Por Helen Child*, exclusivo para o Finsiders
O Brasil é o lugar que todo mundo está olhando quando se trata de Open Finance. E não digo isso apenas com base em minha própria opinião e experiência na área: essa foi uma das principais descobertas do Global Open Finance Index, um relatório recente sobre o estado global do Open Banking preparado pela Open Banking Excellence (OBE), que teve como base dados de mais de 400 especialistas de 23 países.
Como podemos ver no relatório, o Brasil está sempre entre os 10 mercados que lideram os principais aspectos do crescimento em fintech, como acesso a investimentos e talentos, colaboração e adoção do consumidor.
Ao comemorar o marco de dois anos desde o início da implementação do Open Finance no Brasil, vocês podem se orgulhar muito do trabalho feito até aqui e o ritmo impressionante com que o tema evoluiu. E não se esqueçam de fazer um brinde também ao Banco Central (BC). O Brasil tornou-se um exemplo de verdadeira inovação regulatória: o BC criou a base regulatória e reuniu todo o mercado financeiro para colaborar na definição dos padrões a serem seguidos.
E o regulador continua incentivando projetos e iniciativas que ajudem esses avanços a realmente impactam a população de maneira positiva — como o LIFT. Se isso não é um modelo de como implementar corretamente uma mudança tão ambiciosa no mercado financeiro, não sei o que é.
Todo o trabalho liderado pelo Banco Central e desenvolvido de forma tão colaborativa por todo o setor coloca o Brasil em um lugar único: vocês estão mais bem posicionados para o futuro do que qualquer outro lugar do mundo neste momento. Isso é um alerta para países como o Reino Unido, que liderou a iniciativa Open Banking até agora.
Tenho a sorte de poder dizer que vi o Open Banking nascer e evoluir da primeira fileira, tanto no Reino Unido quanto em outros países. Fundei o Open Banking Excellence para criar uma plataforma onde pessoas e empresas pudessem colaborar e ajudar a catalisar a adoção do Open Banking — ajudando a evoluí-lo para Open Finance e, eventualmente, para Open Data. E uma coisa que aprendi por estar conectada a muitas iniciativas globais é que não dá para ficar estagnado.
Agora que o mundo está de olho em vocês, qual é o próximo passo para o Brasil? Essa pressão positiva deve inspirá-los a continuar evoluindo. Afinal, são infinitas as aplicações para facilitar a vida das pessoas por meio do Open Finance. Um caso de uso muito impactante que vimos no Reino Unido foi o HMRC usando o Open Banking para arrecadar mais de 10 bilhões de libras em impostos, de forma segura e rápida. O governo brasileiro pode com certeza se inspirar nesse uso e impactar ainda mais pessoas devido ao seu alcance.
Aprender com outros países e colaborar globalmente foi um dos aspectos-chave para o sucesso do Brasil e é importante que vocês continuem compartilhando as melhores práticas enquanto seguem inovando.
*Helen Child é fundadora e CEO da Open Banking Excellence (OBE), comunidade global de conhecimento sobre Open Finance.
As opiniões neste espaço refletem a visão dos especialistas e executivos de mercado. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações apresentadas pelo(a) autor(a) do texto.
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