Visa e Zig testam tecnologia para acabar com "fila do caixa" em eventos

A solução permitirá que as transações sejam realizadas online ou offline e está em fase final de desenvolvimento, revelam executivos ao Finsiders

A Visa e a Zig, startup de gestão de consumo para entretenimento, se preparam para lançar uma nova tecnologia com a expectativa de reduzir a fricção dos pagamentos em eventos, eliminando a famosa “fila do caixa”. A solução está em fase final de desenvolvimento e deve ser testada no primeiro semestre de 2024, revelam as companhias com exclusividade ao Finsiders.

Atualmente, a Zig é responsável pelos pagamentos em eventos de grande porte, como Lollapalooza, Rock in Rio e Fórmula 1. Atua também em bares, restaurantes e casas noturnas em oito países. Pela quantidade de pessoas reunidas em shows e festivais, por exemplo, é comum que as maquininhas tenham dificuldades para funcionar, por conta do acesso limitado à internet. 

Para extinguir as “filas do caixa” — em que o consumidor precisa pagar pela compra do produto em um caixa e, mais tarde, se dirigir a outra fila para retirar o item –, a tecnologia contará com uma credencial física, podendo ser uma pulseira, smartphone ou mesmo um relógio inteligente. A solução acompanha a tendência de crescimento dos pagamentos por aproximação no Brasil.

Online e offline

Com a nova solução, o objetivo é que as pessoas possam comprar e pagar diretamente nos balcões de alimentação e bebidas dos eventos. Assim, não precisam recorrer aos cartões pré-pagos em que é necessário colocar créditos para realizar o consumo.

Dessa forma, a ideia é que as transações possam ser processadas tanto online quanto offline, dependendo da disponibilidade da rede. Com isso, o terminal de pagamento próprio em construção poderá validar um conjunto de informações do usuário para permitir ou não uma determinada operação.


“Na medida em que há um problema para pagar com o cartão e a maquininha não conecta, eu preciso comprar outro cartão e perco dinheiro. Esse tipo de solução mira exatamente a redução da fricção com o cliente final, assim como permite o lojista, no bar do evento ou na feira, consiga vender mais”, explica Julio Ramos, diretor de soluções da Visa no Brasil.

Experiências

O desafio de resolver um dos principais gargalos para o negócio da Zig foi trabalhado durante o Visa for Startups. O projeto ocorre desde o ano passado como uma evolução do programa de aceleração da companhia. Até agora, já participaram 46 negócios. 

Nesse sentido, a proposta de ter um terminal que funcionasse também no offline veio depois da análise de aplicações de pagamento por aproximação em espaços com grande fluxo de pessoas, como catracas de ônibus e metrô, pedágios e estacionamentos.

“Criando uma experiência melhor para o usuário, ele não vai deixar de consumir, pois a tecnologia vai funcionar 100% do tempo. Para o nosso cliente, ele vai conseguir ter um ROI (retorno sobre investimentos) melhor na sua operação”, afirma Carlos Lino, sócio-fundador e head de inovação da Zig.

Redução das filas e aumento das vendas

A estimativa é que a solução resulte em aumento de produtividade das equipes entre 10% a 15%. Na prática, em mega celebrações com cerca de 800 caixas fazendo as cobranças, até 120 deles poderiam processar um maior volume de pagamentos. “É uma redução das filas e um aumento das vendas.”

Em 2023, a Zig vai encerrar o ano com 6 mil eventos, tendo sido utilizada em mais de 700 bares e restaurantes. Até hoje, atendeu 16 milhões de clientes. 

Com os passos recentes, a startup espera ir além no próximo ano. A solução pode agilizar compras e ganhar espaço também no México e em Portugal — a empresa é a responsável pelos pagamentos no Rock in Rio Lisboa. “Isso [a internacionalização] foi uma premissa do projeto. A gente acha que pode ser um diferencial tanto no Brasil quanto lá fora, porque a dor é exatamente a mesma”, afirma Carlos. 

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