O papel do Open Finance para a inclusão financeira na América Latina

O Open Finance é um ecossistema que permite que os clientes compartilhem seus dados financeiros de forma segura com terceiros confiáveis para acessar produtos e serviços financeiros novos e inovadores. Esse modelo ganhou impulso significativo em todo o mundo e tem potencial para transformar o cenário do setor na América Latina.

Vários países da região ainda enfrentam desafios para oferecer serviços financeiros a uma parcela relevante de sua população, historicamente desbancarizada ou sub-bancarizada. O Open Finance abre diversas oportunidades para atender esses usuários.

Ao considerar a população desbancarizada com acesso à internet via desktops, caixas eletrônicos e até mesmo por meio de visitas pessoais de prestadores de serviços, existem várias oportunidades de negócios de finanças abertas que podem ser exploradas.

1. Soluções de banco digital

Desenvolver plataformas de banco digital fáceis de usar, adaptadas para a população sem banco. Essas plataformas podem oferecer serviços financeiros básicos, como abertura de conta, transferência de fundos, pagamento de contas e opções de poupança. Concentre-se na simplicidade, facilidade de uso e suporte a idiomas localizados.

2. Serviços de pagamento e remessa

Crie soluções de pagamento digital que permitam transferências de dinheiro domésticas e internacionais contínuas e de baixo custo. Ofereça opções de saque em dinheiro por meio de parcerias com comércios locais e caixas eletrônicos para atender quem não tem conta em banco.

3. Microfinanças e empréstimos P2P

Facilitar serviços de microfinanças e plataformas de empréstimos P2P para fornecer acesso ao crédito para a população sem banco. Use modelos de pontuação de crédito alternativos que aproveitam fontes de dados não tradicionais, como padrões de uso do serviço de telefonia celular, pagamentos de contas de serviços públicos e perfis de mídia social. Todas essas informações podem ser compartilhadas com segurança pelos usuários e processadas por provedores de serviços por meio de contratos Open Finance e Open Data.

4. Educação e alfabetização financeira

Fornecer recursos online, tutoriais e ferramentas interativas para educar a população não bancarizada sobre cultura financeira, orçamento, poupança e opções de investimento. Ofereça conteúdo localizado para atender a necessidades específicas e considerar nuances culturais. Os canais online e físicos podem ser aproveitados, muitas vezes em um plano de comunicação multicanal, para atingir os usuários não bancários com o idioma e os canais apropriados.

5. Seguros

Desenvolver plataformas de seguros digitais que ofereçam produtos de seguros acessíveis e customizados, como microsseguro, seguro saúde e seguro agrícola. Simplifique o processo de sinistros e forneça materiais educativos para aumentar a conscientização sobre a importância do seguro.

6. Investimento e gestão de recursos

Oferecer plataformas de investimento que permitam que a população não bancarizada invista em carteiras diversificadas com base em suas preferências de risco e metas financeiras. Fornecer opções de investimento de baixo custo.

7. Agregadores financeiros

À medida que aumenta a familiaridade dos usuários com os serviços financeiros, construa plataformas de agregadores financeiros que consolidem informações financeiras de várias fontes, incluindo contas bancárias, carteiras digitais e contas de investimento. Considerar inclusive atender clientes que não são da sua instituição! Fornecer uma visão holística das finanças, usando sua linguagem e canais de comunicação (online e offline) permitindo que os usuários acompanhem seus gastos, monitorem as economias e gerenciem várias contas em um só lugar.

8. Soluções de identidade digital

Desenvolver soluções de identidade digital seguras e portáteis que permitam que os indivíduos estabeleçam sua identidade online. Isso pode permitir o acesso a serviços financeiros sem os tradicionais documentos de identificação, facilitando a participação da população desbancarizada na economia digital. Considerar pontos alternativos de serviços (ATMs, comércio local, atendimento em domicílio) para recolhimento e confirmação de dados. A integração físico-digital potencializa as oportunidades de atendimento.

9. Atendimento e suporte ao cliente

Estabelecer canais de atendimento ao cliente, tanto online quanto por meio de atendimento presencial, para esclarecer dúvidas, prestar suporte e solucionar problemas enfrentados pela população desbancarizada. Ofereça suporte no idioma adequado e garanta uma experiência personalizada ao cliente.

10. Colaboração com agentes locais

Faça parceria com empresas locais, instituições de microcrédito e organizações comunitárias para estender seus serviços à população sem banco. Aproveite a infraestrutura e as redes existentes para alcançar áreas remotas e criar confiança na comunidade.

Potencial

É importante realizar uma pesquisa de mercado completa, avaliar os requisitos regulatórios e considerar as necessidades exclusivas da população sem banco para projetar e implementar soluções de finanças abertas bem-sucedidas.

O Open Finance tem o potencial de transformar o cenário financeiro da América Latina e o mercado fez progressos significativos nos últimos anos. A inclusão financeira e maior concorrência trarão um grande progresso para os usuários finais, especialmente com novos canais de distribuição para atender a população historicamente sem banco com uma experiência de usuário completamente nova em comparação aos seus desafios atuais de acesso a serviços financeiros tradicionais.

*Fábio Caldeira é general manager da Ozone API para a América Latina.

As opiniões neste espaço refletem a visão de founders, especialistas e executivo(a)s de mercado. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações apresentadas pelo(a) autor(a) do texto.

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