Febraban Tech: Programas de inovação dos bancos ampliam conexões

Para gerar efeitos duradouros, é necessário criar uma cultura de inovação, argumentam executivos que lideram programas de grandes bancos

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Os programas de inovação dos bancos evoluíram. Entre os executivos que lideram essas iniciativas em instituições como Banco do Brasil (BB), BTG Pactual, Bradesco e Itaú, é consenso: o relacionamento com startups é apenas uma parte do processo. Para gerar efeitos duradouros, é necessário criar uma cultura de inovação, engajar os funcionários e desenvolver conexões a todo o momento com os diversos agentes do ecossistema.

“Pitch day não vai resolver os problemas. Inovação não é evento, e sim conexão todo dia. É preciso ser recorrente na busca por soluções”, disse Paulo Costa, CEO do Cubo Itaú, durante painel na Arena Fintech, no Febraban Tech, que está sendo realizado nesta semana em São Paulo. “Gosto daquela metáfora da forminha de gelo. Se não enchê-la quando estiver vazia, não vai ter gelo. Então, temos que ajudar a alimentar a comunidade, ser cíclico, não linear. Temos de ter mentalidade de encher essa forminha de gelo para sempre ter gelo.”

Pioneiro como hub de inovação no mercado brasileiro, o Cubo está prestes a completar sete anos e vem se transformando assim como o ecossistema. Operando atualmente como uma plataforma omnicanal, integrando físico e digital, o Cubo reúne aproximadamente 400 startups e uma rede com mais de 50 empresas apoiadoras.

Com o arrefecimento da pandemia, o espaço criado pelo Itaú vem retomando seu papel de lugar para fazer conexões, conta Paulo, que assumiu o posto de CEO há cerca de 70 dias. “As startups querem espaços físicos, mas não cadeiras, cara e crachá, mas um ambiente para se relacionar com clientes, fazer onboarding de funcionários. Para te tirar de casa hoje, precisa ter um bom motivo.”

Ao longo do tempo, o inovaBra, do Bradesco, também vem evoluindo e ganhando novos escopos de atuação. Conforme diz Fernando Freitas, head de inovação do banco, o inovaBra é uma “peça de uma grande engrenagem” chamada Bradesco, uma instituição que investe aproximadamente R$ 7 bilhões por ano em tecnologia.

“Temos mais de 30 vilas orientadas com mais de 4 mil pessoas trabalhando nessas estruturas ágeis. No inovaBra, o que fazemos é entender quais as necessidades e identificamos quem pode ajudar a resolver, seja startup, grande empresa de tecnologia ou universidade.”

Em seu guarda-chuva, o inovaBra reúne iniciativas como o espaço habitat, fundo de Corporate Venture Capital (CVC), laboratório de inovação, área de pesquisa & desenvolvimento (P&D). “Temos um time de P&D dedicado em parceria com a USP, criando um motor próprio de IA da organização. Com startups, temos o habitat, reunindo 220 startups e parcerias com o Brasil inteiro”, afirmou Fernando.

No CVC, o Bradesco possui um fundo de R$ 2 bilhões que já investiu cerca de R$ 850 milhões em 19 deals, contou o executivo. “Trabalhamos com startups que sejam maduras”, disse. Entre os investimentos recentes anunciados, estão as fintechs Smartbrain (consolidação de investimentos) e OneBlinc (crédito para baixa renda nos Estados Unidos).

O boostLAB, programa de potencialização de startups do BTG Pactual, acaba de chegar à 10ª edição, e as empresas selecionadas para o novo batch foram anunciadas hoje (10), conforme antecipou o Finsiders. Nos últimos anos, a iniciativa também ganhou corpo e o banco passou a oferecer a modalidade de venture debt, além de linha de crédito e soluções de banking para as startups.

“O venture debt é uma forma de estender o ‘runaway’ das empresas enquanto esperamos o ambiente ficar mais tranquilo para uma nova captação de equity”, afirmou Frederico Pompeu, sócio do BTG responsável pelo boostLAB. Ele deu como exemplo a Mosaico, dona do Buscapé e do Zoom, que anos atrás recorreu ao venture debt e foi “acompanhada” pelo banco até a realização do IPO. Em outubro do ano passado, a Mosaico foi comprada pelo Banco Pan, controlado pelo BTG.

No Banco do Brasil (BB), a inovação nasceu “de dentro para fora”, conforme explica Cassio Portella, gerente-executivo de tecnologia do BB. “A inovação não é centralizada. É importante, claro, ter um programa centralizando tudo, mas ele deve vir como plataforma, como indutor da mentalidade inovadora para toda a instituição, que hoje tem 95 mil funcionários”, disse.

O executivo informou, ainda, que o BB lançou recentemente o Lentes, laboratório de experimentação e novas tecnologias. Entre os focos estão blockchain e inteligência artificial (IA), com ênfase em deep learning, voltadas para análise de risco. “Em blockchain, temos uma parceria com a startup GoLedger. É algo que já está em execução, rodando e tem potencial de evoluir”, disse.

Além disso, o BB possui um programa de R$ 200 milhões para investimento em startups. “A ideia é fazer smart money, não só dinheiro, para que as startups façam conexões com o banco.”

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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.

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