Quando apresentamos a Kamino em uma matéria no ano passado, a startup se definiu como uma fintech, começando a sua oferta a partir de uma conta digital, de olho em startups. Passado um ano, ao conversar com os executivos da companhia, o cenário é um pouco diferente. Para a fintech, agora o foco é se firmar como uma plataforma de serviços de gestão financeira para PMEs.
“Hoje temos uma plataforma, que dá uma visão completa da gestão financeira, e tem um foco específico em pequenos e médios. Olhando para o mercado, empresas com serviços como os nossos ou estão buscando clientes maiores, ou tem uma proposta mais bancarizada”, explica Gonzalo Parejo, cofundador e CEO da Kamino, em entrevista ao portal parceiro Startups.
De acordo com o executivo, a parte de gestão, que envolve a entrega de insights, controles de governança e inteligência para conciliações, é uma camada extra em relação aos serviços oferecidos pela companhia quando se lançou ao mercado – e que ainda fazem parte do portfólio – como abertura de CNPJ, montagem de estrutura fora do Brasil, cartão de crédito e conta bancária, linha de crédito e serviço de transferência internacional de recursos.
“O problema que estou resolvendo é mais estratégico, e ninguém do nosso ramo está fazendo esse pitch, pois estão focados em vender seus produtos bancários”, dispara o CEO.
Para ilustrar esse posicionamento, a empresa apostou em uma plataforma agnóstica, permitindo que empresas utilizem os bancos de sua preferência, ou um pool de bancos, integrando e descomplicando a gestão destes recursos. “Se você tem uma solução que só olha um banco ou um cartão, não há como ter uma visão completa”, avalia.
Segundo Gonzalo, a empresa já investiu mais de R$ 4 milhões para desenvolver um software integrado aos principais bancos, que já auxiliou clientes a reduzirem a carga de trabalho em tarefas rotineiras em até 200 horas por mês. Startups como Azos, Kanastra e ISA são alguns deles.
Dinheiro no caixa
No ano passado, a Kamino levantou uma das maiores rodadas pré-seed vistas no país, captando US$ 6,1 milhões, em uma rodada liderada pelo fundo Inspired Capital, que também contou com a participação de fundos como Global Founders Capital, Fontes (fundo early-stage de QED Investors), Picus Capital, entre outros.
Com o aporte, a companhia lançou o chamado corporate service, com conta digital e cartão para empresas e, em 2023, incorporou a startup Nimbly, iniciando as operações de plataforma, com cartão e conta proprietários embarcados no sistema.
A aquisição da Nimbly se deu em março, com um investimento de R$ 4 milhões para incorporar a startup especializada na gestão e execução de pagamentos. Na época, a companhia afirmou que o objetivo com a compra era “facilitar a rotina dos departamentos financeiros, gerando mais controle, eficiência e inteligência”.
Com o foco renovado, o plano da Kamino é continuar buscando clientes de pequeno e médio porte, que segundo dados levantados pela própria fintech, representam mais de 5 milhões de CNPJs. “Por ora, não precisamos expandir internacionalmente, pois vemos muita oportunidade do Brasil. Hoje o objetivo é captar clientes e aumentar o volume de transações na plataforma, seja no nosso banco ou em outros”, avalia Gonzalo.
Quanto à saúde financeira do negócio, Gonzalo se mostrou tranquilo, afirmando que a operação está ainda bem com a rodada do ano passado. “Estamos com capacidade para navegar no cenário, e à medida que cumprirmos diferentes etapas, podemos ver com o calma o melhor momento para buscar o mercado”, aponta o CEO, fazendo menção a possíveis M&As no futuro. “Mas a gente tem que dar o exemplo, afinal, somos uma empresa de gestão financeira”, finaliza.
*Conteúdo publicado originalmente pelo portal parceiro Startups.
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