Enquanto alguns bancos digitais e fintechs começam a registrar melhoras nos resultados, num momento de maior busca por eficiência, o Banco Original voltou a ter perdas na última linha do balanço. Em 2022, a instituição controlada pelo grupo J&F teve um prejuízo líquido de R$ 1,66 bilhão, após o primeiro (e modesto) lucro anual, apurado em 2021.
Nas demonstrações financeiras referentes ao ano passado, o Original informa que 2022 foi um ano de “ajustes estratégicos”. Ao longo do segundo semestre, houve mudanças no corpo diretivo do banco — leia-se, a troca de CEO — e uma busca de maior sinergia com empresas que fazem parte da holding, especialmente o PicPay.
Nessa direção, uma das iniciativas é a migração da operação de varejo para o super app, um movimento reportado em detalhes pelo Finsiders em fevereiro deste ano. A explicação para isso tem a ver com o aumento brutal da inadimplência na carteira de crédito pessoa física, o que fez a instituição reforçar como nunca antes o provisionamento contra perdas. Em 2022, a provisão para perdas esperadas em operações de crédito atingiu R$ 4,25 bilhões, um aumento de mais de 700% em relação ao ano anterior.
No balanço, o banco reconhece esse quadro de deterioração do portfólio. “O Original em 2022 foi impactado pela maior inadimplência na carteira de crédito pessoa física, situação que afetou o mercado financeiro de forma geral. Diante do exposto, a administração decidiu por seguir diligente
em seus provisionamentos”, escreveu a instituição.
Além disso, os acionistas do Original precisaram injetar mais recursos no banco, que somaram cerca de R$ 600 milhões ao longo do ano passado — no início de 2022, a instituição vinha dizendo que não precisaria mais de investimentos da holding. Após o aporte, o capital foi elevado para R$ 4,2 bilhões, com a aprovação do Banco Central (BC) publicada nesta sexta-feira (14) no Diário Oficial da União.
Em fevereiro, o regulador também deu aval para um aumento de capital de R$ 150 milhões do PicPay, que recebeu aporte dos acionistas para seu plano de investimentos com foco em crescimento e rentabilidade, segundo afirmou a fintech à época.
Mas voltando ao balanço do Original…
O resultado bruto da intermediação financeira teve um incremento de 71% entre um ano e outro, chegando a R$ 2,3 bilhões ao final de 2022. As receitas de prestação de serviços somaram R$ 442,8 milhões, contra R$ 209,6 milhões, na mesma base de comparação. As receitas com tarifas bancárias, por sua vez, ficaram em R$ 145,2 milhões, leve recuo ante os R$ 149,9 milhões apurados em 2021.
Em 2022, a carteira de crédito cresceu 29,4%, para R$ 16,6 bilhões. A maior parte (R$ 9,5 bilhões ou 57,3% do total) do portfólio é de operações com pessoas físicas. Os segmentos de comércio (R$ 2,64 bilhões) e rural (R$ 2 bilhões) também respondem por fatias relevantes da carteira.
No Original Hub, a divisão de banking as a service (BaaS), foram processadas mais de 490 milhões de transações, quase o dobro em relação a 2021. Por meio da plataforma aberta do banco, players do setor e empresas não financeiras podem usar a prateleira de APIs do Original para oferecer serviços financeiros aos seus clientes.
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