“Não esperávamos atingir 1 milhão de downloads do nosso aplicativo tão cedo”. Foi assim que Igor Senra, cofundador e CEO da Cora, fintech para pequenas e médias empresas (PMEs), começou a entrevista com o Finsiders, para divulgar este e outros dados em primeira mão.
Para ser mais exato, foram 1,04 milhão de downloads entre fevereiro de 2021 até janeiro de 2022 e isso se deve, em partes, pelo lançamento do cartão de crédito, em novembro do ano passado. O produto já está disponível para cerca de 60 mil clientes e a estimativa é conseguir atender mais 75 mil ainda neste semestre.
Para Igor, é apenas o ponto de partida. “É só o começo da luta”, reconhece. Os planos da fintech vão além de continuar a oferecer soluções financeiras para PMEs. O objetivo é ajudar no amadurecimento desses negócios.
O modelo de análise da empresa para a concessão de crédito é voltado para companhias que Igor afirma estarem “prontas” ou maduras. Em outras palavras, a tecnologia reconhece quais negócios cujo crédito aprovado não será uma espécie de âncora para seu crescimento.
Desta forma, o modelo permite ajudar estabelecimentos menores, que não estão maduros ainda, a identificar o caminho para “chegar lá”, por meio de soluções financeiras.
“Queremos promover uma educação financeira mais ‘gamificada’. Ou seja, mais prática e menos acadêmica.”
Enquanto esse futuro não chega, a luta da empresa segue em se posicionar em um mercado cada vez mais competitivo e uma situação macroeconômica desafiadora. E os números estão favorecendo essa jornada até agora.
A empresa apostava, por exemplo, que iria conceder R$ 250 milhões neste trimestre e já movimentou R$ 316 milhões, fazendo com que sua expectativa seja atingir entre R$ 420 milhões e R$ 470 milhões para o período, e ultrapassar a marca de R$ 700 milhões no fim do semestre, com 130 mil empreendedores atendidos.
Combustível para isso Igor afirma que a empresa ainda tem. “Temos gasolina (funding) suficiente para crescer por um bom tempo focados no produto, sem distrações excessivas com levantamento de capital.”
No ano passado, a empresa recebeu dois cheques com intervalo de dois meses entre eles, o primeiro de US$ 26,7 milhões, na Série A, e outro de US$ 116 milhões, na Série B.
A base de contas abertas soma 367 mil — eram 316 mil seis dias atrás, para se ter uma ideia. Mas não alcançou os 380 mil inicialmente projetados pelo empreendedor para o fim de 2021. A previsão é alcançar 1,5 milhão até o fim deste ano, acima da meta contada no ano passado por ele, de 1 milhão. Em número de downloads, Igor afirma que é possível passar dos 4 milhões até dezembro.
Também está nos planos lançar produtos de crédito para capital de giro no segundo semestre, conforme Igor já havia contado ao Finsiders no ano passado.
A fintech prevê, ainda, colocar na rua uma solução de antecipação de recebíveis, que ainda não foi lançada por causa dos problemas de interoperabilidade entre as registradoras, um desafio que vem sendo abordado e corrigido pelo mercado desde que a norma entrou em vigor, em junho de 2021.
Voo turbulento
De acordo com estudo da plataforma de inovação Distrito, a Cora é uma das aspirantes a se tornar unicórnio neste ano, junto com outras 13 empresas. Mas o contexto mostra que trilhar este caminho não será fácil.
Só para citar exemplos recentes de empresas se movimentando neste mercado, está a chegada da norte-americana Tribal, plataforma de pagamento e financiamento B2B, que tem como diferencial o oferecimento de cartões corporativos em diferentes moedas, ferramentas de controles de gastos, linhas de crédito e transferências internacionais.
Outra é a Adiante, do grupo GCB, cuja ambição é ser super app de crédito para PMEs. Em dezembro, ela informou com exclusividade ao Finsiders que tinha acabado de captar R$ 10 milhões por meio de debênture, e já protocolava mais uma no valor de R$ 100 milhões, com previsão de ser finalizada neste trimestre.
A concorrência inclui, ainda, o Linker (comprado pela Omie em novembro do ano passado), os bancos BTG (com o BTG+ Business) e BS2 (que desligou a operação de pessoa física para se concentrar em PJ), além de fintechs como Conta Simples, Mutual, BizCapital e tantas outras.
(Colaborou Danylo Martins)
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