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As fintechs continuam na mira dos investidores. Nos quatro primeiros meses de 2021, elas captaram US$ 731 milhões em 45 aportes — apenas em abril, foram US$ 123 milhões em 12 deals. Os números estão na nova edição do relatório Inside Fintech Report, produzido pela empresa de inovação Distrito.
Houve uma redução em volume de investimento nos dois últimos meses, após um janeiro e fevereiro muito fortes. Ainda assim, foram ao menos US$ 50 milhões aportados em março e abril. O total investido no primeiro quadrimestre de 2021 representa seis vezes o do mesmo período de 2020.
Em abril, a Warren levantou uma Série C de R$ 300 milhões, captado com um pool liderado pelo GIC, fundo soberano de Cingapura e investidor de Nubank, Sankhya Hotmart e VR Benefícios. O round foi acompanhado pelos fundos Ribbit Capital (que investe em Nubank e Cora), Kaszek (investidor de Belvo, Creditas e Guiabolso) e Chromo Invest – todos investidores desde a Série A –, além de QED Investors, Meli Fund e Quartz, que haviam entrado na Série B.
Por falar em investidor da Cora, a fintech fundada por Igor Senra e Leonardo Mendes também anunciou em abril sua Série A de US$ 26,7 milhões (mais de R$ 150 milhões) liderada pelo fundo americano Ribbit Capital (investidor de Nubank, Brex e Guiabolso, entre outros) — que já investia na Cora. O round foi acompanhado por Kaszek Ventures, também já presente no captable da startup. Juntaram-se a eles dois novos nomes fortes em venture capital: QED Investors e Greenoaks Capital.
No fim de março, o FitBank, provedor de infraestrutura de pagamentos, levantou uma rodada de R$ 30 milhões — R$ 10 milhões aportados pela CSU, especializada em soluções tecnológicas para meios de pagamento, customer experience e fidelização e incentivo de clientes. O round contou tambem com a participação dos atuais acionistas, que assinaram um cheque de R$ 20 milhões. O valuation foi de R$ 280 milhões. Com o aporte, a CSU se juntou ao J.P. Morgan no captable, que comprou uma fatia minoritária no negócio no ano passado.
Também no terceiro mês do ano, a Acqio recebeu um cheque de US$ 8,6 milhões da XP Asset. Já em fevereiro, o destaque foi a Série C da Recarga Pay, que levantou US$ 70 milhões (R$ 385 milhões), em uma rodada liderada pela IDC Ventures e pela Fuel Venture Capital, com participação dos fundos ATW, LUN Partners e o corporate venture da Experian. Foi o terceiro round feito pela fintech, criada em 2009 pelo empreendedor argentino Rodrigo Teijeiro. No total, a startup já captou mais de R$ 550 milhões com investidores como IFC, braço de investimentos do Banco Mundial, e FJ Labs, do fundador da OLX, Fabrice Grinda.
Desde 2012, as fintechs brasileiras vêm numa crescente, e apresentaram crescimento exponencial nos últimos dois anos, quando passaram a marca de US$ 1 bilhão recebidos em aportes, tanto em 2019 quanto em 2020. A expectativa é que 2021 supere esse biênio.
“Devemos seguir batendo recordes de investimentos no setor, à medida que outros players importantes atingem seu pleno desenvolvimento”, diz Tiago Ávila, head do Distrito Dataminer, braço de inteligência de mercado do Distrito, responsável pelo estudo Inside Fintech Report.
Segundo o relatório, os late-stages concentram a maioria do investimento em fintechs. Esse quadro se explica pela escala dos desafios a que estão expostas as empresas mais maduras, e também pelo próprio perfil dos investidores, que tendem a aportar valores altos nessas fases do empreendimento, já que o retorno financeiro é mais provável. O Nubank sozinho lidera a lista de maiores aportes no setor, em rodadas Series F e G que chegaram a US$ 400 milhões.
Ainda segundo o documento, foram 14 fusões e aquisições (M&A) feitas até o final de abril — mais da metade do total em 2020. Os compradores são em sua maioria diferentes, com apenas a Boa Vista e a Locaweb adquirindo duas fintechs até o momento. Outra empresa que adquiriu mais de uma fintech, porém uma em 2020 e outra neste mês, foi a Via, que comprou o banQi e a Celer, respectivamente. Em outro material divulgado recentemente, o Distrito estimou que os M&As devem crescer mais de 50% este ano em relação a 2020.
Muitas operações não têm valores revelados, mas um dos maiores deals do ano até agora foi a compra da Konduto pela Boa Vista, no valor de US$ 29,6 milhões — e a Boa Vista está com apetite para mais, conforme noticiou o Finsiders. Outro destaque no ano foi a fusão entre a Rebel e a Geru, dando origem a Open Co, uma das maiores fintechs de crédito do Brasil.
Evolução
Atualmente, o Distrito contabiliza 1.158 fintechs no Brasil, a maior parte delas voltadas para meios de pagamento (15%), seguido por crédito (13,6%) e backoffice (13,2%). Na série histórica, que começa em 2012, as fintechs brasileiras receberam, ao todo, US$ 4,6 bilhões em 536 aportes, somando os deals feitos até o final de abril de 2021.
Segundo o relatório do Distrito, há uma tendência de especialização no ecossistema, com o aumento da competitividade e da complexidade das soluções financeiras tecnológicas. Por tratar-se de um setor mais maduro, entrantes no mercado buscam estratégias diferenciadas de atuação.
“Com o ambiente regulatório construído pelo Banco Central, por meio de resoluções que reduzem a burocracia – com destaque para o Pix e open banking – além da aceleração da digitalização de negócios em função da pandemia, diversas oportunidades têm surgido para atuação das fintechs. Até o momento, há 1.158 fintechs no Brasil, e esse ecossistema tende a crescer num ritmo acelerado. Diante deste cenário, o Brasil tem se tornado uma referência em tecnologias focadas em serviços financeiros e possui um ambiente propício para as fintechs”, analisa o sócio da área de Private Enterprise da KPMG do Brasil, Jubran Coelho.
Outro dado interessante é o de que mais da metade das fintechs (52,3%) oferecem suas soluções para outros negócios — ou seja, são B2B. Serviços voltados diretamente aos consumidores são pouco mais de um quarto (27,3%). Há, ainda, as que oferecem soluções tanto para um, quanto para outro (13,6%).
No entanto, a discrepância de gênero no quadro societário se mantém elevada no mercado de fintechs — elas estão entre as empresas com maior desigualdade de gênero. São 87,3% sócios homens, ante apenas 12,7% de mulheres.
Quer acompanhar os aportes e as operações de M&A, com profundidade? Acesse a editoria “Cifras e deals” no site da Finsiders.
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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.
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