Vórtx recebe autorização do Banco Central e esquenta competição entre fintechs de infra de crédito

Com a licença de SCD, a infratech integrará soluções de 'credit as a service' (CaaS) ao seu portfólio, diz o CEO Juliano Cornacchia

A Vórtx, fintech de infraestrutura para o mercado financeiro e de capitais, acaba de receber a licença de Sociedade de Crédito Direto (SCD). A autorização para funcionamento pelo Banco Central (BC) saiu nesta sexta-feira (15) no Diário Oficial da União. 

Na prática, o aval para operar como fintech de crédito regulada pelo BC amplia o leque de atuação da infratech. Em outras palavras, completa o chamado “ciclo do crédito”. Isso porque a Vórtx já tem autorização como distribuidora de valores e títulos mobiliários (DTVM), administradora, custodiante, escriturador e agente fiduciário. 

Em nota enviada em primeira mão ao Finsiders, a empresa informa que integrará ao seu portfólio soluções de ‘credit as a service’ (CaaS) para outras empresas que queiram atuar como bancos ou operadoras de crédito. “Tais soluções incluem infraestrutura de sistemas de cobrança, originação financiamentos, abertura de contas, pagamentos, emissões de cartão de crédito, entre outras”, afirma a companhia.

“As operações de securitização serão infinitamente mais rápidas e simples. O agente fiduciário é responsável por calcular e divulgar o preço dos papéis. Se a CCB que é lastro desse papel nasce aqui, tudo ficará mais rápido”, explica Juliano Cornacchia, cofundador e CEO da Vórtx. “Nossa proposta não é ir para ‘mar aberto’ com esse serviço, e sim atender a todos os clientes que já estão conectados conosco.”

Atualmente, com seu ecossistema, a Vórtx atende mais de 300 fundos com cerca de R$ 40 bilhões em patrimônio líquido (PL). Em dívida corporativa, são mais de 5 mil séries de papéis que somam aproximadamente R$ 650 bilhões. Toda essa cadeia consome os serviços de crédito de outros players do mercado. “Temos mais de 1 mil companhias conectadas aqui dentro que são nosso foco de atuação. Ou seja, é um mercado muito grande a ser explorado”, diz o CEO.

Movimentos

Em outra frente, a fintech trabalha com tokenização por meio da Vórtx QR Tokenizadora, uma joint-venture com a QR Capital no âmbito do sandbox da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Desde a fundação, em 2015, a Vórtx também vem fazendo aquisições e investimentos para complementar suas soluções e entrar em novos segmentos. Em 2019, comprou Vosasys BCInf, de soluções para o mercado financeiro. Dois anos depois, adquiriu a Simplific Pavarini. Há cerca de um ano, fechou a compra do Basement, plataforma de gestão de capables e programa de stock options. Já em maio deste ano, adquiriu a plataforma de cursos e conteúdo Capital Aberto

A infratech fez, ainda, aportes em três companhias: Investtools, que desenvolve tecnologia para gestores de investimento; Preparo, startup de contratações e recrutamentos; e Parfin, plataforma de infraestrutura para investimento em criptoativos.

Mercado

A autorização da SCD da Vórtx ocorre num momento de acirrada disputa na arena de backoffice e infraestrutura de crédito e mercado de capitais. A QI Tech, que começou pelo caminho inverso sendo a primeira SCD a operar, comprou no mês passado a tradicional corretora Singulare, especializada em FIDCs. Neste ano, também lançou o que chama de ‘DTVM as a service’, após receber aprovação de BC, CVM e Anbima.

A mineira Kanastra, por sua vez, nasceu em janeiro de 2022 com a proposta de simplificar e automatizar o ‘backoffice’ para produtos alternativos, como FIDCs, FIPs e veículos de securitização, como CRIs e CRAs. Além das licenças de gestora, administradora e securitizadora junto à CVM, a startup já tem aval do BC para também funcionar como SCD. 

“Também tem a tese dos players que estão desenvolvendo formas de trazer essa prática para um novo contexto tokenizado, dando um salto do ponto de vista de eficiência e custos. Liqi e Bloxs são alguns exemplos”, diz Bruno Diniz, especialista em inovação financeira e sócio da consultoria Spiralem.

SCDs também crescem

A figura de SCD, vale lembrar, é um dos modelos de negócio de fintech de crédito regulamentado pelo Banco Central em 2018, junto com a Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP). Ao todo, são 115 as SCDs autorizadas e outras 12 SEPs, de acordo com os dados disponíveis no site do BC.

Quem também recebeu aval para operar recentemente foi a Conta Simples, fintech de gestão de despesas que disputa mercado com a Clara, por exemplo.

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