Um report que acaba de ser publicado pela Open Banking Limited (OBL) mostra a evolução e o impacto do Open Banking no Reino Unido. Em 2022, os pagamentos por meio do sistema chegaram a 68,2 milhões, alta de mais de 170% em relação ao ano anterior. O crescimento mensal tem sido de cerca de 10%, com uma adoção maior por parte das PJs — 16% contra 11% das PFs.
Conforme o estudo, o Open Banking na terra do rei Charles soma 7 milhões de usuários, entre companhias e consumidores. Cerca de 750 mil pequenas e médias empresas (PMEs) estão utilizando produtos a partir do compartilhamento das informações.
Atualmente, 159 instituições estão habilitadas a operar no Open Banking do Reino Unido. Já a quantidade de ‘thirdi-party providers’ (TPPs) regulamentados vem aumentando e chegou a 173 ao final do ano passado. Os TPPs são players não financeiros autorizados pelo órgão regulador a oferecer soluções no ambiente do Open Banking. “As organizações que inovam nesse espaço são geralmente pequenas startups, trabalhando com TPPs maiores”, diz o report.
“É encorajador ver um aumento contínuo e constante na adoção de produtos e serviços bancários abertos, principalmente pelas pequenas empresas do Reino Unido, que estão obtendo benefícios tangíveis de insights de negócios em tempo real oferecidos pelos dados bancários abertos”, afirmou Marion King, presidente da OBL.
Os dados indicam que a diferença entre os dois perfis está aumentando e um dos motivos para isso é o avanço dos softwares de contabilidade em nuvem que usam Open Banking para importar dados. Esse movimento está relacionado a uma tendência de integração cada vez maior entre sistemas de gestão, contabilidade e serviços financeiros.
De acordo com o report, o uso de pequenas empresas é dominado por serviços de informações de contas (AIS, na sigla em inglês) orientados por dados, que permitem que as empresas vejam várias contas em um só lugar, “fornecendo insights valiosos” em tempo real sobre previsão de fluxo, por exemplo. Isso representa 79% do uso comercial, diz o material.
No caso das PFs, os principais usos do Open Banking são para gestão das finanças pessoais e iniciação de pagamentos — 52% dos consumidores utilizam esse serviço. “O crescimento da iniciação de pagamentos no Reino Unido também é representado pela estratégia de inserir a modalidade em contextos dos cidadãos, como no pagamento de impostos”, analisa Gabriel Pereira, criador da plataforma de conteúdo Let’s Open e community manager na Finansystech, em comentários a pedido do Finsiders.
No Brasil, o serviço de iniciação de pagamentos ainda está no início. Atualmente, há 17 instituições aptas a operar, conforme a última atualização da Estrutura de Governança do Open Finance. “Ainda estamos na fase de habilitação de novos ITPs e em breve teremos massa crítica suficiente para avançar com esta forma de pagamento”, aponta Gabriel.
O que mais vem aí?
Segundo o especialista, ainda há também uma “considerável fricção” no processo de transmissão de dados, algumas com trocas manuais de arquivos, quando se fala em soluções de contabilidade e gestão de empresas. “À medida que o Open Finance PJ evolui, é muito provável que observemos uma adoção acelerada por estes serviços, tanto de gestão quanto de contabilidade de PMEs”, diz.
Para ele, a próxima grande onda no mercado é a parceria entre empresas participantes do Open Finance com as não participantes. O objetivo é levar “informações e serviços de dados e pagamentos para outras indústrias”, assim como habilitar casos como o de contabilidades “que poderão consumir dados financeiros dos seus clientes para otimizar os serviços”. Ou ainda áreas internas que poderão “elaborar relatórios e análises financeiras das empresas em tempo real”. Em resumo, mais simplicidade e eficiência.
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