A estratégia da uFund, a fintech da previdência fechada

A empresa está na fase final de desenvolvimento de uma solução de gestão de carteira de empréstimos para as fundações, revela o CEO Alexandre Teixeira

No tradicional setor de previdência complementar fechada, a uFund aposta em tecnologia e inteligência de dados para transformar o relacionamento entre os fundos de pensão e seus participantes. A empresa — que se define como ‘prevtech’ ou ‘pensiontech’ — monta sites, aplicativos ‘white-label’ e chatbots transacionais. Também está na fase final de desenvolvimento de uma solução de gestão de carteira de empréstimos para as fundações. 

“A maioria das fundações tem dificuldade de atrair participantes da geração Z, por exemplo. As entidades precisam entender que o jogo mudou, e investir em tecnologia. Então, vimos a oportunidade de revolucionar a relação entre as fundações e os participantes por meio de canais digitais”, conta Alexandre Teixeira, CEO e cofundador da uFund, em conversa com o Finsiders.

Agora empreendedor, Alexandre foi managing director no Itaú BBA, onde trabalhou por 15 anos, e também ocupou o posto de diretor no banco Voiter (antigo Indusval). Além dele, são sócios da startup a plataforma de negócios BeeCap, a boutique de consultoria de negócios e regulatória Xsfera e a consultoria de inovação Questtonó

Oportunidade

Com mais de R$ 1,2 trilhão em ativos, o setor de previdência complementar fechada possui menos de 2% desse volume em operações de empréstimos a participantes. Pelas regras do setor, porém, os fundos de pensão podem destinar até 15% do patrimônio para empréstimos aos participantes. Ou seja, é aí que a uFund enxerga uma das principais oportunidades. “Muitas entidades não concedem por falta de equipes ou sistemas. E no caso daquelas que fazem empréstimos, a jornada do participante costuma ser ruim”, explica Alexandre.

Além de desenvolver os canais digitais e rodar as operações de crédito no app dos fundos de pensão, a uFund apoia as entidades na comunicação com seus participantes. “Ajudamos as fundações a entender, por meio dos dados, quem é o participante, quais as funcionalidades mais acessadas, entre outras informações”, diz o CEO.

Em operação desde março de 2022, a uFund está com dois clientes. Atualmente, utilizam as soluções da ‘prevtech’ a Néos Previdência, fundo de pensão da Neoenergia com mais de R$ 3,3 bilhões em recursos administrados e mais de 17 mil participantes, e a Energisaprev (do Grupo Energisa), com R$ 1,8 bilhão em ativos e cerca de 14 mil participantes. Conforme Alexandre, há um pipeline “bem aquecido” para o ano que vem.

Prevtechs avançam lentamente

Apesar dos grandes números da indústria de previdência complementar, tanto aberta quanto fechada, dá para contar nos dedos o número de fintechs nesse mercado. “As fintechs, como revolucionaram meios de pagamento, crédito digital e outros tantos serviços financeiros, vão causar uma revolução também em produtos de previdência”, aponta Carlos Augusto de Oliveira, diretor-executivo da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs).

De acordo com ele, o Open Finance, em conjunto com o Open Insurance, deve impulsionar negócios nesse segmento. “Em dois ou três anos, devemos ver um mercado mais evoluído e dinâmico. Mas é um movimento que começa devagar.”

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