Nos últimos dois anos, a FinanZero, marketplace de empréstimos online, acelerou o investimento em marketing com campanhas no digital e no offline, tendo como garoto-propaganda o apresentador Celso Portiolli. Agora, com uma média mensal de 1,5 milhão de solicitações de crédito feitas em sua plataforma, a fintech está focada em dar resultado.
“Vamos fazer ‘growth’ este ano, sim, mas o pensamento mudou — para mim, para o conselho e para os stakeholders. Precisamos mostrar o breakeven. É algo que vamos ver cada vez mais no mundo das startups como um todo”, diz o sueco Olle Widén, CEO e cofundador da FinanZero, reconhecendo que a conversa com os investidores agora é outra.
A fintech acaba de levantar US$ 4,1 milhões (aproximadamente R$ 22 milhões) em uma rodada com os atuais investidores — VEF, Webrock Ventures, Dunross & CO e Atlant Fonder — e acompanhada por investidores privados, brasileiros e estrangeiros, que não tiveram seus nomes revelados. “Trouxemos dois novos ‘private investors’. Temos no captable cerca de 30 ‘private investors’”, conta Olle.
O cheque anunciado hoje é o quinto recebido pela empresa. Na última rodada, divulgada em abril do ano passado, a FinanZero captou US$ 7 milhões (R$ 40 milhões, no câmbio da época) para investir, basicamente, na aquisição de clientes com campanhas de mídia, em especial anúncios na TV aberta. Desde a fundação, em 2016, a companhia já recebeu US$ 27,5 milhões em investimentos.
Planos
O aporte captado será destinado, principalmente, para a ampliação da equipe de tecnologia e dados. “Queremos usar o dinheiro para contratar data scientists e crescer nessa parte de data analytics”, explica o fundador. Do lado da demanda, a FinanZero possui um banco de dados com 31 milhões de pedidos de empréstimos já realizados na plataforma. Mensalmente, são cerca de 1,5 milhão de solicitações.
A empresa não abre o volume originado em crédito, tampouco o número de usuários ativos, mas diz que a quantidade de contratos de empréstimo cresceu 143% nos últimos 12 meses, até 22 de abril, na análise ano contra ano. Já a receita mais do que dobrou na mesma base de comparação. A quantidade de leads, por sua vez, saltou 88%.
Na ponta da oferta, a FinanZero tem uma base com 64 instituições parceiras, incluindo bancos como Pan, Santander, Sofisa Direto, além de fintechs como Creditas, BizCapital, SuperSim e Provu, entre outras. “Temos cerca de 30 parceiros com integração via APIs. Temos muitos dados, credit score de vários parceiros”, afirma Olle. “Vamos investir em tecnologia da informação e em ciência de dados para estarmos mais integrados com os bancos.”
O empreendedor diz que o investimento em marketing, principalmente offline, continuará existindo, mas em uma escala menor. “Temos uma marca forte, top of mind. Agora podemos sentar um pouco para trabalhar mais com os clientes que já conhecem a marca e já pediram algum empréstimo”, aponta. É hora de colocar os pés no chão, ou ‘feet on the ground’, como o próprio fundador destaca.
Produtos
Fundada por Olle e os também suecos Joakim Pops e Kristian Jacobsson, a FinanZero tem em seu buscador diversas modalidades de crédito oferecidas por bancos, financeiras e fintechs. O carro-chefe é o empréstimo pessoal sem garantia, mas na plataforma é possível buscar ofertas de crédito com garantia (veículo, imóvel ou celular), além de consignado para aposentados e pensionistas do INSS e, ainda, cartão de crédito.
Hoje, o marketplace tem foco principal em crédito para pessoas físicas (PF), mas a fintech já vem estudando a entrada no mercado de pessoas jurídicas (PJ). “Estamos olhando para entrar no ano que vem. Já temos pelo menos 4 parceiros que trabalham com capital de giro, mas é um produto que ainda não listamos no site.”
Mercado
Com o modelo de marketplace de crédito, a FinanZero não está sozinha. Pioneira nessa estratégia, a Bom Pra Crédito (BPC) se juntou à Focus Financeira em uma sociedade anunciada em março deste ano. Pelo acordo, o marketplace da BPC – que soma mais de 10 milhões de usuários e mais de 30 instituições parceiras — continuará existindo. A fintech, inclusive, lançou recentemente seu aplicativo próprio.
Outras fintechs com propostas semelhantes são a EasyCrédito — comprada em maio pelo FitBank — e a Foregon, que começou como um portal que reúne informações sobre produtos e serviços financeiros e vem avançando na estratégia de marketplace, conforme o CEO e fundador contou ao Finsiders no início do ano.
De acordo com a última projeção feita pela Febraban, o saldo total de crédito no país deve crescer 1,1% em junho, acelerando o ritmo de expansão da carteira em 12 meses para 16,6%, contra uma alta estimada de 16,3% em maio. O crescimento deverá ser puxado pelo crédito às famílias, cuja estimativa de avanço é de 1,4% em junho, diz a entidade.
O último dado divulgado pelo Banco Central (BC), referente a fevereiro, aponta que o estoque das operações de crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN) somou R$ 4,7 trilhões, com alta de 16,6% em 12 meses.
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