Há pouco mais de dois meses, o Linker anunciou o lançamento de três planos de assinatura, nos moldes de serviços de streaming, em um claro movimento oriundo da conexão com sua controladora Omie, plataforma SaaS de ERP na nuvem. Agora o banco digital PJ dá um novo passo nesta jornada de união entre banking e serviços de gestão, seguindo a tendência do ‘beyond banking’.
Em notícia antecipada com exclusividade ao Finsiders, o Linker divulga a criação de um quarto plano de assinatura, o Ultra. A nova opção — que custa R$ 159,90 por mês — terá um pacote de serviços mais amplo e personalizado.
Entre os diferenciais estão: executivo de conta, consultorias de gestão financeira e de marketing digital, além de um cashback de 0,5% nas compras acima de R$ 50 feitas com o cartão virtual, com o dinheiro de volta direto na conta PJ.
“Depois que lançamos os três planos — Go, One e Multi —, percebemos que existia um grupo de clientes no Multi que se encontravam em um nível de aceleração maior e tinham necessidade de uma maior personalização”, explica Daniel Benevides, cofundador e Chief Product & Design Officer do Linker, em conversa com o Finsiders.
“Percebemos também que esse cliente queria alguém mais próximo da operação. Daí criamos a figura do executivo de conta, que tem um perfil consultivo e não vai vender produtos.”
Na prática, o executivo de conta é uma espécie de “gerente 2.0”. Em outras palavras, é um profissional de confiança que atuará de maneira próxima às pequenas e médias empresas (PMEs) atendidas pelo banco digital. “É uma mistura de médico de família com um concierge”, diz Daniel. “A ideia é ter o lado humano com a agilidade do digital.”
O cliente do plano Ultra terá direito, ainda, a quatro consultorias online sobre gestão financeira por ano e outras quatro sobre marketing digital. A primeira é fruto de uma parceria com a Triven, que tem um modelo de “CFO as a service”. Já o segundo tipo de serviço é oferecido pela Pareto, uma empresa de automação de processos robóticos (RPA, na sigla em inglês) que automatiza rotinas de marketing e vendas.
No caso das campanhas de mídia paga, caso a empresa ainda não tenha experiência ou conhecimento sobre essas ações, haverá um incentivo: após R$ 1,2 mil gastos nos primeiros 60 dias de uso do software da Pareto em campanhas de mídia paga em Meta Ads e Google Ads, a Pareto vai pagar outros R$ 1,2 mil.
O público-alvo do novo plano de assinatura são as empresas que buscam serviços para além do banking, e faturam a partir de R$ 500 mil/ano, podendo chegar a R$ 10 milhões/ano. O foco do plano Ultra é a exclusividade, personalização e o tratamento diferenciado, explica Daniel. Tanto é que outro diferencial é a possibilidade de a empresa emitir boletos com sua própria logomarca.
Segundo o executivo, dos mais de 40 mil clientes hoje na base do Linker, 80% são autônomos e profissionais liberais, e o restante (20%) são negócios de maior porte. “Quando olhamos o nível de engajamento, esses 20% são os mais engajados”, diz ele. “Nossa proposta é focada nesse perfil de cliente, que chamamos de empresas organismos, que têm mais de um sócio e mais de um decisor financeiro.”
Opções
Em agosto, o Linker lançou as três primeiras opções de planos de assinatura — Go, One e Multi. O primeiro, e único gratuito, oferece serviços bancários básicos que a fintech já disponibiliza, como operações com Pix, cartões físicos e virtuais sem anuidade e o restante do transacional no modelo “pague apenas pelo que usar”.
Com valor mensal de R$ 34,90, o plano One é voltado para autônomos e profissionais liberais e oferece também a emissão de notas fiscais de serviços, além do pacote de transações e dos cartões. “O interesse dos clientes está sendo bom. Estamos vendo aumento na seleção de planos pagos”, diz Daniel.
No Multi — que custa R$ 79,90 por mês — o público-alvo são as PMEs que já apresentam crescimento e possuem uma estrutura que demanda mais ferramentas de controle financeiro. Um dos diferenciais deste último é uma ferramenta que consolida o extrato das contas bancárias mantidas pela empresa, no primeiro movimento feito pela fintech em direção ao Open Finance.
Próximos passos
Em breve, o Linker também vai incluir uma ferramenta de “DDA inteligente”, que funciona como um buscador de boletos emitidos para o CNPJ das empresas. Para os próximos meses o banco digital prepara, ainda, o lançamento de sua maquininha de cartões, conforme David Mourão, cofundador e CEO, já havia dito ao portal Fintechs Brasil, parceiro de conteúdo do Finsiders.
“Vamos oferecer a maquininha para todos os planos. E para o próximo ano estamos preparando o lançamento do cartão de crédito”, revela Daniel, ao Finsiders.
O Linker atua como instituição de pagamentos (IP) não regulada e, para operacionalizar seus serviços financeiros, tem parcerias com a fintech Dock (fornecedor de banking as a service, BaaS) e com o banco BV (que atua como banco custodiante).
Mercado
A combinação entre banking e ERP tem crescido. Além de Omie e Linker, grandes players estão se movimentando nessa direção. O Itaú Unibanco, por exemplo, fez uma joint-venture com a Totvs. O Bradesco, por sua vez, fechou uma parceria com a SAP Brasil. Vale lembrar, ainda, que há cerca de dois anos a Stone comprou a Linx, após meses de disputa com a Totvs.
“Ao irem além do banking, conceito que vem sendo chamado de ‘beyond banking’, as instituições ampliam o relacionamento com os clientes, conseguem ter mais informações e dados, entendem o perfil de consumo e, assim, aprofundam a personalização dos serviços financeiros, oferecendo produtos mais adequados a cada perfil”, disse Bruno Diniz, especialista em inovação financeira e sócio da consultoria Spiralem, em entrevista recente ao Finsiders.
No caso das PMEs, o tamanho da oportunidade é nítido. Dos mais de 20 milhões de CNPJs ativos no Brasil, quase 94% são de micro e pequeno porte, conforme dados do Mapa de Empresas, do governo federal. Segundo o Sebrae, os pequenos negócios geram renda de aproximadamente R$ 420 bilhões por ano.
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