Dario Palhares
A fintech mineira Vanq, que prepara o lançamento de um sistema unificador de cartões de crédito, é só otimismo em relação à sua rodada de seed, prevista para o próximo mês. Pudera, pois, antes mesmo do início formal do processo de captação, a startup, que contabilizou um aporte total de R$ 3,5 milhões na fase pré-seed, realizada ao longo do segundo semestre do último ano, acaba de ganhar uma injeção prévia da ordem de R$ 3 milhões. “Cumprimos de maneira antecipada, dessa forma, uma parcela considerável da próxima captação, que ficará na faixa de R$ 15 milhões a R$ 30 milhões”, comenta o CEO Daniel Cária, que abriu as portas do negócio há três anos.
Os recursos da nova rodada serão utilizados para a realização de testes, que começarão em agosto, e em ajustes do sistema desenvolvido pela casa, com vistas à apresentação oficial do produto ao mercado, prevista para o próximo ano. Nessa etapa inicial, um grupo de cem a 300 usuários terão acesso ao aplicativo para smartphones e ao cartão unificador da Vanq, que permite a concentração de todos os cartões de crédito de um mesmo portador em uma única tarjeta.
“Os usuários só terão de selecionar o cartão com o qual desejam realizar compras ou poderão, entre outras opções, determinar que o aplicativo escolha, de forma automática, o cartão com prazo de pagamento mais dilatado”, diz Cária, que destaca a segurança do sistema. “Nossos cartões não têm números, códigos de segurança e nem mesmo os nomes de seus titulares. São inclonáveis.”
O produto concebido pela fintech de Belo Horizonte, que há poucos dias acertou oficialmente os ponteiros com uma grande administradora de cartões de crédito, teve como origem experiências pessoais de seu fundador. Há cerca de oito anos, como não conseguia gerenciar adequadamente seus seis cartões, Cária começou a pesquisar opções para desatar esse nó, já pensando numa operação comercial. Descobriu, então, uma companhia da Coreia do Sul que oferecia um sistema de centralização e gerenciamento de cartões.
“Cheguei a conversar com eles, mas o problema é que a solução dessa empresa tinha por base um aparelho que custava cerca de US$ 400”, conta. “Como esse valor estava fora da realidade do mercado brasileiro e, além disso, eu não estava disposto a optar por hardware, acabei desistindo.”
Cária apostou, então, em um esquema calcado em um software, desenvolvido por conta própria, e no armazenamento de dados na nuvem. Devidamente formatada, a proposta, que garantirá aos usuários relatórios detalhados de gastos e faturas a vencer, foi apresentada ao público em janeiro, quando começou a ser formada a fila de espera do cartão Vanq, que já soma mais de 30 mil interessados e segue em expansão. Até o lançamento, outras cerejas serão adicionadas ao bolo.
“Os usuários contarão, por exemplo, com cashback em uma moeda virtual que estamos desenvolvendo. Será um benefício adicional àqueles já oferecidos pelas administradoras de cartões”, assinala o CEO, que planeja oferecer três opções de planos a partir de R$ 27 mensais.
Sem concorrentes à vista, pelo menos por ora, a Vanq tem um promissor mercado a explorar. Seu público potencial é formado por cerca de 14 milhões de brasileiros que são titulares de três ou mais cartões de crédito. A meta estabelecida é fechar 2023 com algo entre sete mil e dez mil usuários e mais cem mil candidatos na fila de espera. A médio prazo, a fintech projeta números bem mais expressivos, tomando por base a trajetória da britânica Curve, referência global na unificação de cartões, que, há seis anos na praça, emitiu mais de 2 milhões de tarjetas. “Em cinco anos, acreditamos que nossa base de usuários poderá somar pelo menos 1 milhão”, diz Cária.