O avanço da tecnologia no setor financeiro nos últimos anos foi acompanhado de uma evolução também na criatividade dos fraudadores. Vide a escalada de golpes envolvendo o Pix. A boa notícia que também vêm surgindo novas soluções e ferramentas de prevenção a fraudes, que utilizam desde biometria facial até autenticação por voz no WhatsApp.
Num mercado com players bem estabelecidos como unico e idwall, a mineira Minds Digital e a catarinense Payface ganham força, ampliam portfólio e planejam alçar novos voos, inclusive para além do território brazuca.
Fundada em Florianópolis em 2018, a Payface desenvolveu uma tecnologia de biometria facial para tornar o pagamento em varejistas (supermercados e farmácias, por exemplo) mais rápido, simples e seguro. O negócio se inspira no caso chinês, país onde no ano passado aproximadamente 495 milhões de pessoas pagaram com o rosto, o equivalente a um terço da população daquele país, conforme estimativas.
“Nossa solução agiliza o processo de pagar no varejo, com segurança. E para os lojistas, aumentamos tíquete médio e índice de compras”, destaca Eládio Isoppo, cofundador e CEO da startup, que começou a operar na rede de supermercados carioca Zona Sul e hoje também disponibiliza sua tecnologia para marcas como St Marche em alguns bairros de São Paulo e D’Ville Supermercados em Uberlândia (MG).
A empresa está rodando piloto com outras redes varejistas, de nomes não revelados. O foco, diz Eládio, são supermercados e farmácias. “Ao longo de 2023, devemos definir outros segmentos”, afirma. No total, atualmente mais de 1 mil pontos de venda (PDVs) já oferecem o pagamento com reconhecimento facial usando a tecnologia da Payface. Além das marcas já citadas, estão na relação redes como Grupo Muffato, Grupo D’avó e Supermercados do Frade.
Hoje, a solução aceita apenas cartão de crédito, mas há planos de ampliar as possibilidades. “No começo de 2023, vamos começar a aceitar cartão de débito”, revela Eládio. No segundo semestre do ano que vem, a startup prevê lançar o pagamento com rosto via Pix. Para isso, já entrou com pedido no Banco Central (BC) para se tornar uma instituição de pagamento (IP), na modalidade iniciadora de transação de pagamento (ITP). “Também acreditamos muito no mercado de cartões private label.”
Desde o início do negócio, a Payface fez duas rodadas de investimento. A última, anunciada em junho do ano passado, foi um aporte de valor não revelado liderado pelo BTG Pactual com participação do multifamily office Oikos. No captable, a empresa tem ainda investidores como BRQ Digital Solutions, Harvard Angels, Darwin Startups, além de Conrado Engel — ex-presidente do HSBC.
Biometria de voz
A mineira Minds Digital, por sua vez, construiu uma solução de biometria de voz, que usa inteligência artificial (IA) e machine learning (ML), com foco na prevenção de fraudes em diferentes canais de atendimento a clientes, como aplicativos, call centers e WhatsApp — lançamento mais recente da startup.
O primeiro case foi com o também mineiro Bmg, que implementou a autenticação por voz da startup e evitou mais de R$ 4 milhões em fraudes nos primeiros seis meses de operação. O tempo médio de atendimento foi reduzido em 30%. Além do Bmg, a Minds atende outros quatro grandes clientes. “Estamos na fase de escala”, diz Marcelo Peixoto, fundador e CEO da startup.
Neste ano, a empresa fechou uma captação seed de R$ 2 milhões, trazendo para o captable investidores como Cedro Capital e BR Angels. “De lá pra cá, estamos investindo mais em vendas, marketing e melhorias no produto para escalar”, conta Marcelo. “Estamos falando de trazer grandes contas para dentro da plataforma”, complementa, sem abrir detalhes. No ano que vem, a Minds também quer testar uma expansão para outros países na América Latina.
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