Primeiro veio o software, depois o banking e suas variações. Agora, o mercado cripto também começa a ganhar contornos de ‘as a service’. E quem quer liderar essa corrida é o Zro Bank, banco digital multimoedas fundado em Recife (PE) por Edisio Pereira Neto.
A fintech está colocando no ar nesta quinta-feira (4) uma solução de cripto as a service (CaaS), revela com exclusividade ao Finsiders Carlos Alberto Vilela, mais conhecido como ‘Cazou’, o chief marketing officer (CMO) do Zro Bank.
Voltado inicialmente para fintechs e outras empresas do setor financeiro, como bancos, corretoras de valores, distribuidoras (DTVMs), além de e-commerces e programas de fidelidade, o serviço permite disponibilizar mais de 60 criptomoedas para compra e venda por meio de integração via APIs.
O Zro Bank oferece a plataforma com infraestrutura técnica, operacional e liquidez para as transações ocorrerem, integrada à fintech de criptomoedas BitBlue — também criada por Edísio em 2018 –, além de conexão com mais de dez outras exchanges parceiras espalhadas pelo mundo.
O processo de onboarding e compliance, por sua vez, é assumido pelo parceiro. “A gente entra fazendo a compra e venda das criptomoedas, e devolve o saldo na aplicação do usuário”, explica Cazou.
Justamente por isso, o Zro vai priorizar neste primeiro momento empresas do setor financeiro, mas o executivo não descarta abrir para outros segmentos ao longo do tempo.
A solução é oferecida, como o próprio nome já diz, como um serviço, sem que a marca Zro apareça para os usuários e clientes dos parceiros. Em outras palavras, a fintech fica no back-office, fornecendo a infraestrutura necessária para as transações das criptomoedas.
A ambição é grande: “Queremos ser o principal parceiro de infraestrutura do mercado cripto no Brasil”, diz o executivo, sem abrir números ou projeções a respeito da nova vertical de negócio.
Ele conta que alguns clientes já estão em processo de implantação, assim como existem negociações, ainda confidenciais, em curso com players do setor financeiro de “bom volume”.
Os casos de uso do cripto as a service são inúmeros, e incluem desde programas de pontos e cashback em cripto até corretoras de investimento que poderão oferecer o serviço de negociação de criptomoedas em suas plataformas, ou ainda empresas que queiram disponibilizar cripto como parte do pacote de benefícios, exemplifica Cazou.
“Estamos inaugurando uma equipe comercial para ir atrás de clientes e projetos que entendemos que tenham sinergia e façam sentido.”
A criação da nova vertical ocorre semanas depois que o Zro anunciou sua primeira rodada de investimentos — inicialmente de R$ 25 milhões, mas que chegará a R$ 61 milhões com a entrada de um dos maiores players do setor financeiro, cujo nome ainda não foi revelado.
Em um ano de operação, o aplicativo superou a marca de 350 mil downloads, sendo mais de 100 mil usuários. A expectativa é chegar a 1 milhão de downloads em 2022.
O plano de expansão inclui, ainda, colocar para rodar um conjunto de novos produtos e aumentar a oferta de moedas — hoje só o bitcoin está disponível. Em janeiro, entra no ar uma nova versão do app já com algumas novidades, incluindo esse “pacote grande” de criptomoedas disponíveis.
O Zro pertence aos mesmos sócios do Grupo B&T. Inspirada no Revolut, neobank britânico, tem uma leve pitada do chinês WeChat — por meio de uma integração com o Telegram, os usuários do Zro Bank podem fazer pagamentos e transferências em poucos segundos.
A fintech opera como correspondente do Banco Topázio e tem integração com a BitBlue, onde nasceu o Zro, inclusive. Em 2019, a empresa se uniu à CoinWise. Com a fusão, Marco Carnut, ex-CEO da CoinWise e fundador da empresa de cibersegurança Tempest, virou CTO do Zro Bank e está à frente da tecnologia desenvolvida pelo banco digital.
O Zro quer levar o mercado cripto para mais empresas e, consequentemente, pessoas, num momento em que este setor passa por forte aquecimento. Nesta quinta-feira (4), a Transfero divulgou o lançamento da sua plataforma de negociação de criptoativos.
O Mercado Bitcoin, maior exchange da América Latina, vem fazendo aquisições — entre elas, a gestora ParMais. Recentemente, a empresa também colocou no ar uma operação chamada MezaPro, com foco em investidores institucionais. Já a mexicana Bitso anunciou, em maio, o início das operações de varejo no Brasil e trouxe um ex-Nubank.
Como apontaram em relatório recente os analistas do Bank of America (BofA), o mercado de ativos digitais é “grande demais para ser ignorado”. No Brasil, o segmento vem ganhando força, impulsionado pelo movimento de busca por ativos de maior risco pelos investidores brasileiros.
Leia também:
De olho em cripto, TC investe na 2TM, dona do Mercado Bitcoin
Banco Central diz que brasileiros compraram R$ 19,7 bilhões em criptomoedas em 2021
Do sal ao blockchain, a revolução e o futuro do dinheiro | Report