Larissa, 41 anos, é casada, mora em São Paulo e tem dois filhos. Ela enfrenta preconceito desde cedo: escolheu fazer engenharia, profissão tradicionalmente vista como masculina. Talvez exatamente por isso, hoje se declare uma “feminista de carteirinha”. Também se autodefine como workaholic – e talvez sem esse traço, não tivesse chegado tão longe. Muitos homens conseguem, mesmo sem ser. Depois de trabalhar em grandes multinacionais, ser expatriada, decidiu ser dona do próprio negócio.
Por que decidiu empreender?
Eu trabalhei em várias multinacionais, inclusive no exterior. Mas brinco que quando a mulher faz 40 anos dá um clique e ela acha que ela é capaz de muito mais do que ela já era, foi aí eu me permiti empreender. Eu disse a mim mesma “eu conheço o mercado, eu conheço finanças, vou acreditar no meu sonho e vou empreender.”
Como enfrentou as barreiras?
Meu último emprego foi na Syngenta. Fiquei dez anos lá, atuei em 12 posições diferentes, e tive muitos obstáculos – não só por não conhecer o setor profundamente, poia é um setor extremamente particular do ponto de vista de finanças, tem uma série de regulações, uma série de particularidades do mercado que requerem bastante esforço e dedicação para você se familiarizar. Mas também por ser mulher, é um mercado machista, finanças é um setor onde a maioria dos executivos são homens, e eu fui a primeira CFO mulher do Brasil na Syngenta – e sentei na cadeira com 36 anos, então também fui uma das mais jovens, tenho muito orgulho de ter conquistado essa posição. Mas eu sou uma feminista de carteirinha. Eu acho que a gente pode escolher ser vítima do machismo estrutural e não sair do lugar, ou encarar isso como um obstáculo a mais, como tantos outros, e lutar para superar.
Onde quer estar em dez anos?
Quero um mundo menos machista. Eu participo de um grupo chamado Women Fintech, são várias empreendedoras do Brasil, e de outro grupo de meninas mais jovens que não necessariamente são empreendedoras, mas que atuam em diversos setores de multinacionais, consultorias, enfim, e a gente se reúne uma vez por mês para fazer troca de experiência, e assim, suportar uma a outra mesmo, dividir e entender como crescer com aquela experiência e passar aquele obstáculo, e não ficar numa posição passiva. O mundo é machista, é difícil entrar, mas não vamos deixar para lá: vamos achar uma forma e vamos chegar lá.