FINANCIAMENTOS

Transfero e SaveBank vão 'tokenizar' projetos sustentáveis na Amazônia

Iniciativa envolve desde o financiamento de projetos de bioeconomia até a inclusão de comunidades ribeirinhas e empreendedores

Floresta amazônica
Floresta amazônica | Imagem: Adobe Stock

A Transfero, de tokenização e serviços financeiros, e o SaveBank, focado em impulsionar projetos sustentáveis na Amazônia, firmaram uma parceria para financiar cadeias produtivas na região. Em entrevista ao portal Finsiders Brasil, Márlyson Silva, CEO da Transfero, e Frank Portela, CEO do SaveBank, explicaram que estão estruturando investimentos para atender às necessidades locais e promover o desenvolvimento sustentável.

A iniciativa envolve desde o financiamento de projetos de bioeconomia até a inclusão de comunidades ribeirinhas e empreendedores em sistemas financeiros modernos, como a tokenização, que facilita o acesso de investidores ao mercado local.

O SaveBank disponibilizará uma série de serviços financeiros digitais adaptados às necessidades locais. Entre eles, carteiras digitais para facilitar pagamentos e transferências em áreas remotas. As linhas de crédito serão focadas em setores como pesca, artesanato e agricultura sustentável, oferecendo microfinanciamentos com condições flexíveis para alavancar pequenos negócios. 

Por meio de contratos inteligentes, cada crédito de carbono gerado na Amazônia poderá ser tokenizado, garantindo maior transparência e segurança nas transações. Produtos como bioplásticos e fármacos de origem vegetal poderão ser rastreados digitalmente, desde a produção até a comercialização, ampliando oportunidades de negócios na região. 

As expectativas são altas. De acordo com Frank, um dos negócios demandará cerca de R$ 15 milhões em capital. Ao todo, o ecossistema deve movimentar entre R$ 100 milhões a R$ 150 milhões no próximo ano. “Os tokens facilitam o acesso de investidores, inclusive estrangeiros, permitindo que o capital chegue de forma ágil às cadeias produtivas”, completa Márlyson.

Pirarucu

Segundo Frank, a estratégia foca em negócios específicos que já estão em operação. “Estamos olhando para cadeias de ponta a ponta. Nossa intenção é encontrar onde estão os gaps, as falhas que impedem o crescimento de setores essenciais, como a pesca do pirarucu”, afirma.

O SaveBank é quem gerencia cadeias produtivas que buscam maximizar o aproveitamento de recursos locais. No caso do pirarucu, o couro é usado em bolsas e acessórios exportados para o exterior – mas não só. Dele, se aproveita, além do couro e da carne, ingredientes para fabricação de remédios naturais. “Cada cadeia tem suas especificidades. A pesca do pirarucu, por exemplo, é sazonal e exige um fluxo financeiro ágil. Caso contrário, os peixes não pescados acabam predados e a cadeia perde valor”, diz Frank.

Márlyson acrescenta que a plataforma da empresa oferece a tecnologia necessária para conectar esses negócios ao mercado financeiro global, usando a tokenização para atrair investimentos e tornar o financiamento viável. “A Transfero oferece acesso financeiro a um grupo que, além de desbancarizado, é deixado de lado”, diz. “O uso da tokenização possibilita que investidores de qualquer lugar do mundo possam financiar essas cadeias produtivas”. Ele complementou que o projeto leva tecnologia e informação, além de infraestrutura própria, para levantar recursos financeiros e bancarizar essas cadeias.

A Transfero criou um modelo que utiliza tokens como uma forma de acesso ao investimento, oferecendo a oportunidade de financiar operações locais e obter retorno em até três meses. Esse modelo foi implementado pela primeira vez no SouRev, um projeto que financia revendedoras autônomas de cosméticos na Amazônia. “O SouRev foi um projeto piloto que mostrou como a tokenização facilita o processo, permitindo que essas mulheres empreendam com acesso a crédito”, explica o CEO da Transfero.

Cadeias da Amazônia

O ecossistema SAFE, estruturado pelo SaveBank, é outra peça fundamental dessa parceria. Ele organiza cadeias produtivas que incluem desde a coleta de matéria-prima, como castanhas e couro de peixe, até o desenvolvimento de produtos, como o bioplástico de castanha. “A ideia do SAFE é estruturar esses negócios de forma a reduzir intermediários e maximizar o valor gerado na Amazônia,” diz Frank. O SaveBank já administra 15 a 20 cadeias produtivas dentro desse sistema, com foco em setores que possam ser escaláveis e lucrativos. “A intenção é que esse aprendizado se expanda para outros mercados, porque as dores são as mesmas”.

Eles acreditam que a parceria representa uma nova abordagem para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, unindo inovação financeira e responsabilidade socioambiental. Segundo os CEOs, Transfero e SaveBank buscam empoderar a Amazônia, permitindo que as comunidades gerem riqueza e reduzindo a dependência de intermediários. Frank reforça a visão de impacto da parceria, afirmando que o objetivo é garantir que “a Amazônia respire e transborde resultados, criando um modelo de crescimento sustentável que respeite e valorize os recursos locais.”