A a55, fintech de crédito para empresas com receita recorrente (“revenue-based financing”), está anunciando nesta terça (4) um aporte de US$ 35 milhões para financiar as operações de crédito no México. A captação, liderada pela gestora americana Accial Capital, vem para ajudar a alavancar a expansão da fintech no país, iniciada no ano passado, quando a a55 concluiu sua rodada Série A. Nesse aporte, participam também a E3 Negócios e o Mouro Capital, que entraram na Série A.
Em outubro do ano passado, André Wetter, cofundador e CBO da fintech, já havia antecipado ao Finsiders um pouco dos planos no país: “Fechamos com dois novos parceiros, que não podemos divulgar ainda, para dar recursos para empresas no México. Começamos a fazer marketing e abrimos uma Sofom [Sociedad Financiera de Objeto Múltiplo], que é similar a uma SCD, o que nos dá mais independência”. Dito e feito.
Com a nova captação, a fintech vai acelerar o crédito para as empresas em sua carteira no México. E um dos instrumentos usados será uma estrutura de trust (também conhecida como fideicomiso), o que seria equivalente a um FIDC no Brasil, diz Hugo Mathecowistch, cofundador e CEO da a55, em entrevista exclusiva ao Finsiders.
No Brasil, a a55 tem um FIDC chamado “a55 SaaS”, gerido pela Empírica Investimentos, e também se vale de emissões de debêntures por meio de uma securitizadora própria, a a55 Companhia Securitizadora de Créditos Financeiros S.A. Hoje, a fintech opera como correspondente bancário da Socinal e da BMP Money Plus.
Desde o início do negócio, em 2017, a a55 já financiou mais de R$ 200 milhões no Brasil e no México em mais de mil operações para mais de 200 empresas, entre elas, Exact Sales, Ahgora e Rock Content. Em 2020, o faturamento da fintech cresceu 480% e para 2021 a expectativa é ampliar a receita em 600%. Até 2022, a meta é superar R$ 1 bilhão em crédito originado no Brasil e US$ 100 milhões no México.
A fintech começou concedendo crédito a partir de R$ 500 mil, mas no ano passado reduziu os tíquetes e hoje libera linhas a partir de R$ 30 mil, podendo chegar a R$ 5 milhões. O foco são pequenas e médias empresas, com receita recorrente, de diferentes setores, que precisam de capital de giro. O público-alvo são negócios que faturam, pelo menos, R$ 20 mil por mês, mas a fintech já fez operações para empresas com receita inferior a essa quantia.
As soluções de tecnologia da a55 incluem uma plataforma de monitoramento de crédito para mutuários, uma seção de insights sobre receita e métricas de custo, um sistema integrado de gerenciamento de convênios de fluxo de caixa e ferramentas de depósito e divisão de receita. Para investidores, a fintech desenvolveu uma plataforma de gerenciamento e monitoramento de portfólio alimentada em tempo real por dados transacionais.
Fundada em 2017 pela dupla de empreendedores, a a55 tem entre os investidores Mouro Capital — como passou a ser chamado no ano passado o Santander InnoVentures, fundo de Venture Capital do Santander –, além da empresa de investimentos E3 Negócios por meio do seu fundo ZFM. No captable, estão, ainda, o VC TM3 Capital, SaaSholic e a gestora Alma Capital (Nova York), além da investidora-anjo Camila Farani.
Com mais de 80 funcionários, nos escritórios em São Paulo, Florianópolis e México, a a55 também vem avançando em outras linhas de receita. No segundo semestre de 2020, lançou uma solução de crédito para financiar campanhas de marketing digital. A ideia é implantar esse produto também no México no segundo semestre deste ano.
O serviço funciona a partir da conexão das contas das empresas no Google Ads, Facebook Ads, Google Analytics e dados transacionais de faturamento do cliente em um único cadastro. A amortização do investimento, por sua vez, é realizada por meio da captação de uma porcentagem das vendas diárias.
“Como parte do roadmap do Series A, estamos desenvolvendo diversas features para o produto. A ideia é implantar esse produto também no México no segundo semestre deste ano”, revela Wetter.
O crédito para startups e empresas com receita recorrente é uma modalidade que vem sendo explorada por outros players. O BTG Pactual divulgou na última semana uma linha nesse modelo, confirmando o que o Finsiders já havia antecipado. Outros nomes, como a gestora Galapagos Capital (do ex-BTG Carlos Fonseca) e o fundo Brasil Venture Debt (gerido pela SP Ventures), avançam em crédito para startups, por meio do chamado venture debt.
Já no financiamento a campanhas de marketing digital, uma fintech que desponta é a Divibank, que deu largada em suas operações no início da pandemia. A startup é investida da Maya Capital.