Fintechs: o potencial dos dados e os movimentos do mercado

Renata Petrovic, head de inovação aberta do Bradesco, foi jurada no campeonato de pitches de fintechs do Febraban Tech e conta o que viu lá

Por Renata Petrovic*, exclusivo para o Finsiders
Já faz um tempo que as fintechs têm desempenhado um papel fundamental na transformação do setor financeiro, impulsionando a inovação e criando soluções disruptivas. E essa movimentação teve um papel importante também na Febraban Tech 2023. Durante o evento, tive a honra de participar como jurada de uma competição de pitches, na qual foram apresentadas diversas soluções promissoras voltadas para o desenvolvimento tecnológico deste setor.

Entre as 12 iniciativas apresentadas, os pilares dominantes foram as soluções focadas em inteligência no uso de dados. Duas vertentes foram destaques: a utilização de dados físicos/pessoais para proteção contra fraudes e cibersegurança e o uso dos dados financeiros disponíveis no sistema Open Finance para aprimorar as ofertas e recomendações para os clientes.

No primeiro caso, empresas voltadas para a segurança cibernética ganharam relevância, utilizando informações como geolocalização, identidade visual e biometria para aumentar a proteção dos usuários. Uma das startups, por exemplo, se sobressaiu ao oferecer análise de risco para transações Pix, garantindo a proteção tanto para pagadores quanto para recebedores.

Open Finance

Já no campo do Open Finance, seis soluções exploraram a aplicação de dados financeiros para melhorar o atendimento e disponibilizar produtos personalizados. Por meio do uso de diversas tecnologias, as startups mostraram que podem oferecer desde a captação de dados móveis para criar serviços mais adequados até a recomendação da portabilidade de produtos financeiros como previdência e crédito. Outra solução de destaque mostrou modelos preditivos que detectam mudanças de comportamento e consequentemente melhoram a relevância das ofertas aos clientes.

O leque de soluções apresentadas reflete em grande parte o desafio que as instituições financeiras enfrentam em transformar os dados captados por meio das plataformas de Open Finance em valor agregado para seus clientes. O Open Finance é o caminho para a hiperpersonalização dos serviços financeiros e para o melhor entendimento sobre seu próprio cliente. No entanto, ainda existem alguns obstáculos na captura e integração das informações, e é nesse ponto que observo o surgimento de diversas iniciativas focadas neste desafio.

Renata Petrovic, head de inovação aberta do Bradesco e do inovabra habitat. Foto: Divulgação
Renata Petrovic, head de inovação aberta do Bradesco e do inovabra habitat. Foto: Divulgação

O contínuo desenvolvimento das fintechs reforça a maturidade do ecossistema brasileiro. Após um período desafiador em 2022 em relação à disponibilidade de investimentos, hoje já enxergamos um mercado mais estável e ajustado. Quando falamos de setores de investimentos, o primeiro semestre de 2022 concentrou suas movimentações em startups de cibersegurança e em startups de pagamentos.

Já nos primeiros seis meses deste ano, o Brasil se mostrou alinhado às movimentações globais, sendo inteligência artificial (IA) o principal foco das aplicações. Globalmente, os investimentos em startups de IA ultrapassaram US$ 10 bilhões, com a participação de grandes players tecnológicos e grandes bancos, segundo estudo do Crunchbase.

Colaboração entre bancos e fintechs

A retração dos fundings em 2022 acabou impulsionando as parcerias entre startups/fintechs e grandes bancos, quer seja por meio de acordos comerciais para solucionar desafios específicos ou a evolução para aquisições parciais ou totais. Além disso, uma tendência que enxergo cada vez mais frequentemente são os bancos oferecendo seus produtos para fintechs, ou seja, a visão das startups como seus clientes.

Estes movimentos, impulsionados pela inovação aberta, são favoráveis para ambos os lados, e o mais importante: benéficos para as pessoas. A abordagem colaborativa é essencial para que novos produtos e tecnologias cheguem de maneira rápida e eficiente para o público final, aprimorando cada vez mais a sua experiência com os serviços financeiros.

*Renata Petrovic é head de inovação aberta do Bradesco e do inovabra habitat – ambiente de coinovação do banco. 

As opiniões neste espaço refletem a visão de founders, especialistas e executivo(a)s de mercado. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações apresentadas pelo(a) autor(a) do texto.

Leia também:

“Podem nos provocar à vontade”, diz presidente da Febraban a fintechs e bancos digitais

Fintechs avançam, mas rentabilidade é o grande desafio, diz BC

Money 20/20: os destaques de um dos maiores eventos de fintechs