O volume de negócios desenvolvidos globalmente na esteira do ‘embedded finance’ tem potencial para movimentar US$ 7 trilhões. A estimativa foi apresentada por Marcelo Jacques, Chief Strategy Officer (CSO) da Dock, durante o Web Summit Rio, evento realizado no Rio de Janeiro na semana passada. Na avaliação do executivo, esse potencial alcança indústrias de qualquer natureza e tamanho.
Embora o ‘embedded finance’ como processo não seja algo novo, a integração de oferta financeira em produtos ou serviços que não são originados no mundo financeiro tem ganhado mais força por uma combinação de fatores. “A tecnologia se desenvolveu muito nos últimos dez anos, com o surgimento de cloud, software as a service (SaaS), banking as a service (BaaS). Isso barateou o acesso a tecnologia e favoreceu a oferta de serviços financeiros”, afirmou Marcelo.
Segundo o executivo da Dock, o avanço da tecnologia, combinado à expansão dos processos de digitalização, ao amadurecimento da regulação, sobretudo no Brasil, e à demanda por serviços hiperpersonalizados, favorece o desenvolvimento do ‘embedded finance’.
Para que os projetos com integração de serviços financeiros e bancários em plataformas corporativas tenham sucesso, Marcelo elenca algumas questões. O primeiro fator é entender que o ‘embedded finance’ não favorece só clientes, mas tem reflexo em toda a cadeia de stakeholders. “Todos os públicos de interesse podem se beneficiar com ecossistema financeiro mais fluido”, disse.
Outro ponto de atenção, na visão de Marcelo, é criar ambientes mais fluidos para uso de serviços financeiros, em que a fricção é mínima. É necessário ainda manter o foco no valor agregado ao serviço, não apenas nos lucros, citou. Ele dá como exemplo o ecossistema para digitalizar pagamentos que facilitou o dia a dia financeiro de cerca de dois milhões de caminhoneiros autônomos.
A Dock também impulsionou o projeto de ‘embedded finance’ da Bemol, varejista que atua na região Norte do Brasil. “O projeto da Bemol é um exemplo de inclusão financeira, atingindo cerca de 30 milhões de pessoas que estavam desbancarizadas na região Amazônica”, exemplificou o executivo.
As contas digitais são apenas a ponta do iceberg, segundo o ele. “Estamos falando de acesso a crédito e meios de pagamentos alternativos. É o novo paradigma do ganha-ganha”, afirmou. “Podemos reduzir riscos operacionais e diminuir o custo de aquisição de clientes. O ‘embedded finance’ aumenta a produtividade e favorece o desenvolvimento econômico”, completou ele.
Suzy Ferreira, fundadora e CEO da fintech Dinie, defende o conceito de ‘embedded banking’ e condena as relações unilaterais dos gerentes de bancos tradicionais com seus clientes. “A estrutura dos bancos tradicionais é a mesma desde o século 19. Você fala com um gerente que não entende do seu negócio”, argumentou.
Defensora da inclusão financeira, a empreendedora criou a Dinie para quebrar o paradigma do relacionamento entre pequenos empreendedores e o sistema bancário, sobretudo no acesso ao crédito. A fintech desenvolve infraestrutura para oferta de crédito e pagamentos B2B em plataformas de negócio.
“O modelo bancário de negócios precisa acompanhar a era moderna e se tornar mais inteligente”, afirmou.
*Suzana Liskauskas é a jornalista convidada pelo Finsiders para cobrir o Web Summit Rio.
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