,9% no primeiro trimestre deste ano, segundo o relatório de gerenciamento de risco do banco. O mínimo aceito é 10,5%. Com isso surge a questão: será que o banco fechou junho desenquadrado?
“O patrimônio de referência teve redução de R$ 290 milhões no 1º trimestre de 2023, decorrente da redução no capital principal, por sua vez resultado da redução no valor do patrimônio líquido de R$ 294 milhões, devido à queda na reserva de lucros de R$ 1,766 bilhão”, explica o banco.