Por Camilla Aidar*, para o Finsiders
Às 22h do dia 15 de janeiro de 2024. A partir daí, nada de DOC tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. Também ficarão na história as operações de Transferência Especial de Crédito (TEC) realizadas exclusivamente por empresas para pagamento de benefícios a funcionários. O anúncio da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), feito em maio, não surpreendeu, mas vem provocando, ou melhor, impulsionando mudanças importantes no mundo dos negócios.
Segundo um levantamento da própria Febraban, as transações via DOC ficaram em último lugar na preferência dos brasileiros em 2022. O queridinho é fácil de adivinhar: o Pix, com 24 bilhões de transações concluídas no último ano. Na sequência, vêm o cartão de crédito (18,2 bilhões), o cartão de débito (15,6 bilhões), o boleto (4 bilhões), o TED (1,01 bilhão), o cheque (202,8 milhões) e, na lanterna, o DOC (59 milhões).
O desempenho ruim tem razão de ser: o DOC tem um limite máximo de valor para transferência (R$ 4.999,99), opera em marcha lenta (o valor cai na conta no dia útil seguinte ou em até dois dias úteis em caso de fins de semana, feriados ou se a operação acontecer após as 22h) e ainda é caro (algumas instituições financeiras cobram taxas altas para DOCs). Mas o que determinou o fim de uma era iniciada em 1985 pelo Banco Central foram as novas tecnologias. E elas, agora, ficam ainda mais fortes.
Novos hábitos
Com o e-commerce ganhando espaço nos hábitos de consumo e com os dispositivos móveis cada vez mais acessíveis para pagamentos, as empresas buscam alternativas mais ágeis e inovadoras para efetuar pagamentos. E, nesse ponto da conversa, quem volta a atrair os holofotes é ele, o Pix – instantâneo, gratuito e disponível 24/7.
O Pix é o principal meio de pagamento do país (88,7 milhões de usuários), mas quer mais: segue em ritmo de crescimento sustentável, conforme indica a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária de 2023 (24% em relação a 2021). Considerando especificamente o universo PJ, essa evolução pode ser mais gradual devido às adaptações necessárias nos sistemas, mas a Febraban estima que a preferência dos consumidores levará mais negócios a aderir ao método.
Tem mais personagens nessa história. O investimento em novas soluções tecnológicas, com a extinção do DOC, vem aumentando a integração de sistemas de pagamento com plataformas de gestão financeira das empresas. E isso traz dois benefícios claros: redução de erros manuais e melhora da eficiência operacional. Além disso, os sistemas modernos oferecem recursos avançados de segurança, como autenticação de dois fatores e criptografia, o que significa baixo risco de fraudes e roubos e alto nível de confidencialidade das informações financeiras.
Mais: com a modernização dos pagamentos, as empresas podem economizar em taxas e despesas administrativas, e reduzir a burocracia envolvida em transferências. Já do ponto de vista do cliente, opções de pagamento mais convenientes e rápidas resultam em uma experiência melhor, fortalecendo relacionamentos comerciais.
Em suma, o fim do DOC tem como causa – e ele próprio provoca – a adoção de soluções financeiras modernas no mundo corporativo, trazendo benefícios importantes em termos de agilidade, segurança e eficiência. Essa mudança não apenas atende às expectativas do mercado em constante evolução, mas também coloca as empresas em uma posição mais competitiva. E isso é decisivo para os próximos capítulos.
*Camilla Aidar é diretora de experiência do cliente da Vindi.
As opiniões neste espaço refletem a visão de founders, especialistas e executivo(a)s de mercado. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações apresentadas pelo(a) autor(a) do texto.
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