XP mostra que vai acelerar compras em 2022

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Você piscou e a XP anunciou mais uma aquisição de grande porte. Hoje, foi a vez da compra de 100% do Banco Modal, por meio de incorporação de ações, que valem atualmente R$ 3 bilhões.

Durante teleconferência com analistas realizada na manhã desta sexta-feira, os CEOS de ambas as empresas — Cristiano Ayres (Modal) e Thiago Maffra (XP Inc.) — quiseram passar a mensagem de que a aquisição, na verdade, é uma “união de forças”, tanto que por diversas vezes mencionam um ao outro como futuros sócios.

Conforme comunicado, a compra se dará por meio da entrega de 19,5 milhões de ações classe A de emissão da XP Inc., que representa um prêmio de 35% sobre a média de preço dos últimos 30 dias do Banco Modal. Mesmo assim, o Modal  convocará uma assembleia geral para decidir sobre a conversão de todas as ações preferenciais em ações ordinárias. Isso permitirá a migração para o Novo Mercado da B3.

De acordo com o diretor de RI do Modal, Bruno José de Castro, a previsão é que a transação, que inclui aprovações dos órgãos reguladores (Banco Central e Cade), deve ser concluída dentro de 15 meses.

Deixando de lado a parte técnica, os executivos apontam que o racional da operação é competir com grandes bancos, que ainda detém grande parte do mercado incluindo factoring e asset.

Será um desafio e tanto.  Nos últimos 12 meses até setembro de 2021, a XP Inc. e o Banco Modal somaram R$11,8 bilhões em receitas líquidas combinadas, enquanto os cinco maiores bancos brasileiros totalizaram R$427 bilhões.

E não só isso. Juntas as empresas possuem 3,8 milhões de clientes ativos, enquanto os cinco maiores bancos brasileiros somavam 457 milhões clientes totais com relações bancárias e 175 milhões de clientes com operações de crédito, sem excluir duplas  contagens.

Sem falar nos movimentos feitos por diversos tipos de concorrentes para escalar, como Nubank e seu IPO, assim como as aquisições do TC e BTG Pactual (que fechou a aquisição de 100% do Grupo Universa, conglomerado que leva a casa de análise Empiricus e a corretora Vitreo, bem como os sites Seu Dinheiro e Money Times).

Por isso, o CEO do Modal também frisou que o deal já é uma forma das empresas se prepararem para as oportunidades que virão com Open Finance.

House of brands

No início da semana, com a aquisição de uma fatia do Grupo Suno, a XP deixou claro que vai acelerar os deals em várias frentes. Com o acordo de hoje, além de produtos bancários, a gestora criada por Guilherme Benchimol poderá ter maior acesso a clientes B2B2C e soluções de banking as a service (BaaS) oferecidos pelo Modal.

Além disso, do lado dos investimentos, a XP conseguiu evitar competir de frente com o próprio Modal, que já estava alocando ativos por meio do seu recente sócio Credit Suisse (desde o meio de 2020, após venda de 35% de participação) e avançava na atração de escritório de agentes autônomos, após a compra da da casa de research Eleven Financial, em 2021.

De acordo com as demonstrações financeiras do terceiro trimestre de 2021, o acordo acrescenta R$ 30,4 bilhões em ativos sob custódia da XP, que já se aproximava dos R$ 800 bilhões em seu guarda-chuva.