Cartão de crédito com limite dinâmico é a nova aposta do alt.bank

Fernando Barbosa*, para o Finsiders

Há pouco menos de oito meses, o alt.bank, fintech fundada em 2018 pelo americano Brad Liebmann (um ex-executivo do tradicional Lehman Brothers) para explorar as deficiências do setor bancário brasileiro — em especial os desbancarizados –, fazia a sua primeira rodada de captação no mercado.

Com a Série A, liderada pela Union Square Ventures (um VC que já investiu em companhias como Twitter e Stripe), a fintech embolsava US$ 5,5 milhões para criar novos produtos, como uma conta PJ focada em MEIs, empréstimo pessoal e cartão de crédito.

Pouco depois, um ‘chorinho’, junto à Union Square e demais investidores-anjo do primeiro round, como Taavet Hinrikus (CEO e fundador da Wise, ex-TransferWise), Nick Talwar (CEO da CircleUp) e Iñaki Berenguer (CEO e cofundador da CoverWallet), levaria a rodada a US$ 10,5 milhões.

Nesta segunda-feira (17), o alt.bank anuncia um cartão de crédito, que será oferecido em duas modalidades, acrescentando um novo produto ao portfólio que já tem o chamado “amarelinho” — o cartão de débito amarelo fluorescente da bandeira Visa.

Na primeira modalidade, o cliente faz um depósito do valor que deseja ter como limite na sua conta, e tem aquele montante bloqueado momentaneamente para utilização. A ideia é auxiliar o consumidor que não possui cartão a construir um score de crédito. O valor tem correção de 100% do CDI.

No segundo caso, o alt.bank vai usar dados de perfil de consumo, a exemplo dos tipos de estabelecimentos recorrentes e o nível dos gastos, para estabelecer um limite de crédito dinâmico. O limite do usuário pode ser ajustado de forma diária, tanto para cima, como para baixo, conforme o seu comportamento e necessidades.

O country manager do alt.bank no Brasil, Fábio Silva, explica que o público-alvo da fintech, hoje, não se restringe apenas aos desbancarizados, mas é amplo e abrange qualquer pessoa que deseje ter suas finanças organizadas.

“Queremos mostrar para o mercado o conceito de justiça financeira”, diz. “A gente acredita que as pessoas podem ter acesso a produtos financeiros de acordo com o perfil e poder aquisitivo. Um produto não precisa ser mais caro porque você ganha mais, as coisas precisam ser justas.”

O executivo evita fazer prognósticos, mas entende que um período de seis meses é suficiente para entender melhor o cliente e fazê-lo migrar para o cartão tradicional.

E diz, também, que o limite dinâmico não tem um fim punitivo. “Não queremos que as pessoas usem o cartão para se endividar, mas tenham como um benefício de acesso a bens.”

Com esses passos, a fintech espera dobrar o número de clientes ativos nos próximos seis meses, a partir da data de estreia do cartão no mercado, marcada para abril.

A empresa não diz quantos consumidores possui. Mas, ao final de 2020, somava 1 milhão de downloads e 130 mil usuários ativos na sua base — isso em pouco mais de um ano, já que o funcionamento veio só em 2019.

O crescimento acelerado passou por algumas parcerias, como a oferta de descontos em redes de farmácias, entre elas, Drogasil, Droga Raia e Pague Menos, e um serviço de saúde, ofertado junto à dr.consulta.

Por conta da inundação de fintechs e bancos digitais nos últimos anos, o executivo entende que o segmento bancário no Brasil tem se tornado cada vez mais saudável.

“O mercado está dizendo: ‘olha, queremos ter resultados financeiros, mas sem prejudicar a vida dos clientes’. A conscientização vai estar cada vez mais presente, ao menos em parte das instituições”, afirma. Ao que parece, o alt.bank é justamente parte dessa tendência positiva.

Disputa de mercado

Mas o alt.bank terá de suar a camisa para brigar com os demais competidores. Na última semana, Bitz e Next, ambos do Bradesco, anunciaram a marca de 13 milhões de clientes — sendo 10 milhões do Next e os outros 3 milhões do Bitz.

No final do quarto trimestre, o iti, do Itaú, já contabilizava 10 milhões de contas. Sem falar de players mais consolidados, como Inter e Nubank, que têm 16 milhões e 48 milhões de usuários, respectivamente.

*Fernando Barbosa é jornalista formado pela Universidade Anhembi Morumbi. Passou por jornais como Diário de São Paulo e DCI e pelas revistas Dinheiro Rural e Globo Rural. Também já contribuiu com os sites NeoFeed e PEGN. Atualmente, escreve para UOL e Finsiders. É apaixonado por futebol e corintiano fanático (assim como o editor-chefe do Finsiders, Danylo Martins).

Leia também: 

Base de clientes do Inter quase dobra em 2021

SoftBank lidera aporte na agfintech TerraMagna

a55 capta US$ 17 milhões e entra para o portfólio da Movile