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“Imagine um banco. Agora esqueça tudo o que imaginou”. Esse é o slogan do Zro Bank, que foi lançado para o público em geral na semana passada. A fintech une na mesma plataforma transações em real e em bitcoin. Em breve, serão incluídos pagamentos internacionais, conta em dólar e cartão de crédito com cashback em bitcoin, conta Edisio Pereira Neto, CEO e cofundador do Zro Bank, em entrevista exclusiva à Finsiders.
O modelo é inspirado em negócios como Revolut, neobank britânico que vale US$ 5,5 bilhões e já captou US$ 917 milhões em 14 rodadas de investimento, segundo dados no Crunchbase. A plataforma do Zro Bank também bebe do formato do chinês WeChat: por meio de uma integração com o Telegram, os usuários do Zro Bank podem fazer pagamentos e transferências, num processo que leva três segundos, garante Pereira Neto.
Desde abril deste ano, a fintech operava em fase de testes com uma base de cinco mil usuários. Agora o aplicativo pode ser baixado nas versões Android e iOS. Hoje com cerca de seis mil usuários, a meta da startup é chegar a 100 mil até o fim do ano.
“Somos um super app financeiro, com ideia de plugar vários serviços financeiros.”
A empresa aposta em três pilares: câmbio, criptomoedas e pagamentos digitais. A intenção é disputar mercado com os bancos digitais, mas sim atrair quem transaciona criptomoedas, um nicho estimado em 15 milhões de pessoas no Brasil. “Para essa pessoa, sou banco, exchange e wallet”, define.
Outro público de interesse do Zro é quem faz pagamentos internacionais com recorrência. Quando a conta em dólar estiver no ar, pessoas que vão viajar também serão um alvo da fintech. Zro vem para ser um banco sem cara de banco, de olho na geração Z, diz o empreendedor.
“Nossa ideia é conquistar fãs que precisam de câmbio, criptomoeda e pagamentos digitais. Como faz o Revolut, banco digital multi-moeda, mas com nosso tempero.”
Operação
Hoje, o Zro oferece uma conta digital gratuita aberta em cinco minutos, com serviços bancários sem custo, como TED, emissão de boletos e pagamento de pagamentos, além de um cartão de débito físico e virtual com bandeira visa. A fintech também está na lista de participantes do Pix.
A fintech opera como a instituição de pagamentos (IP) Zro Pagamentos S.A. e é correspondente da corretora de câmbio B&T, do Banco Topázio e também tem integração com a BitBlue, fintech especializada em criptomoedas fundada por Pereira Neto em 2018.
A ideia do Zro nasceu dentro da BitBlue. No ano passado, a empresa se uniu à CoinWise. Com a fusão, Marco Carnut, ex-CEO da CoinWise e fundador da empresa de cibersegurança Tempest, virou CTO do Zro Bank e está à frente da tecnologia desenvolvida pelo banco digital.
A plataforma começou a ser desenvolvida em junho de 2019 com investimento inicial de R$ 6 milhões, conta Pereira Neto. No ano passado, o Zro participou do programa de aceleração da Visa e foi selecionada este ano para o Scale-Up Endeavor Fintech.
Neste momento, a fintech está em negociação com quatro fundos para uma rodada Série A e pretende levar R$ 15 milhões, num processo que vem sendo conduzido pela Deloitte, segundo o empreendedor. Com o dinheiro, a meta é desenhar a expansão internacional.
Câmbio e cripto
Pereira Neto montou a casa de câmbio Europa em 2005. Dez anos depois, a empresa se uniria à B&T Corretora, dando origem ao Grupo B&T, hoje com mais de 1 milhão de clientes e 20 lojas próprias. Na operação, ele recebeu uma parcela em dinheiro e a outra como participação do Grupo B&T, onde é sócio e diretor de negócios até hoje.
Numa viagem aos EUA, em 2017, conheceu o mercado de criptomoedas. Daí nasceu a BitBlue, fundada em 2018 e hoje uma das empresas com maior volume de transações em bitcoin. O Zro Bank, por sua vez, veio para unir os dois mundos que Pereira Neto conhece: câmbio e criptomoeda. O objetivo é quebrar a barreira que existe para transferência de dinheiro no mundo.
“Queremos chegar num momento em que pessoas no mundo todo possam enviar e receber dinheiro para outras a qualquer momento. E nós fazemos toda a parte burocrática.”